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Colostro suplementar e a saúde e desempenho dos bezerros

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E ANA PAULA DA SILVA

CARLA BITTAR

EM 30/05/2017

5 MIN DE LEITURA

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Recentemente, a indústria pecuária tem sido encorajada a reduzir o uso de antibióticos na produção animal. É clara a preocupação com o desenvolvimento de bactérias de origem animal que apresentam resistência aos antibióticos utilizados na medicina humana. Entretanto, no manejo sanitário pecuário, a morbidade e mortalidade por doenças infecciosas ainda é uma causa comum de perdas econômicas para os produtores. Portanto, desenvolver alternativas aos antibióticos para minimizar as perdas associadas com doenças infecciosas é uma necessidade evidente da indústria pecuária.

O colostro bovino tem sido utilizado com êxito na medicina humana como uma terapia alternativa aos antimicrobianos no tratamento de doenças infecciosas do trato gastrointestinal. Isso se deve às propriedades antibacterianas e antivirais dos componentes do colostro bovino, tais como a lactoferrina e as citocinas pró-inflamatórias. Anticorpos específicos contra patógenos infecciosos contidos no colostro materno fornecem proteção ao bezerro recém-nascido durante os primeiros meses de vida e são importantes preditores de saúde e desempenho dos bezerros.

Desta forma, o objetivo da pesquisa conduzida por Chamorro et al. (2017) foi avaliar os efeito de uma dose suplementar de 150 g de substituto de colostro fornecido juntamente com o sucedâneo, durante os primeiros 14 dias de vida, para avaliar a ocorrência de doença, administração de antibiótico e parâmetros de desempenho de bezerros leiteiros durante o aleitamento com adequada transferência de imunidade passiva.

Para a pesquisa, foram utilizadas 202 bezerras da raça Holandesa com 1 dia de idade e todas com adequada transferência de imunidade passiva (IgG sérica >10 g / L). Após a chegada, as bezerras foram distribuídas em 2 tratamentos: Grupo controle (n= 100), recebendo sucedâneo sem suplementação de substituto de colostro. Grupo suplementado (n = 102), recebendo sucedâneo + substituto de colostro em pó (150 g de colostro bovino em pó contendo 32 g de IgG), duas vezes por dia durante os primeiros 14 dias de vida.

Os parâmetros clínicos avaliados foram: respiração, consistência fecal, depressão, umbigo e articulações. O tratamento com antibiótico foi realizado quando os parâmetros clínicos apresentaram-se anormais. Registrou o tipo de antibiótico e o número total de doses de antibióticos administradas (Tabela 1).

Tabela 1. Estatística descritiva do tratamento de antibiótico de acordo com a suplementação ou não de colostro.

suplementação com colostro
Sucintamente para o grupo de animais suplementados, as probabilidades de apresentar escore fecal, respiratório, depressivo e umbilical anormais foram 0,15; 0,46; 0,21; e 0,18 vezes, respectivamente, as probabilidades de bezerras do grupo controle (Tabela 2). Assim, as bezerras do grupo suplementado apresentaram menor probabilidade de apresentar escore fecal, respiratório, depressivo, umbilical e de articulação anormal em comparação com as bezerras do grupo controle (Tabela 2).

Tabela 2. Índice de Probabilidades para escores fecal, respiratório, depressão, umbilical e avaliações clínicas conjuntas em bezerros.

suplementação com colostro
¹ n = número de medições (registado a partir de 202 bezerras observados de d 0 a 56)
2IP = Índice de probabilidade

Da mesma forma, a probabilidade de receber tratamento com antibióticos foi de 18,8% para animais suplementados com colostro e de 76,5% para animais do grupo controle. Para as bezerras suplementadas com colostro, a probabilidade de receber 1 ou mais doses de antibióticos foi 89% inferior aquela observada para animais controle.

O fracasso na transferência da imunidade passiva é um dos fatores de risco e preditores mais importantes da morbidade e mortalidade dos bovinos de leite. As concentrações séricas de IgG no primeiro dia de vida foi de 23,6 e de 22,8 mg/dL para animais suplementados e controle, respectivamente (Tabela 3). O nível médio de IgG sérica na chegada à instalação de criação de bezerros de ambos os grupos foi maior que os níveis propostos para que a transferência de imunidade passiva seja considerada "excelente" (15 mg/dL).

