Conforme estudos, isso ocorre em função do hormônio masculino natural, a testosterona, que promove o crescimento do sistema músculo esquelético do animal, determinando carcaças mais magras e com maior musculatura nos machos não castrados em relação aos castrados e às fêmeas (OSÓRIO et al., 2005).
Osório et al. (2005) avaliaram a morfologia in vivo, da carcaça e as características produtivas e comerciais em 32 cordeiros da raça Corriedale, sendo 15 não castrados e 17 castrados aos 30 dias de idade. Os animais foram criados em regime de pasto não cultivado, sendo desmamados aos 45 dias de idade e abatidos com 123 dias de idade. Os parâmetros avaliados estão ilustrados na Tabela 1.
Tabela 1. Médias e desvios padrão das características produtivas e comerciais em cordeiros castrados e não castrados da raça Corriedale
Entre cordeiros castrados e não castrados, não houve diferenças para características comerciais com exceção dos rendimentos (verdadeiro e comercial) que foram superiores nos animais castrados, que apresentaram quantidade de gordura superior aos não castrados e conseqüentemente melhores rendimentos (OSÓRIO et al., 2005).
As propriedades da carne, como pH, cor, textura, capacidade de retenção de água e perdas de peso por cozimento, determinam a utilidade para comercialização e adaptabilidade aos processamentos industriais (ZEOLA et al., 2002). No trabalho de Osório et al. (2005) demostrado na tabela 1 não foi observado diferença na qualidade da carne entre os animais, já que esses foram abatidos em idade reduzida.
Ribeiro et al. (2003) realizaram um experimento com objetivo de avaliar o ganho de peso e a idade ao abate de cordeiros inteiros e castrados cruzados Hampshire Down, Ile de France e Suffolk, quando abatidos com o peso vivo de 30 e 32 kg, comparando diferentes métodos de castração no desempenho dos cordeiros até o abate. Foram utilizados 31 cordeiros, distribuídos em quatro tratamentos: animais inteiros; animais castrados com torquês burdizzo; animais castrados com anel de borracha; e animais castrados com faca; cada um dos tratamentos recebeu, respectivamente, 9, 7, 8 e 7 cordeiros. A castração foi realizada com idade média de 58 dias. Os animais foram desmamados com 84 dias de idade e imediatamente confinados. Os resultados para desempenho de acordo com os tratamentos e os grupos genéticos dos cordeiros são apresentados na Tabela 2 (RIBEIRO et al., 2003).
Tabela 2 Médias e erros padrões para pesos, ganhos de peso diário médios (GMD) e idade ao abate de cordeiros inteiros ou castrados.
Em relação aos tratamentos não houve diferença para os pesos ao nascimento, pois as castrações foram realizadas aos 58 dias de idade, e sobre o peso ao abate, já que este foi estipulado para ocorrer na faixa de 30 e 32 kg de peso vivo. Também não se observou diferenças no peso ao desmame, que ocorreu aproximadamente 26 dias após a castração, e nos ganhos diários entre o nascimento e o desmame e o abate, e no período total (RIBEIRO et al., 2003).
Esperava-se que os animais castrados com faca, principalmente, e os com borracha, apresentassem desempenho menor, pois são tratamentos que causam um maior estresse nos animais, necessitando desta maneira um maior tempo de recuperação, o que poderia ter diminuído o ganho de peso após a cirurgia. Os dados apontam médias aparentemente menores para os ganhos em todos os períodos para os animais castrados com faca, porém não houve diferença. Apesar da diferença de 37 dias na idade ao abate entre os animais inteiros e os castrados com faca, a análise estatística, também não mostrou diferença (RIBEIRO et al., 2003).
Ribeiro et al. (2003), concluíram que, considerando apenas o desempenho dos animais, não há a necessidade de castração para a produção de cordeiros. O método de castração não afeta o desempenho dos animais, quando terminados em confinamento e abatidos aos 30 kg de peso vivo.
Motta et al. (2001), avaliaram as principais características qualitativas e quantitativas da carcaça de cordeiros machos e não castrados e fêmeas, abatidos a dois pesos, 25 ou 33 kg. O experimento utilizou 38 animais (20 cordeiros machos não castrados e 18 cordeiras). Na Tabela 3 são apresentados os valores médios de área da área de lombo, marmoreio e gordura de cobertura.
