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Bezerros em aleitamento intensivo podem se beneficiar pelo acesso a feno de gramíneas

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E MARÍLIA RIBEIRO DE PAULA

CARLA BITTAR

EM 21/07/2011

5 MIN DE LEITURA

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O interesse em programas que possibilitem a aceleração do processo de criação de animais de reposição tem aumentado, principalmente devido ao pouco retorno financeiro relacionado a estes animais durante os primeiros anos de vida e a crescente demanda nos sistemas de produção de leite.

O sistema de manejo de alimentação de bezerras mais comumente empregado por produtores de leite baseia-se no fornecimento de leite integral, normalmente leite descarte, ou substituto de leite (sucedâneo) diluído a 12,5% de MS, fornecidos no volume de 10% do peso vivo da bezerra (normalmente 2 litros), em duas refeições. Entretanto, esta quantidade padronizada, muitas vezes atende apenas as exigências de manutenção, não permitindo altas taxas de crescimento.

Estudos recentes mostraram que o crescimento de bezerras no período de aleitamento pode ser melhorado quando os animais são alimentados com maiores quantidades de dieta líquida durante este período. Entretanto, o fornecimento de maiores volumes de dieta líquida reduz o consumo de ração concentrada o que pode atrasar o desenvolvimento ruminal, transformando o desaleitamento em um desafio. Pesquisas mostram que neste tipo de manejo alimentar, o desaleitamento gradual é mais indicado, permitindo bom desempenho animal na fase subseqüente.
O fornecimento de volumosos na fase de aleitamento tem sido desencorajado devido à possibilidade de substituição do consumo de concentrado e a falta de efeitos diretos no desenvolvimento ruminal. Como os dados encontrados na literatura referem-se à animais que recebem feno e ingerem quantidades entre 4 e 5L de leite/dia, pesquisadores canadenses realizaram estudo com animais recebendo leite na proporção de 20% do peso ao nascer (em média 8L/ dia), concentrado e feno, objetivando-se o maior desenvolvimento ruminal destes animais através do estímulo mecânico.

Neste estudo foram utilizados 30 animais (20 fêmeas e 10 machos), alojados em abrigos individuais, por um período de 70 dias (o desaleitamento ocorreu aos 56 dias). Os animais receberam leite em um sistema programado de aleitamento (4L leite/dia nos dois primeiros dias de vida, 8L leite/dia do 3º ao 35º dia de vida, 4L leite/dia do 35º ao 53º dia de vida e 2L leite/dia do 54º ao 56º dia de vida), para encorajá-los a consumirem concentrado durante o período de aleitamento. Os animais foram divididos em dois tratamentos:

1) Controle: Sem acesso a feno
2) Feno: acesso livre a feno.

Todos os animais tiveram acesso livre ao concentrado e água. Os animais foram avaliados quanto ao peso e medidas corporais, assim como consumo de concentrado e feno. Aos 70 dias, os machos foram sacrificados e o aparelho digestório avaliado.

As Figuras de 1 a 3 mostram o consumo de concentrado, feno e de matéria seca total, respectivamente, durante as primeiras 10 semanas de vida. Conforme pode ser observado, o consumo de concentrado foi similar entre os tratamentos até a 5ª semana, havendo uma tendência de maior consumo para os animais sem acesso a feno. No entanto, devido ao consumo de feno, os animais com acesso ao volumoso apresentaram maior consumo total de matéria seca a partir da 6ª. semana. Esta tendência também foi observada no peso vivo dos animais (Figura 4). No entanto, nenhuma diferença foi observada nas medidas corporais.



Figura 1. Consumo de concentrado por bezerros em aleitamento intensivo sem (C) e com acesso livre a feno (F) durante as 10 primeiras semanas de vida.



Figura 2. Consumo de feno por bezerros em aleitamento intensivo durante as 10 primeiras semanas de vida.



Figura 3. Consumo de matéria seca total por bezerros em aleitamento intensivo sem ou com acesso livre a feno durante as 10 primeiras semanas de vida.