Nestas condições de transferência de imunidade passiva bem sucedida, a IgG sérica média à chegada não teve um efeito significativo na mortalidade, na apresentação de escores clínicos anormais ou no tratamento com antibióticos. A mortalidade neste estudo foi baixa (1,48%) possivelmente devido aos altos níveis de IgG sérica encontrados em todas as bezerras no início do estudo. No entanto, muitos animais do grupo controle apresentaram diarreias e vários apresentaram problemas respiratórios. Estes dados sugerem que a imunidade derivada da mãe nem sempre protege contra os desafios infecciosos na superfície da mucosa do trato entérico e respiratório.

Tabela 3.
Concentração sérica de IgG no primeiro dia de vida e ganho de peso diário durante período de aleitamento.

suplementação com colostro

O fornecimento de aproximadamente 30% (150 g de pó de IgG a 14%) de um substituto do colostro duas vezes ao dia durante os primeiros 14 dias de vida exerceu efeito protetor contra a diarreia (escore fecal anormal), doenças respiratórias (escore respiratório anormal), aumento das estruturas umbilicais e tratamento com antibióticos em bezerros leiteiros reduzindo o risco de diarreia, doença respiratória e aumento umbilical. Adicionalmente, os bezerros suplementados tiveram um número total reduzido de doses de antibióticos administradas em comparação com o grupo controle.

Os substitutos de colostro têm sido defendidos como alternativa para evitar falhas na transferência de imunidade passiva em bezerros quando a disponibilidade de colostro materno é baixa ou quando a qualidade do colostro materno é comprometida devido a baixos níveis de IgG ou à presença de patógenos transmitidos pelo colostro. Com base nos resultados deste estudo, os substitutos de colostro podem também ser utilizados como suplemento da dieta líquida, seja no leite ou no sucedâneo para diminuir a ocorrência de doenças e a necessidade associada de tratamento com antibiótico em bezerros leiteiros em aleitamento, independentemente do seu status na transferência de imunidade passiva.

Mais informações sobre aleitamento de bezerros podem ser encontradas em um curso online exclusivo para assinantes do EducaPoint. Acesse: aleitamento-bezerras e confira.

Referências bibliográficas

CHAMORRO, M. f.; CERNICCHIARO, N. HAINES, D. M. Evaluation of the effects of colostrum replacer supplementation of the milk replacer ration on the occurrence of disease, antibiotic therapy, and performance of pre-weaned dairy calves. Journal of Dairy Science, v. 100 n. 2, p. 1378–1387. 201.

Comentários

Os benefícios do fornecimento prolongado de colostro para bezerros durante o aleitamento não é novidade. Vários estudos já haviam mostrado efeitos interessantes na saúde e consequentemente no desempenho de animais suplementados com colostro (ou mais especificamente leite de transição) durante as primeira semanas de vida. Embora os animais não tenham mais a capacidade de absorver anticorpos, seu fornecimento suplementar auxilia na imunidade local (intestino), sendo importante para animais que têm as diarreias como principal causa de morbidade e mortalidade. No entanto, o fornecimento durante por volta de 14 dias não é comumente realizado por produtores devido a baixa e variável disponibilidade de colostro e leite de transição nas propriedades. Com a entrada de vários produtos comerciais no mercado nacional, seja suplemento ou substituto de colostro, o produtor tem agora tecnologia disponível não só para adequar problemas na transferência de imunidade passiva, mas também para fazer fornecimento suplementar. O trabalho mostrou que mesmo em animais com adequada imunidade, a suplementação pode trazer benefícios reduzindo a probabilidade do animal apresentar diarreias, assim como a de receber tratamento com antibióticos. 
 

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

ANA PAULA DA SILVA

Mestranda em Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP

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LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/06/2017

Top demais, por acaso esse Suplemento de Colostro é o mesmo que uma Empresa que trabalha com Genética está Importando ?
ANA FLÁVIA DE MORAIS S. R.E ANDRADE

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 01/06/2017

Muito interessante saber que o substituto do colostro pode ser usado pra diminuir a incidência de doenças nos bezerros! Podemos abaixar o custo com medicamentos (além de diminuir o uso de antibióticos, o que é positivo por si só) e aumentar o bem estar dos animais.



Parabéns pelo artigo!!



Abraços, professora Carla e Ana Paula!



Ana Flávia Morais.

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