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Substituição de milho por polpa cítrica no concentrado de bezerros em aleitamento

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E CARLOS EDUARDO OLTRAMARI

CARLA BITTAR

EM 23/10/2013

5 MIN DE LEITURA

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A polpa cítrica é frequentemente incluída nas dietas de ruminantes como uma fonte de energia de alta disponibilidade e normalmente baixo custo, visto que a época de maior oferta da polpa cítrica coincide com a entressafra do milho (maio a janeiro), onde este atinge sua cotação máxima. Este co-produto apresenta altas concentrações de pectina, FDN, FDA e cálcio, além de apresentar NDT correspondente a 95% daquele observado no milho (NRC, 2001).

Estudos que avaliam a substituição do milho por polpa cítrica têm sido amplamente desenvolvidos para bovinos de corte e leite. No entanto, há poucos trabalhos testando este co-produto no concentrado de animais em aleitamento. Este ingrediente poderia auxiliar na redução de ocorrência de diarréias em animais bem jovens, ainda com o rúmen não funcional, uma vez que a pectina não seria utilizada. Por outro lado, quando os animais iniciassem o desenvolvimento ruminal, com consumos mais expressivos de alimento concentrado, a pectina poderia auxiliar na manutenção do pH ruminal, que devido a sua variação, resulta em consumo de concentrado bastante inconstante.

Assim, um estudo desenvolvido no Bezerreiro Experimental da ESALQ/USP teve como objetivo avaliar níveis crescentes de polpa cítrica em substituição ao milho no concentrado inicial sobre o desempenho e metabolismo de bezerros leiteiros.

Para este estudo foram utilizados vinte e quatro bezerros machos recém-nascidos, da raça Holandês, os quais foram colostrados de acordo com as recomendações. Os bezerros foram alimentados com 4 L/dia de sucedâneo lácteo (Sprayfo Violeta® 20PB:16EE) com 12,5% de sólidos, divididos em duas refeições, às 07 e 17 horas. Os animais tiveram livre acesso à água e ao concentrado inicial durante todo período experimental, que foi de oito semanas.

Os animais receberam concentrados com composição diferente de acordo com o nível de inclusão de polpa cítrica peletizada (PC) em substituição ao milho em grão moído (Tabela 1).



O consumo de concentrado foi monitorado diariamente e os animais pesados semanalmente. O escore fecal foi avaliado de acordo com sua consistência: (1) firme; (2) pastosa; (3) mole; (4) aquosa; (5) fluída. Amostras de sangue foram colhidas semanalmente para determinação de alguns metabólitos indicativos de desenvolvimento ruminal. Amostras de fluido ruminal foram colhidas na quarta, sexta e oitava semana de vida do animal, por via oro esofágica, para determinação de ácidos graxos de cadeia curta e N-amoniacal.

O consumo de concentrado não foi afetado pelos tratamentos (P>0,05). Mesmo com coloração escura e odor cítrico, não houve problemas de adaptação e aceitação do concentrado contendo 50 ou 100% de polpa cítrica em substituição milho, sugerindo não haver queda na palatabilidade. Outros pesquisadores também relataram similaridade no consumo de concentrado em dietas contendo polpa cítrica em substituição ao milho na dieta de bezerros, novilhos, ovinos e caprinos.



Como pode ser observado na Figura 1, o consumo de concentrado aumentou (P<0,001) com o avanço da idade do animal, fator esse importante para que o desaleitamento possa ser realizado de maneira satisfatória. De acordo com a literatura, animais que consumirem 700 g/dia de concentrado inicial durante três dias consecutivos podem ser desaleitados sem haver prejuízos no desempenho. Outro aspecto importante relacionado ao consumo adequado de concentrado ao desaleitamento é a sua alta relação com o potencial de produção de leite futura.


Figura 1 - Consumo de concentrado (g/dia)

O ganho de peso diário e o peso vivo não foram afetados (P>0,05) pela inclusão de polpa cítrica (Tabela 2), havendo aumento significativo com o avanço da idade (P<0,001) para estas variáveis (Figura 2 e 3). Esses resultados eram esperados, visto que o consumo de concentrado também apresentou efeito de idade e não diferiu entre tratamentos ao longo do período experimental.