As diferenças observadas a partir da 5ª semana de vida estão associadas ao manejo alimentar, com redução no volume de dieta líquida fornecida, garantindo bom consumo de concentrado por ocasião do desaleitamento. De maneira oposta ao observado em outros estudos, os animais não substituíram o consumo de concentrado pelo consumo de feno, o que muitas vezes pode reduzir o desempenho animal devido ao menor valor nutritivo do volumoso. No presente trabalho, o alto fornecimento de dieta líquida garante o atendimento da exigência dos animais fazendo com que os animais não dependam tanto do consumo de dieta sólida durante as 5 primeiras semanas. Assim, o consumo de feno não interfere de forma negativa no desempenho animal.



Figura 4. Peso vivo de animais em aleitamento intensivo sem ou com acesso a feno durante as 10 primeiras semanas de vida.

Quanto as avaliações do trato digestório superior, não foram observadas diferenças a não ser por retículo-rúmen mais pesados em animais com acesso livre a feno. Peso corporal sem a digesta foi similar em ambos os tratamentos, contraria a idéia de que os maiores pesos observados para animais com acesso a feno fossem resultado de enchimento do trato com o volumoso consumido. O consumo de feno é sempre responsabilizado por reduzir o ganho de peso dos animais tendo em vista seu menor valor nutritivo. Entretanto, este estudo mostra que o fornecimento de feno, para animais recebendo maiores volumes de leite, não afeta de forma negativa o desempenho ou o desenvolvimento ruminal.

A média de pH ruminal foi maior nos bezerros que receberam feno, devido ao aumento no consumo de feno entre as semanas 6 e 10 (Tabela 1). Os parâmetros metabólicos indicativos de desenvolvimento ruminal também não foram afetados pelo acesso a feno por bezerros em aleitamento intensivo.

Tabela 1. Dados de ingestão, desempenho e parâmetros ruminais de bezerros em aleitamento intensivo alimentados com ou sem feno picado.



Como conclusão, o fornecimento de feno picado para bezerros alimentados com altos volumes de leite pode promover a ingestão de alimentos sólidos e ser benéfico ao desenvolvimento ruminal, sem afetar o ganho de peso vivo.

Referências:

M. A. Khan , D. M. Weary , and M. A. G. von Keyserlingk. Hay intake improves performance and rumen development of calves fed higher quantities of milk. J. of Dairy Science, n.94, p.3547-3553, 2011.

Comentários
Embora a recomendação atual de manejo alimentar de bezerras seja o não fornecimento de feno, vimos neste trabalho que em sistemas de aleitamento intensivo os animais podem se beneficiar quando tiverem acesso livre ao feno. O trabalho mostra que em sistemas de aleitamento programado, uma vez que a manutenção é atendida plenamente, sobrando ainda energia e proteína para garantir bom desempenho, o consumo de feno só é significativo a partir da 6ª. semana. Nesta situação, o feno só passa a fazer parte considerável da dieta do animal quando o fornecimento deleite é reduzido. Assim, com o aumento de consumo de concentrado e de feno, resultando em maior consumo de matéria seca total, os animais acabam apresentando algum aumento no peso corporal. Além disso, é provável que o acesso a feno possa auxiliar na saúde ruminal, principalmente quando o concentrado fornecido tem alto teor de amido e baixo teor de fibra. Os efeitos do fornecimento de feno para animais em aleitamento intensivo precisam ser mais estudados, mas caso seja adotado lembre-se que este deve ser de alta qualidade.

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

MARÍLIA RIBEIRO DE PAULA

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CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 29/08/2011

Caro Ricardo,

O alto consumo de água próximo ao fornecimento de leite pode atrapalhar um pouco a formação do coágulo e assim afetar de forma negativa a digestão do leite. Temos observado que alguns animais, alimentados através de balde principalmente, mas também aqueles com mamadeira, podem ter consumo depravado de água devido ao estímulo da mamada. Assim, o ideal é restringir o acesso ã a gua pelo menos 20 minutos após o fornecimento do leite. Esse tempo é suficiente para que o animal perca o estímulo e não tenha esse consumo desregulado de água.

