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Você está preparado para ser um técnico ou produtor do futuro?

COWMED - TRADUZINDO A OPINIÃO DA VACA

EM 26/02/2021

5 MIN DE LEITURA

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Quem serão os protagonistas do leite no Brasil (técnicos e produtores) no futuro? Muito mais próximos das vacas, mas de longe!!

Passei os últimos 40 anos entre a academia das Ciências Rurais e pecuaristas. Assim como eu, muitos técnicos da minha geração viveram na infância a filosofia extrativista de produção pecuária, e depois quase adultos, foram treinados na filosofia produtivista que tomou conta do Brasil nas décadas de 70 e 80, junto com o desenrolar da nossa “revolução agrícola”. Hoje assisto a filosofia evolucionista crescer a passos largos no agro brasileiro.  Convivo diariamente com 2 subgrupos de uma geração de jovens que está “saindo do forno” e ansiosa por entrar no mercado. 

De um lado, jovens produtores que assumiram a propriedade, ou filhos de produtores entrando no processo de sucessão. Este é o retrato humano de uma infinidade de fazendas leiteiras no Brasil, mas principalmente nos 3 estados do sul, que tem base produtiva familiar muito próxima ao sistema europeu. Estes jovens, que carregam “leite nas veias”, não se subjugam à queixa de gerações anteriores de que “leite é escravidão”. Eles estão abraçando um sistema de produção moderno e a tecnologia 4.0 que cada vez mais, oferece possibilidades de um trabalho menos braçal! Estes que descobriram que qualidade de vida é trabalhar com vacas, que desenvolveram aquilo que chamo de “orgulho leiteiro”.

Figura 1 - Propriedade WBR, sucessão familiar aliada a capacitação técnica e alta tecnologia de monitoramento por colares

 

Do outro lado temos uma geração de técnicos egressos da única coisa que não mudou no mundo nos últimos 100 anos, o sistema educacional.  Continuamos a ensinar da mesma forma, dando completa ênfase ao produto (conteúdo, tecnologias) e praticamente nenhuma importância aos anseios do cliente (aluno). Com isso, a vida acadêmica é voltada para a formação de um produto (conhecer tecnologias, equipamentos, programas, línguas, publicações).  Em resumo, acumular “hard skills”, acreditando que isso será suficiente para o sucesso profissional, com todo e qualquer cliente. Repetindo o lema ultrapassado de décadas anteriores onde: “produzir é o que importa!!”.

Hoje estimamos que em menos de 30 anos, 80% das atividades médicas serão realizadas por máquinas!  Não vejo nenhum motivo para crer que será diferente na pecuária.  Os processos de análise fenotípica, cálculo de dieta, tratamentos clínicos, biotécnicas e exames reprodutivos, cirurgias serão automatizados, realizados pelo pessoal operacional, ou, simplesmente cairão em desuso. A coleta de dados e geração de índices que hoje ainda é feita por técnicos também será automatizada. Com todo este trabalho “artístico-braçal” sendo automatizado, a atividade de um técnico na propriedade será cada vez mais “pessoal e intelectual”. Pois o cliente já tem os dados, já conhece o problema, já conhece o tratamento, já tem uma meta, e pode sim encontrar uma “receita de bolo” na internet. Mas este cliente está cada vez mais exigente, ele quer análise, protocolos, soluções para “as suas vacas”, não para as vacas dos outros.  Para entender e atender este cliente são necessários “soft skills”, que a academia não ensina. E isso vale para toda e qualquer atividade que passar por automação!!

O Médico Veterinário, até pouco tempo atrás apenas um “curador de doenças”, assumiu a lógica produtivista usando a antiga desculpa de que se uma vaca está produzindo e reproduzindo ela tem bem estar e é feliz. Hoje, com taxas de morbidade próximas aos 50% a cada período de transição e uma expectativa de vida produtiva absurdamente baixa, esta desculpa simplesmente “não cola mais”!  O consumidor está cada vez mais atento aos processos produtivos, principalmente quando relacionados à alimentos de origem animal. O curador de doenças está se vendo obrigado a transformar-se em um promotor, gestor e garantidor de saúde animal.  O conceito “Saúde Única” também veio para acelerar este processo.

Figura 2 - Acompanhamento remoto da recuperação de vaca com problema clínico utilizando colares com tecnologia de monitoramento 4.0 (cowmed.com.br)

 

O Gestor de saúde vai trabalhar cada vez mais com uma técnica desenvolvida inicialmente para a indústria de alimentos, a HACCP (hazard analyzis and critical control points ou Análise de risco e pontos críticos de controle).  Esta deve usar uma visão holística da fazenda, considerando meio ambiente, equipamentos, instalações, alimentos, vacas e pessoas e produtos. Estabelecendo assim parâmetros de monitoramento, definição de índices, estratégias de mitigação de risco, protocolos metafiláticos, definição de POPs e treinamento e acompanhamento de pessoal.

Até então se tem imposto nossas decisões e conclusões sobre a vaca. O uso de tecnologia vestível nas vacas para monitoramento comportamental, hoje associada ao monitoramento ambiental e nutricional e produtivo nos mostra reações individuais que até hoje nunca mensuramos. Vacas leiteiras tem uma variação individual grande em suas preferências em termos de alimentação, conforto térmico e companhias. Os algoritmos de inteligência artificial que analisam esta infinidade de dados coletados pelos sensores estão criando um aumento de proximidade com o animal, mas com distância física.  Mais dados permitem uma “gestão participativa” na fazenda, onde as vacas também opinam.

Estão contados os dias em que os técnicos dedicavam a maior parte de seu tempo para coleta de informações e um output braçal das decisões.  A coleta e boa parte do processamento será automatizado, o output também.  Mais tempo deverá ser dedicado à atividades de inteligência e planejamento. Não vejo como uma obrigação do produtor a análise desta infinidade de dados; mas sim, do técnico.  O produtor saberá e irá cobrar isso, inclusive com co-responsabilidade na tomada de decisão. Portanto, hoje vejo jovens produtores evoluindo à um passo mais rápido que os técnicos que formamos. O técnico que no futuro não souber fazer uma interpretação e tomada de decisão baseada em dados de cada fazenda, e não conseguir capacitar e formar equipes com o pessoal de campo, simplesmente estará fora do mercado!!

Este artigo foi realizado em parceria entre a COWMED S.A e o projeto Traduzindo Vacas.

Já nos segue nas redes sociais? @somoscowmed e @traduzindovacas.

 

Marcelo Cecim

Professor (UFSM), Mentor da COWMED S.A e Fundador do Traduzindo Vacas.

Medico Veterinário (UFSM), Mestre em Produção Animal e PhD em Endocrinologia (Illinois/EUA)

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RICARDO APARECIDO SANTOS

CAIAPÔNIA - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 22/11/2021

Parabéns, excelente artigo.
DIETER ROESE

SALVADOR DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/03/2021

Parabéns Marcelo. Excelente artigo. Estamos investindo em um free stall com túnel de vento e ordenha robotizada. Meu filho pretende cursar medicina veterinária(fez a prova do Enem esse ano) para depois voltar pra propriedade. O trabalho braçal que eu passei está sendo substituído em grande parte por planejamento e análise de dados.
Att. Dieter Roese

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