Tabela 3. Médias e erros padrão para, área de lombo (AL) em centímetros quadrados, espessura de gordura (EG) em mm, marmoreio (M) com índice de 1 a 5, gordura cobertura (GC) com índice de 1 a 5, sexo (machos não castrados e fêmeas) e peso de abate (25 e 33 kg)
Ao abate o sexo influenciou a espessura de gordura, marmoreio e a gordura de cobertura, as fêmeas apresentaram resultados superiores aos machos, sendo que para a área do lombo não houve diferença entre os sexos, as fêmeas (10,81) e machos (11,08). Em relação ao sexo, verifica-se diferença, evidenciando maior acúmulo de gordura, nas fêmeas, pois estas apresentam uma maturidade fisiológica mais precoce. No entanto, para o peso de abate houve diferença sendo que os cordeiros (as) abatidos a um maior peso obtiveram maior área de lombo, espessura de gordura, marmoreio e gordura de cobertura (MOTTA et al., 2001).
O estado da gordura é um dos mais importantes fatores que afetam a qualidade da carcaça. É o parâmetro de maior variabilidade, e por isso, o que mais influi na composição tecidual. Por outro lado, dele depende não somente seu valor bromatológico e organoléptico, além de determinar sua conservação e valor econômico. Pereira et al. (2001), compararam a composição regional e tecidual em cordeiros castrados e não castrados da raça Corriedale. Foram utilizados 32 cordeiros, sendo 15 não castrados e 17 castrados aos 30 dais de idade, desmamados aos 45 dias e criados em condições extensivas de campo nativo. Aos 123 dias de idade, após jejum de 12 horas, realizaram-se os abates. Avaliou-se as diferenças entre castrados e não castrados para a composição regional, os valores são ilustrados na Tabela 4.
Tabela 4. Médias e desvios padrão da composição regional (em kg) da carcaça de cordeiros Corriedale castrados e não castrados
De acordo com os dados verificou-se que não houve diferença entre machos castrados e não castrados, sobre as características da composição regional, em kg, do costilhar, pescoço, paleta e perna, em valores absolutos e percentuais.
Portanto, pode-se concluir que a castração não deve ser adotada quando os animais forem abatidos jovens, pois não há melhoras na qualidade da carne e carcaça. Fêmeas devem ser abatidas mais cedo do que os machos devido ao fato destas terem maior acúmulo de gordura em menor tempo.
Referência:
Artigo extraído parcialmente do trabalho de conclusão de curso de Luis Felipe Braga Galuban, da FAZU
MOTTA, O. S.; PIRES, C. C.; SILVA, J. H. S.; ROSA, G. T.; FÜLBER, M. Avaliação da carcaça de cordeiros da raça Texel sob diferentes métodos de alimentação e pesos de abate. Ciência Rural, v. 31, n. 6, p. 1051-1056, 2001.
OSÓRIO, J. C. da S.; OSÓRIO, M. T. M.; MENDONÇA, G. de; PEREIRA, P. H.; FARIA, H. V.; OLIVEIRA, N. M. de. Morfologia e características produtivas e comerciais em cordeiros Corriedale castrados e não castrados. Revista Brasileira Agrociência, v. 11, n. 2, abr./jun. p. 211-214, 2005.
PEREIRA, P. S.; OSÓRIO, J. S.; MOREIRA, M.; OLIVEIRA, N.; FARIA, H.; ESTEVES, R. Efeito da castração sobre a composição regional e tecidual em cordeiros Corriedale. Zootecnia Tropical, v. 19, n. 3, p. 297-305, 2001.
RIBEIRO, E. L. A.; SILVA, L. D. F.; ROCHA, M. A.; MIZUBUTI, I. Y. Desempenho de cordeiros inteiros ou submetidos a diferentes métodos de castração abatidos aos 30 kg de peso vivo. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n. 3, p. 745-752, 2003.
ZEOLA, N. M. B. L.; SILVA SOBRINHO, A. G. da S.; GONZAGA NETO, S.; SILVA, A. M. de A. Influência de diferentes níveis de concentrado sobre a qualidade da carne de cordeiros Morada Nova. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v. 97, n. 544, p. 175-180, 2002.