Att.,

Carla.
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 29/08/2011

Caro Fábio,

nunca vi esta prática de fornecimento de farinha de trigo...O que sempre se recomenda é o fornecimento de um concentrado inicial balanceado em termos de energia, proteína e também minerais. Quando se fornece somente farinha de trigo não se tem esse balanceamento de acordo com  a exigência dos animais. Além disso, devido ao fato de ter tamanho de partícula bastante reduzido deve resultar em problemas relativos a saúde ruminal. Também, o alto teor de amido (aproximadamente 70%) pode ser um proplema e deve resultar em baixo consumo ou consumo bastante errático. Pessoalmente não adotaria esta prática, mesmo que a farinha tivesse custo bastante reduzido.

Att.,

Carla.
RICARDO SCHMIDT DIAS -

PRESIDENTE GETÚLIO - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/08/2011

Carla, quanto ao consumo de água por bezerras em aleitamento, há problemas se este consumo for seguido da ingestão de leite? Quanto tempo antes e após a ingestão de leite deve ser privada a ingestão de água?
FABIO JOSE DA SILVA

ABAETÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/08/2011

Carla,



o que vc fala sobre o uso de farinha de trigo (300 gramas dia) fornecido junto ao leite apartir  da segunda semana de vida.

produtores de leite da minha regiao estao usando como forma de acelerar o ganho de peso da bezerra.

na minha fazenda, cheguei  usar, porem nao vi resultados, e aumentou a diarreia



att

fábio
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 22/08/2011

Claudio,



O fornecimento de silagem de milho para bezerras ainda em aleitamento não tem sido recomendada por alguns motivos:

O consumo de silagem para animais ainda em aleitamento não é recomendado por alguns motivos:

1) Baixíssimo consumo voluntário: assim como ocorre com o fornecimento de feno, você vai observara mais perda de volumoso do que consumo propriamente dito.

2) o material sofre aquecimento resultando em recusa

3) a qualidade do volumoso nem sempre é boa o suficiente para promover bom crescimento

4) a possibilidade de presença de uréia. Animais jovens não devem receber uréia pois não tem o rúmen em completo funcionamento.



Att.,

Carla.

CLÁUDIO HENRIQUE OLIVEIRA DE CARVALHO

CÁSSIA - MINAS GERAIS

EM 21/08/2011

Bom dia, Carla.



Temos observado muito, em alguns manejos, o uso de silagem de milho desde as primeiras semanas de vida. Acredito que o teor de amido nestas dietas pode estar alto, apesar de, muitas vezes, o cunsumo ser relativamente baixo, não acha? Mesmo porque, nestes mesmos manejos, usam-se rações comerciais, à base de milho, farelo de soja, farelo de trigo.

O que pensa sobre o uso deste volumoso na fase inicial?



Att.,



Cláudio.
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/08/2011

Lucas,

Nunca li nenhum trabalho com a relação do fornecimento de feno e torção de abomaso. Acho pouco provável que exista relação positiva entre esses dois fatores considerando que o fornecimento de feno aumenta o tamanho do rúmen, além de seu enchimento.

De qualquer forma, vou fazer uma busca pra ver se existe algum material a esse respeito.

Att.,

Carla.
LUCAS PONCIO

PALMEIRA DAS MISSÕES - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 16/08/2011

Olá,

Gostaria de saber se tens conhecimento de algum estudo que foi feito, provavelmente nos Estados Unidos ou Canadá o qual os autores afirmam existir correlação positiva entre fornecimento de feno a terneiras durante o período de aleitamento com possíveis torções de abomaso quando o animal atinge a idade adulta.



Att,



Lucas  
CARLA MARIS MACHADO BITTAR

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 16/08/2011

Caro Gustavo,

Concordo plenamento com seu comentário. Ao desaleitamento não se tem muita preocupação com o tamanho do rúmen, que indica a capacidade de consumo do animal; e sim com o desenvolvimento do ponto de vista anatômico-fisiolígico da parede interna, o que garante que o animal está pronto para ser desaleitado e manter taxas de crescimento adequadas consumindo apenas dieta sólida.

Abs.,

Carla
GUSTAVO SALVATI

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/08/2011

Neste experimento deveria ter sido avaliado também proporção de papilas no rúmen para cada dieta....... pois maior peso de rúmen não significa nada. Apesar dos animais apresentar ganhos de pesos similares, tem que se analisar o custo da dieta.





Att,

Gustavo

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