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Gordura no fígado em ruminantes: o que é, como identificar e tratamentos

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/02/2023

5 MIN DE LEITURA

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O que é fígado gorduroso?

A lipidose hepática ou síndrome do fígado gorduroso é um distúrbio metabólico comum aos ruminantes, provocada pelo desequilíbrio entre a captação hepática dos ácidos graxos e sua utilização (AROEIRA, 1998, JONES; HUNT e KING, 2000).

Define-se a gordura no fígado como a presença excessiva de lipídios no fígado, o qual adquire uma coloração amarelada na macroscopia (Figura 1A) devido ao acúmulo de gordura no citoplasma do hepatócito (Figura1B), ocorrendo quando a quantidade de triglicerídeos excede seus índices de degradação metabólica ou liberação como lipoproteínas (MACLACHLAN; CULLEN, 1998).

Figura 1. Esteatose hepática acentuada em fígado bovino. (A) Observe a aparência amarelada difusa do fígado e (B) vacúolos no citoplasma dos hepatócitos decorrente do acúmulo de gordura (setas), H.E, Obj. 40x.

figado gorduroso

A lipidose hepática é uma condição grave e gera impactos significativos na saúde e, principalmente, na produtividade das vacas. As principais doenças que cursam com lipidose hepática são a toxemia da prenhez em ovelhas e cabras e cetose dos bovinos (SOUZA, 2003).
 

Quando ocorre o acúmulo de gordura no fígado?

O acúmulo de gordura no fígado é observado em vacas leiteiras de alto rendimento, especialmente no período de transição (BATISTA et al., 2022). Esse período é caracterizado por uma mudança abrupta na vida produtiva da vaca, que passa de um período de baixo consumo energético e demanda de alimentos (período seco gestacional) para um período de intensa produção de leite, que requer maior ingestão de nutrientes.

Neste último período, normalmente há perda de escore corporal associada ao balanço energético negativo e às alterações endócrinas relacionadas ao parto e ao início da lactação (GRUMMER, 1993; GRUMMER, 1995; BERTICS; GRUMMER, 1999). Então, para regular esse balanço energético desfavorável, o organismo mobiliza lipídeos das reservas corporais para garantir o fornecimento de energia. A maior parte desses lipídeos são convertidos em corpos cetônicos no fígado.
 

O que causa da gordura no fígado em ruminantes?

Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da lipidose hepática, porém, um dos principais é a rápida diminuição da ingestão de nutrientes, que ocorre quando as vacas são submetidas a mudanças repentinas de dieta ou quando não há acesso a quantidades suficientes de alimento.

A baixa ingestão de nutrientes, principalmente de carboidratos rapidamente fermentáveis, desencadeia uma série de alterações metabólicas, que incluem a quebra dos estoques de gordura no tecido adiposo e acúmulo de gordura no fígado.

Outros fatores que aumentam o risco de lipidose hepática incluem o estado fisiológico do animal, estresse e ainda o uso de alguns medicamentos. Durante a gestação e a lactação, especialmente esse último, há maior demanda de nutrientes, que acelera a mobilização de reservas corporais de lipídeos e a chegada destes no fígado. Por outro lado, o estresse está relacionado ao aumento do cortisol no sangue, hormônio este responsável pela mobilização de gordura no tecido adiposo. Do mesmo modo, o uso de medicamentos, como corticóides (substâncias anti-inflamatórias que se assemelham quimicamente ao cortisol) podem se tornar um agravante para a ocorrência dessa síndrome.
 

Como é classificada a gordura no fígado? 

A gordura no fígado pode ser classificada em discreta, moderada ou acentuada, de acordo com a quantidade de gordura acumulada no fígado. Os sinais clínicos estão relacionados com a gravidade da afecção.

