No artigo anterior, publicado em maio na Revista Leite Integral, escrevi sobre o que fazer para promover a participação do empregado nas ações de melhoria dos processos. Dividi os trabalhos em 13 passos, sendo que um deles, o de número 9, era o de treinamento do empregado em uma nova forma de realizar o trabalho. Escrevi como mencionado a seguir: “O treinamento deve ser sempre realizado no local de trabalho da pessoa, pondo a mão na massa, ou seja, fazendo junto com o empregado. Todo treinamento deve utilizar vários métodos (visuais, escritos, explicações, práticas). Tenha como meta para o treinamento o desenvolvimento de mestres, ou seja, todos os empregados devem ser capazes de ensinar outras pessoas sobre como fazer as tarefas que eles realizam”.
1 - Faça um plano de treinamento, desdobrando o treinamento e o que se deseja ensinar em etapas bem definidas;
2 - Tenha tudo preparado – o equipamento, os materiais e suprimentos;
3 - Prepare o local de instrução exatamente como o empregado irá encontrá-lo no dia a dia. Não o treine teoricamente ou com a ajuda de slides;
4 - Escreva um procedimento operacional do trabalho procurando exemplificar os passos na forma de fotografias e com textos curtos, diretos e escritos na linguagem do operador.
Segunda parte:
1 - Prepare o operador.
Deixe-o à vontade. Explique o trabalho e procure descobrir o que ele já sabe sobre o assunto. Faça com que se interesse pelo aprendizado evidenciando o propósito do procedimento e como este pode afetar a rotina dele de modo favorável (por exemplo, diminuindo as ocorrências de mastite clínica, ou menos vacas sujas, etc;)
2 - Mostre como fazer o trabalho.
Explique e ensine cada passo separadamente. Enfatize cada passo chave. Mostre o que se espera do resultado do trabalho (por exemplo o que é um teto limpo ou uma mastite clínica). Instrua claramente, completamente e pacientemente, mas não mais do que ele é capaz de assimilar;
3 - Teste o aprendizado.
Deixe o empregado executar o trabalho. Peça que explique para você cada um dos passos escritos no procedimento operacional. Faça com que ele repita até que você tenha certeza que ele sabe fazer o trabalho;
4 - Acompanhe.
Peça para ele fazer o trabalho sozinho mas mostre a quem ele deve procurar para sanar dúvidas. Monitore o trabalho periodicamente. No início, várias vezes ao dia e vá espaçando à medida que ele dominar as tarefas. Documente o desempenho do funcionário de maneira que, no final, você possa fazer a monitoria somente uma ou duas vezes ao ano.
LEMBRE-SE: SE O EMPREGADO NÃO APRENDEU, O INSTRUTOR NÃO ENSINOU!
Algumas vezes encontramos resistência do empregado quanto ao treinamento. Observamos situações como as a seguir:
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Atitude: “Isto não trará nada para mim a não ser mais trabalho!”
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Problema: O que eu ganho com isto?
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Solução: Explique a missão e os valores da empresa. Explique os benefícios que o empregado terá com a execução correta dos trabalhos.
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Atitude: “Nós fazemos desta maneira há muito tempo e tem dado resultado!“
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Problema: Medo de mudar.
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Solução: Explique a necessidade da mudança a partir dos dados coletados e escute as preocupações.
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Atitude: “O chefe quer micro gerenciar tudo que eu faço.”
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Problema: Falta de poder.
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Solução: Encoraje as pessoas a participarem das decisões pedindo sugestões de como melhor executar determinada tarefa.
Esta técnica de capacitação de trabalhadores foi inicialmente desenvolvida por Charles Allen em 1944 para treinar os operadores da indústria bélica dos Estados Unidos durante a guerra. É, portanto, bastante antiga, mas tão poderosa, que se tornou a base do programa de treinamento da TOYOTA e uma das principais causas do sucesso da montadora. Será que estamos tornando nossos funcionários “mestres” no que fazem?