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Uso de aditivos na dieta de bovinos leiteiros

POR LIBOVIS - UFRRJ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/02/2021

8 MIN DE LEITURA

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O Brasil em 2019 produziu 34,8 bilhões de litros, alta de 2,7% em relação ao ano anterior. O efetivo de vacas ordenhadas caiu 0,5%, atingindo 16,3 milhões de cabeças e, a produtividade foi de 2.141 kg/vaca/ano (IBGE, 2019) que em comparação a outros rebanhos do mundo, ainda é uma produtividade baixa visto que países especializados na atividade, como Nova Zelândia, chegam em média a 3.800 kg/vaca/ano.

Contudo, em 35 anos, de 1980 até 2015, o número de vacas cresceu apenas 31,5% – de 16,5 milhões para 21,7 milhões, mas vem aumentando os índices de produtividade (VILELA et al., 2017).  Um dos principais fatores que reduzem a produtividade é a variabilidade do clima, afetando a disponibilidade da principal fonte de nutrição dos bovinos, o volumoso.

Nos períodos de seca, a baixa distribuição de chuvas, aliada às baixas temperaturas e baixa luminosidade reduzem drasticamente a taxa fotossintética das culturas, diminuindo a produção de matéria seca. (ALVIM et al., 2005).

Os bovinos transformam alimentos não essenciais (como forragens e forrageiras) em produtos de valor econômico, ou seja, comem capim e o transformam em leite e carne. Porém, pasto, forragem, feno, por si só não são suficientes para aumentarem a produtividade do animal. Além dos volumosos, a alimentação do gado de leite deve ser acrescida de uma mistura de concentrados, minerais e algumas vitaminas.

Os nutrientes contidos nas dietas dos bovinos, são utilizados para mantença, engorda, reprodução e produção, sendo o leite considerado um produto secundário à reprodução, dependente de uma dieta controlada. Uma dieta equilibrada é então, importante tanto no ponto de vista econômico como nutricional.

Entre os custos na bovinocultura de leite, a alimentação é o componente que mais exige investimento, cerca de 70% do custo total da produção. Os alimentos concentrados são aqueles com maior custo, ou seja, acabam tendo maior relevância na produção. Busca-se, portanto, otimização da relação entre volumoso e concentrado fornecidos aos animais, considerando que quanto maior a quantidade de volumoso em relação ao concentrado, menor o custo com alimentação (STELZER, 2009).

Nesse sentido muito se tem discutido a respeito do uso de aditivos na alimentação animal, sua principal importância se dá por conta da eficiência na modulação da ambiência do rúmen, por exemplo: aumentando a produção de propionato (precursor principal da lactose) e reduzindo a produção de metano. Outro exemplo é a utilização do fungo Aspergillus oryzae, ou a levedura Saccharomyces cerevisae utilizados para inibição da proliferação de bactérias patogênicas como a Escherichia coli

Alguns estudos apontam a capacidade de remoção do oxigênio ruminal o que permite a sobrevivência das bactérias celulolíticas que são sensíveis ao ele (NICODEMO, 2001). Outra forma de atuação seria como fator de crescimento para microrganismos (ácidos orgânicos, vitamina B e aminoácidos) utilizadores de ácido lático.

Breve revisão sobre a fisiologia digestiva dos bovinos

Os bovinos são animais herbívoros com vários compartimentos gástricos, por isso denominados de poligástricos. Possuem 4 câmaras digestivas: rúmen, retículo e omaso, compartimentos em que há presença de microrganismos responsáveis pela digestão microbiana e aproveitamento das fibras de vegetais, e o abomaso onde ocorre a digestão química dos alimentos.

A digestão microbiana possibilita que carboidratos sejam fermentados a ácidos graxos voláteis (AGVs) e então absorvidos pelas papilas ruminais. Proteínas e fontes de nitrogênio são degradas até amônia (NH3) para serem utilizadas na síntese microbiana e, os lipídeos são fermentados até a forma de AGVs e compostos hidrogenados.

Os AGVs são absorvidos no rúmen, o reticulo é responsável pela contração que leva ruminação, o omaso têm a função de absorção de água, minerais, AGVs, além de redução das partículas, e por fim o abomaso exerce a função do estomago químico, secretando enzimas, hormônios, ácidos e água para a digestão.