Em casos leves, as vacas podem não apresentar sinais clínicos relacionados aos danos no fígado e podem, inclusive, continuar se alimentando normalmente. O que acontece, nesses casos, são apenas perdas nos índices zootécnicos. Em casos severos, as vacas podem apresentar redução de apetite, perda de peso, sinais neurológicos como letargia e ataxia, tremores musculares, incoordenação motora, inquietude, agressividade e icterícia. Tanto em animais com manifestações clínicas e subclínicas podem ser encontrados corpos cetônicos em fluidos corporais (urina, soro e leite), em maior concentração nos casos mais graves.
 

Como prevenir a ocorrência de gordura no fígado em ruminantes?

Uma das principais formas de prevenir a gordura no fígado é garantir o acesso a uma dieta balanceada e nutritiva. Também é importante monitorar as vacas quanto aos sinais clínicos e agir o mais rápido possível, caso algum sintoma seja observado. Além disso, pode-se fazer o monitoramento no pós-parto com a dosagem de corpos cetônicos no sangue. Ademais, é necessário buscar quaisquer causa subjacente, como gestação associada à lactação, estresse e uso de medicamentos de forma inadequada.
 

Como tratar a gordura no fígado em ruminantes? 

O tratamento da gordura no fígado varia de acordo com a gravidade do quadro clínico. O princípio mais importante é a correção do balanço energético negativo e das causas subjacentes, quando houver (PEARSON e MAAS, 1993).

Em casos leves, deve-se estimular a ingestão de uma dieta balanceada pela vaca e tentar corrigir ou amenizar o problema subjacente. Em casos graves, no entanto, pode ser necessário o uso de medicamentos que aumentem a glicemia e restabeleçam o apetite do animal, a administração de nutrientes intravenoso e a hidratação hidroeletrolítica enteral por meio de sondas esofágicas.
 

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Autores

Letícia Ferreira Santos - Estudante de medicina veterinária na Universidade Federal de Lavras (UFLA);
Mary Suzan Varaschin - Médico(a) Veterinário(a), professor(a) da Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Márcio Gilberto Zangeronimo - Médico(a) Veterinário(a), professor(a) da Universidade Federal de Lavras (UFLA)

 

Referências

AROEIRA, L. J. M. Cetose e infiltração gordurosa no fígado em vacas leiteiras. Juiz de Fora: EMBRAPA-CNPGL, 1998. 23 p. (Documentos, 65)

BATISTA, C., GONÇALVES, R., CONTRERAS, L., VALLE, S., & GONZÁLEZ, F. (2022). Correlation between liver lipidosis, body condition score variation, and hepatic analytes in dairy cows. Revista Brasileira De Medicina Veterinária, 44, E005121.

BERTICS, J.; GRUMMER, R.R. Effects of fat methionine hidrpxy analog on prevention or alleviation of fatty liver induced by feed restriction. Journal Dairy Science, v. 82, p. 2731-2736, 1999.

GRUMMER, R. R. Etiology of lipid-related metabolic disorders in periparturient dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 76, p. 3882–3896, 1993.

GRUMMER, R. R. Impact of changes in organic nutrient metabolism on feeding the transition dairy cow, Journal Animal Science, v. 73, p. 2820-2833, 1995.

JONES, T. C.; HUNT, R. D.; KING, N. W. Patologia veterinária. 6a ed. São Paulo: Editora Manole, 2000.

MACLACHLAN, N. J.; CULLEN, J. M. Fígado, sistema biliar e pâncreas exócrino. In: CARLTON, W. W.; McGAVIN, M. D. Patologia veterinária especial de Thompson. 2. ed. Porto Alegre: ARTMED, 1998.

PEARSON, E.G., MAAS, J. 1993. Lipidose Hepática. Págs.861-867 em: Smith, B.P. (ed.), Tratado de Medicina Interna de Grandes Animais. v.1. Editora Manole, São Paulo.

SOUZA, A. N. M. Cetose dos bovinos e lipidose hepática. 2003. 18 f. Seminário (Bioquímica do Tecido Animal). Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias. Porto Alegre. 2003.

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