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Seca na Região Sul: desafios, impactos e perspectivas para 2022

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/02/2022

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 15/02/2022

Durante os últimos meses a região sul vem sofrendo com escassas chuvas, mal distribuídas e de pouco volume.

A estiagem já começou a deixar suas marcas na produção agropecuária como no desenvolvimento do milho, plantação da cultura da soja e a pastagem para os animais. Em algumas cidades, a falta de água já atinge comunidades, o que faz com que o racionamento seja realizado para que não haja escassez de água para o próprio consumo humano.

O fenômeno responsável por esta condição chama-se La Niña, o qual influencia no volume e frequência de chuvas, principalmente durante os meses de novembro e dezembro. Porém, segundo as previsões do modelo CFSv2 (Climate Forecast System, da NOAA-CPC), para janeiro de 2022 a situação poderia normalizar em todo o estado do Rio Grande do Sul. Mas, e o que vimos foi muito calor (com temperaturas passando dos 40ºC) e pouca chuva, ou até mesmo má distribuídas.

Mesmo chovendo 50mm em alguns locais, este volume ainda não é suficiente para reverter o quadro dos meses anteriores, onde praticamente não choveu. Assim, as perdas nas lavouras da região são irreversíveis, mas volumes de chuva ajudam a amenizar as perdas e o calor. Já em localidades onde a chuva ficou mais concentrada e com volume maior, ela não veio sozinha. Junto com ela veio vários estragos, temporal com granizo, queda de árvores e morte de animais.

Para os meses seguintes, fevereiro e março, o cenário não irá mudar muito devido a atuação do fenômeno Lã Niña. A chuva tende a continuar concentrada na região Norte do país, mas de forma irregular, e abaixo da média principalmente no estado gaúcho (de 5 a 60mm). Em Santa Catarina e Paraná, a previsão é de chuvas acima da média, de 25 a 50mm a mais do que o projetado.

Referente à cultura da soja, produtores que realizaram a semeadura antecipadamente ainda conseguiram garantir umidade no solo para proporcionar boa germinação e emergência das sementes. Porém, como as chuvas foram muito mal distribuídas, muitos produtores acabaram se atrasando para iniciar a semeadura da cultura de verão.

No estado do Paraná, as perdas nas lavouras de soja pela estiagem já atingiram 73%, principalmente nas regiões sudoeste e oeste. Mas a quebra na produção também pode ser verificada na cultura do milho e do feijão, cultura esta a qual o estado é o maior produtor.

E os danos da estiagem também são refletidos na cultura do milho. A falta de chuvas afetou com severidade o desenvolvimento da planta, fazendo com que a espiga não se formasse. A cultura do milho, quando se encontra em fase de formação de grãos, necessita de chuva para iniciar o processo de floração e polinização, processo este que dá início na formação de grãos das espigas. Trata-se de uma fase crítica, pois a planta ainda precisa de mais chuva para completar os ciclos e ter produção esperada.

Dessa forma, produtores que realizariam o corte do milho para silagem não obtiveram a formação do grão, sendo necessária a adição da aveia para proporcionar a fermentação da silagem, que até então apenas apresentava a palhada.

Na foto acima podemos observar uma lavoura de milho, de baixo crescimento e já em senescência.

Os animais também vêm enfrentando os impactos da falta de chuvas. Tanto o gado de leite como o de corte, em sistema à pasto, se depara com a escassez da oferta de alimentos. Com altas temperaturas e baixa distribuição e precipitação de chuvas, a pastagem não rebrota e a suplementação no cocho é necessária.

Na foto abaixo podemos observar o campo morto e a distribuição da cultura da soja mal estabelecida.

E o que esperar em 2022?

Mesmo que as previsões mostrem que o volume de chuvas irá melhorar, já podemos notar que a distribuição dessas não ocorre de forma igualitária. Dentro de um mesmo município do Rio Grande do Sul, houve ocorrências de chuvas de 70 mm em uma localidade, sendo que em outra choveu apenas 11 mm.
 

Quais são os impactos da estiagem no mercado?

É previsível que com a quebra na produtividade das culturas, como no caso da soja, haverá uma supervalorização do grão. Assim, com a menor oferta haverá aumento de preço, e o valor da saca poderá chegar e até ultrapassar R$ 200,00.

Em 06 de Janeiro de 2022 o valor da saca da soja era de R$ 172,02, segundo a cotação da cooperativa Cotripal/RS. O valor da saca de milho fechou em R$ 90,00 e do trigo em R$ 84,00. Em 03 de fevereiro, a cotação da soja pela mesma cooperativa ficou em R$ 186,00, um aumento de R$ 14,00. Adicionalmente, também foi verificado um aumento no valor do milho e trigo, de R$ 96,00 e R$ 85,02, respectivamente.

E com isso aumenta-se também os custos com a alimentação animal, visto que a soja e o milho são os principais ingredientes empregados na dieta. Além do que, com o desenvolvimento do milho prejudicado, a silagem produzida não atendeu a qualidade esperada.

Diante da situação do presente momento, alguns produtores estão pensando em utilizar a cultura de soja para pastejo dos animais, visto que a produção de grãos está comprometida. Também, os produtores estão com receio de continuar investindo na aplicação de herbicidas e inseticidas na lavoura, aumentando o custo de produção, e o retorno ser mínimo ou até mesmo negativo.

Mas como a utilização da leguminosa para pastejo não é comum no Brasil, é necessário tomar alguns cuidados antes da entrada dos animais.

Dentre eles, podemos citar a adaptação dos animais, e nunca realizar a substituição total e imediata da gramínea pela leguminosa. Realizar períodos curtos de pastejo e verificar a quantidade de folhas presentes. Para a retirada dos animais, priorizar por deixar 30% de folhas, visando otimizar o rebrote.

Ainda, verificar se há a presença ou não de grãos. Pois, os grãos de leguminosas contêm fatores antinutricionais, no caso da soja os taninos, os quais diminuem a biodisponibilidade de nutrientes, principalmente a digestibilidade de proteínas.

Contudo, a utilização de um planejamento inicial, como o uso de técnicas de manejo, como o plantio direto na palha, cobertura de solo, uso de sementes e adubos de qualidade, também ajudam a diminuir possíveis perdas.

Por enquanto, ficamos no aguardo de uma chuva com volume considerável e bem distribuída, para que os danos da estiagem possam ser minimizados.

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KARISE FERNANDA NOGARA

Zootecnista formada pela UFSM/campus Palmeira das Missões/RS. Atualmente mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Paraná. Trabalha com a qualidade e composição do leite e sistema de confinamento compost barn.

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