De acordo com Van Soest (2018) as adaptações anatômicas do sistema digestivo de ruminantes resultaram na melhor utilização da fibra dietética e relativa liberdade da necessidade de ingestão de fontes externas de vitaminas do complexo B e aminoácidos essenciais.

Aditivos na alimentação de bovinos leiteiros

Durante a última década o rebanho leiteiro passou por intensas modificações, como maior melhoramento genético e com isso aumento da produção, contudo o desafio atual é elevar a produtividade desses animais, nesse sentido muito se tem discutido a respeitos dos aditivos alimentares na dieta dos ruminantes.

Os aditivos alimentares representam uma vasta classe de moléculas, compostos ou organismos que tem por intuito melhorar a ingestão, absorção e assimilação de nutrientes, promovendo maior aproveitamento do alimento consumido. Além disso interferem em processos fisiológicos como: função imunológica, resistência ao estresse e reprodução (WATTS et. al., 2018).

Os aditivos alimentares incluem atrativos alimentares, imunoestimulantes, prebióticos, probióticos, acidificantes, óleos essenciais ou outras produtos. No Brasil, os aditivos mais utilizados e permitidos pela legislação na alimentação de ruminantes são: tampões, antibióticos ionóforos e não ionóforos, enzimas fibrolíticas, leveduras, lipídeos, própolis dentre outros (DE OLIVEIRA et. al., 2005). Descrevemos os principais aditivos utilizados e suas vantagens.

Ionóforos

São os principais aditivos utilizados na nutrição de ruminantes, a monensina vem sendo utilizada na dieta de bovinos confinados e à pasto desde da década de 1970. Existem mais de 120 ionóforos conhecidos, oriundos da fermentação de fungos actinomicetos, que são produzidos por bactérias do gênero Streptomyces. No Brasil somente salinomicina, laidlomicina, monensina e lasalocida são permitidas para o uso em dietas dos ruminantes (SOUZA et al., 2018).

Promovem modificações na população microbiana do rúmen, selecionando bactérias Gram-negativas produtoras de ácido succínico (precursor do propionato), estas por sua vez promovem a inibição das bactérias Gram-positivas (produtoras de ácido acético, lático e butírico). Geram uma melhoria na eficiência energética, proporcionam a redução da degradação proteica e desaminação de aminoácidos, resultando em melhoria na utilização dos compostos nitrogenados e por fim, por reduzir a produção de ácido lático diminuem as desordens ruminais.

Probióticos e enzimas exógenas

O uso de aditivos microbianos, assim como enzimas, vem aumentando em resposta a demanda para uso de substâncias “naturais”, que atuem melhorando a eficiência produtiva de ruminantes, tornando-se uma alternativa aos ionóforos, já que estes foram banidos pela União Europeia desde janeiro de 2006, devido a presença de antibiótico na carne de animais abatidos e aumento da resistência aos microrganismos (MORAIS et al., 2011).

Dentre os probióticos, destacam-se as leveduras Saccharomyces cerevisiae, fungos unicelulares. A suplementação com este probiótico na dieta de bovinos maximiza a utilização de forragens de baixa qualidade e grãos, aumentando a eficiência alimentar (SHIVER-MUNSCH, 2011 apud ANJUM, 2018). Wallace e Newbold (1993) relatam que este aditivo apresenta efeito positivo sobre a produção de leite e ganho de peso em uma magnitude semelhante aos ionóforos (7 a 8% de aumento).

Os primeiros relatos da utilização de enzimas exógenas na nutrição de ruminantes datam da década de 1960. Inicialmente, acreditava-se que as enzimas exógenas no ambiente ruminal seriam desnaturadas ou digeridas sem possibilidade de melhorar a fermentação ruminal. Entretanto, foi verificado que algumas enzimas apresentavam estabilidade no líquido ruminal (MORGAVI et al., 2004) e, dessa forma, poderiam ter efeito positivo na nutrição de ruminantes.

Enzimas são proteínas produzidas por um organismo vivo (origem bacteriana, fúngica ou de leveduras), e para ruminantes podem ser divididas quanto a especificidade ao substrato: amilolíticas, fibrolíticas (celulases e hemicelulases) e proteolíticas. Dentre elas, as enzimas fibrolíticas são as mais pesquisadas pela comunidade científica, com o intuito de elevar a digestibilidade da forragem.

