O sorgo é uma gramínea do gênero Sorghum, de origem africana, que se espalhou pelo mundo há cerca de 5.000 anos. No Brasil ele foi introduzido no século XX como uma alternativa ao milho e cada vez mais tem ganhado destaque economicamente, pois seus grãos, folhas e caules são utilizados para diversas finalidades. Além de possuir extensa utilização, o sorgo possui alto valor nutritivo e é utilizado tanto para alimentação humana quanto animal.
Existem diferentes tipos de sorgo que permitem maior utilização para os sistemas de produção que visam seu uso para produção de grãos, forragem, silagem, biomassa para energia termoelétrica e etanol de segunda geração. Dessa forma, o sorgo é dividido em cinco principais classificações: sacarino, granífero, forrageiro, vassoura e biomassa.
Sorgo Sacarino
Esse grupo possui porte alto, de 3,0 a 3,5 m, e colmo suculento com alta concentração de carboidratos solúveis semelhante a cana-de-açúcar, com ciclo médio de 120 dias. Ele é usado para produção de açúcar e etanol de segunda geração. Além disso, as plantas dessa classificação são também adaptadas ao processo de ensilagem, produzindo silagens com bom perfil fermentativo e possuem elevada concentração de energia (Kaiser et al., 2004).
Figura 1. Plantas de sorgo da classificação sacarino
Fonte: Tardin, S/D
Sorgo Granífero
O sorgo granífero tem baixo porte, inferior a 1,5 m, e ciclo de 90 a 120 dias. Possui alto rendimento de grãos e é adaptado à colheita mecânica. Tem sido utilizado principalmente para produção de grãos e silagem, produzindo material de alta qualidade e valor nutritivo, por incluir de 40 a 50% de grãos na massa ensilada (Kaiser et al., 2004), sendo o grupo mais similar ao milho.
Além disso, há a possibilidade de produção de silagem de grão úmido de sorgo, que traz vantagens como redução das perdas de campo e melhoria da digestibilidade do amido. O teor de matéria seca do grão deve estar entre 62% e 70%, devendo ser colhido quando atinge a maturidade fisiológica, pois o aproveitamento e a digestibilidade do amido serão melhores nesta época (Clark, 1988; Costa et al., 2004). O armazenamento úmido dos grãos também é considerado seguro e de longo prazo, reduzindo as perdas quantitativas e qualitativas. A reidratação também é uma opção para melhorar a alimentação em caso de colheita tardia.
Figura 2. Plantas de sorgo da classificação granífero
Fonte: de Souza, 2021
Sorgo Forrageiro
Também conhecido como silageiro, o sorgo forrageiro tem porte médio podendo atingir altura superior a 2,7 m e seu ciclo é de cerca de 120 dias. É caracterizado pela alta produtividade de matéria verde, podendo ser utilizado para pastejo, corte, silagem, fenação e cobertura vegetal. As variedades destinadas ao corte e pastejo são variedades de Capim Sudão ou híbridos interespecíficos de Sorghum bicolor × Sorghum sudanense. Estas cultivares possuem adaptabilidade ao processo de ensilagem, além de possuir bom valor nutritivo, níveis de carboidratos solúveis adequados e alto rendimento de massa seca (Teixeira et al., 2014).
Figura 3. Plantas de sorgo BRS Ponta Negra da classificação forrageiro
Fonte: de Souza, 2022
Sorgo Vassoura
O grupo vassoura é composto pelas plantas utilizadas como o próprio nome diz, para produção de vassouras e artesanato. Possui porte alto, com altura variando de 2 a 3 m.
Sorgo Biomassa
Já o sorgo biomassa é usado para obtenção de energia, etanol de segunda geração, produção de químicos renováveis e como fonte de amido, açúcar e lignocelulose. Nos últimos anos, ele também vem sendo utilizado para produção de silagem devido à alta biomassa produzida por hectare, já que possui porte alto, superior a 5 m e produz em torno de 120 ton/ha de massa verde (EMBRAPA, 2014).
Em resumo, o sorgo é uma planta versátil e altamente adaptável que pode trazer muitos benefícios para sua fazenda. Com tantas opções de uso, qual delas você já experimentou ou está considerando experimentar em sua fazenda?
Figura 4. Plantas de sorgo BRS 716 e AGRI-002E da classificação biomassa
Fonte: da Rosa, 2020
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Autores
Juliana Maria Silva de Souza
João Pedro Monteiro do Carmo
Letícia Bortolanza
Ana Beatriz Rotelli
Referências
Clark, J. 1988. Managing high moisture and reconstituted grains. In: Mc Cullough, K.K.; Bolsen, M.E. (Eds.) Silage management. Des Miones: Silage Technology Division - National Feed Ingredients Association, p.205-230.
Costa, C., Arrigoni, M.D.B., Silveira, A C., Chardulo, L. A L. 1999. Silagem de grãos úmidos. In: Anais... Simpósio sobre nutrição de bovinos, Piracicaba, FEALQ, v. 7, p. 69-88.
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Milho e Sorgo. 2014. Cultivo do sorgo. Brasília.
Kaiser, A. G; Plitz, J. W.; Burns, H. M. e Griffiths, N.W. 2004. Successful Silage. Dairy Australia NSW Department of Primary Industries, 468p.
Teixeira, A. M.; Ribeiro Junior, G. O.; Velasco, F. O.; Faria Júnior, W. G.; Rodriguez, N. M.; Rodrigues, J. A. S.; McAllister T. e Gonçalves, L. C. 2014. Intake and digestibility of sorghum (Sorghum bicolor, L. Moench) silages with different tannin contents in sheep. Revista Brasileira de Zootecnia, 43(1): 14-19. Viçosa, MG. https://doi.org/10.1590/S1516-35982014000100003