Figura 2 - Peso vivo de bezerros (kg)


Figura 3 - Ganho de peso diário (g/dia)

A substituição de milho por polpa cítrica no concentrado inicial de bezerros leiteiros não afetou o escore fecal (Figura 4). No entanto, houve diminuição significativa (P<0,001) do escore fecal com o avanço da idade dos animais. De acordo com a literatura, animais apresentando escore fecal acima de 2 são considerados como acometidos por diarreia. Pode-se observar que todos os tratamentos apresentaram valores acima de 2 na terceira semana de vida, demonstrando maior incidência de diarreia nessa fase. Entretanto, os valores de escore fecal ficaram abaixo de 3, evidenciando que a ocorrência de diarreia nos animais não foi grave, refletindo o adequado manejo sanitário.


Figura 4 - Escore fecal de bezerros

A partir da quarta semana as ocorrências de diarreia diminuíram, sendo que na sexta, sétima e oitava semana o escore fecal de todos os tratamentos manteve-se abaixo de 2. Esses resultados eram esperados, visto que o consumo de concentrado, independente do tratamento, aumentou significativamente (P<0,05) com a idade dos animais. A elevação na ingestão de dieta sólida favorece a prevenção de diarreias, enquanto o consumo de grandes quantidades de leite ou sucedâneo lácteo pode contribuir para maior incidência de escore fecal elevado.

Quanto aos parâmetros ruminais, também não houve efeito da substituição de milho por polpa cítrica no concentrado de bezerros em aleitamento para todos os parâmetros a exceção do ácido butírico (Tabela 4). A literatura já havia mostrado que dietas contendo inclusão de polpa cítrica não causam alteração no pH ruminal. O principal AGCC gerado pela fermentação da polpa cítrica é o acetato, enquanto o propionato é o principal produto da fermentação do amido. No presente estudo estes ácidos não foram alterados pela substituição de milho por polpa cítrica.



A produção de butirato, aliada a alta concentração de propionato, está normalmente associada ao maior crescimento das papilas ruminais e, portanto, preparo fisiológico do animal para absorção de produtos da fermentação (principalmente AGCC) gerados a partir de dietas sólidas, permitindo o desaleitamento sem queda no desempenho.

Muitos trabalhos utilizam parâmetros sanguíneos como indicativos do desenvolvimento ruminal, uma vez que quando este passa a ser funcional as concentrações de glicose diminuem enquanto as de β-hidroxibutirato se elevam. A Tabela 5 mostra que não houve efeito da substituição de milho por polpa pare estes parâmetros, mas que a idade dos animais alterou suas concentrações, sempre em resposta ao consumo de concentrado inicial.



O trabalho concluiu que a substituição de 50 ou 100% do milho por polpa cítrica no concentrado de bezerros em aleitamento não altera o desempenho e contribui para um maior desenvolvimento do trato digestório superior. Assim, é um ingrediente que pode ser utilizado considerando-se seu preço competitivo em comparação ao milho de acordo com a região da propriedade.

Referência

OLTRAMARI, C.E. 2013. Susbstituição do milho por fontes alternativas de energia no concentrado de bezerros leiteiros: desempenho e metabolismo. Tese Doutorado. ESALQ/USP. 117P.
 

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CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

CARLOS EDUARDO OLTRAMARI

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SILVIA RODRIGUES

JUARA - MATO GROSSO - ESTUDANTE

EM 25/03/2015

Matéria muito interessante, uma pena que o criador de bovino ainda não está tão aberto assim a novas proposta de alimentação, acham que apenas o tradicional pode trazer resultados satisfatório, e acabam deixando passar novas proposta como essa da polpa cítrica!
ALEXANDRE STOCKLER BOJIKIAN

UBERABA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/11/2013

Antes, parabéns pela matéria.

Concordo com o comentário do Eltony, dentre os fatores nutricionais e funcionais para o animal jovem da polpa cítrica, o que o produtor de leite, principalmente, deve levar em conta é o fator financeiro desta substituição aliado ao desempenho do animal, pois é fato e a matéria mostra isso, quanto mais cedo estes animas forem desaleitados menor será o custo de produção destes animais gerando um melhor retorno da atividade de cria e recria,
ELTONY DE ALMEIDA LEÃO

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/10/2013

Muito interessante esse resultados e com possibilidades de redução de custo efetiva dentro do processo de produção de  leite, visto que a dieta de bezerros tem um custo considerável e é uma categoria que não ajuda e pagar os custos operacionais. É um investimento para o futuro da propriedade, e em certas épocas do ano essa custo se torna alto. Mais uma opção para o produtor de leite alimentar melhor os animais jovens de suas propriedades e sem perder o desempenho dos animais.

Parabéns.     

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