A padronização de processos, o preparo das equipes, a adequação das instalações e o monitoramento constante de indicadores de desempenho são ações fundamentais à gestão nesse período. Tudo isso ajuda a organizar as atividades, orientando os empregados na busca pelos resultados esperados.
Dimensionar a equipe corretamente para dar conta do trabalho é fundamental. É necessário acompanhar os partos dia e noite e com o grande número de vacas em trabalho de parto, os empregados que realizam essa função podem precisar fazer um grande número de horas-extra para dar conta da demanda. Tendo em vista a estimativa das horas trabalhadas na fazenda durante esta fase, o proprietário ou o gerente da fazenda podem estabelecer de que forma gerir essa situação: fazer o pagamento das horas-extra ou contratar funcionários temporários. Também é uma boa ideia consultar os funcionários: a transparência na gestão de pessoal estimula o bom relacionamento interpessoal e a satisfação dos colaboradores que tornam-se mais produtivos.
Outra solução para suprir essa demanda de pessoal é mexer nas equipes de operadores, para que alguns funcionários de outros setores se dediquem à supervisão das vacas em trabalho de parto. Com essa alteração, corre-se o risco de que alguns empregados passem a exercer funções que antes não faziam parte de sua rotina. Caso eles não tenham sido devidamente preparados para realizar essas tarefas, dificilmente conseguirão executá-las sem falhas.
Para evitar que o fluxo de trabalho seja prejudicado, cabe ao gestor da fazenda se antecipar. O primeiro passo nesse sentido é assegurar que todos os processos estejam corretamente mapeados e possam ser compreendidos por qualquer empregado que precise executar as tarefas envolvidas. Com isso, o treinamento se torna muito mais fácil, mas jamais pode ser deixado de lado. É preciso explicar com clareza às pessoas o que se espera como resultado do trabalho delas. Somente ao compreenderem por completo a importância do que fazem, elas serão capazes de se engajar na busca por esse resultado.
Outra questão que deve ser pensada antes da alta da taxa de parição é se a estrutura física da fazenda comporta adequadamente as vacas em trabalho de parto e os bezerros que vão nascer. Se, devido à falta de espaço adequado, ocorrer um maior número de doenças entre os bezerros, que tem um sistema imunológico mais frágil, todos os animais da fazenda ficam mais suscetíveis a doenças.
Com isso, aumentaria, consequentemente, a quantidade de antibiótico administrado, o que por sua vez implicaria na necessidade de alterações no protocolo de ordenha da fazenda: torna-se necessária uma atenção especial com as vacas encaminhadas para a ordenha, um maior descarte de leite, devido a resíduos de antibiótico, e existe um maior risco de queda no preço do leite comercializado devido a anomalias na análise química.
Como se vê, quando se trata de pico de parição, a palavra de ordem é planejamento -- uma das bases de todas as boas práticas de gestão. O ideal é que ao final do verão a equipe e a estrutura da fazenda estejam preparadas para vivenciar esse período. O objetivo deve ser aproveitar ao máximo a possibilidade de ampliar a produção, com os mesmos meios, garantindo maior rentabilidade ao negócio. Com a casa organizada, o sucesso é garantido.
* Diretor da Clínica do Leite, é professor da Esalq/USP, titular em Bovinocultura de Leite, com 43 anos de experiência em gestão de fazendas.