Propólis

O uso do propólis como aditivo se dá por conta da sua atividade bactericida diante de bactérias Gram-positivas, produtoras de acetato, diminuindo a produção de metano. Sua ação sobre a fermentação ruminal além da inibição da produção de gases oriundos da fermentação, reduz atividades de desaminação e, estudos in vitro demonstram sua efetividade em degradar proteína bruta de diferentes fontes de nitrogênio.

Assim como os ionóforos utilizados na alimentação de ruminantes, o própolis também altera a permeabilidade da membrana bacteriana, permitindo o fluxo de íons (SILVA et al., 2016).

Vale lembrar que os aditivos são complementos de dietas já fechadas e que atendem as demandas nutricionais dos animais dentro de um sistema. O seu uso deve passar pela supervisão de profissionais da área como o zootecnista e médicos veterinários, para que estes possam realizar a avaliação da necessidade de se incluir esses aditivos na nutrição dos animais.

 

Autores
Anna Carla Silva Cunha1
Diane Loize Palmeira1
Gabriel Antônio Rodrigues Lopes1
Ana Paula Lopes Marques2

1 Discentes
2 Orientadora, Grupo de Estudos Liga de Bovinos - LiBovis da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ

Referências

ALVIM, M. J. et al. Sistema de produção de leite com recria de novilhas em sistemas silvipastoris. Embrapa gado de leite. Sistema de Produção. n. 7, 2005. Disponível em: <https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/LeiteRecriadeNovilhas/aspectosecologicos.htm>

ANJUM, M.I. et al. Effects of yeast (Saccharomyces cerevisiae) supplementation on intake, digestibility, rumen fermentation and milk yield in Nili-Ravi buffaloes. Iranian Journal of Veterinary Research, v. 19, n. 2, p. 96-100, 2018.

DE OLIVEIRA, J. S. et al. Uso de aditivos na nutrição de ruminantes (Additive use in the nutrition of ruminants). REDVET, 2005.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@. 2019. Disponível em < https://cidades.ibge.gov.br/>

MORAIS, J.A.S., et al. Aditivos. In: BERCHIELLI, T. T. et al. Nutrição de ruminantes. Jaboticabal, 2 ed. p. 565-599, 2011.

MORGAVI, D.P. et al. Trichoderma enzymes promote Fibrobacter succinogenes S85 adhesion to, and degradation of, complex substrates but not pure cellulose. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.84, n.10, p.1083–1090, 2004.

NICODEMO, M. L. F. Uso de aditivos na dieta de bovinos de corte. Embrapa Gado de Corte-Documentos (INFOTECA-E), 2001.

SILVA, T. H. Enzima fibrolítica exógena na alimentação de vacas em lactação. 2016. 121 f. Dissertação (Mestre em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2016.

STELZER, F. S. et al. Performance of milking cows fed concentrate at different levels associated or not with propolis. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, n. 7, p. 1381-1389, 2009.

SOUZA, J. M. et al. Aditivos zootécnicos e a manipulação da fermentação ruminal. In.: BALIEIRO, J. C. C. et al. Novos Desafios da Pesquisa em Nutrição e Produção Animal, 2018. Cap. IV.

VILELA, D. et al. A evolução do leite no Brasil em cinco décadas. Revista de Política Agrícola, v. 26, n. 1, p. 5-24, 2017.

WATTS, S. A.; LAWRENCE, J. M. Sea Urchins: Biology and Ecology. p. 20, 2018.

WALLACE, R.J.; NEWBOLD, C.J. Rumen Fermentation and its manipulation: The development of yeast cultures as feed additives. In: Biotechnology in the Feed Industry (Lyons TP, ed) Alltech Technical Publications, Kentucky, p. 173-192. 1993.

LIBOVIS - UFRRJ

A Liga de Bovinos, LiBovis, é um grupo de estudos constituído por alunos de graduação em Medicina Veterinária e áreas afins da UFRRJ. Tem como objetivos estudar, compreender e defender os interesses da bovinocultura contribuindo para sua valorização.

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LUIZ ANTÔNIO

SÃO SEBASTIÃO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/02/2021

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