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Como saber se o leite impacta realmente o meio ambiente?

POR LUMA MARIA SOUZA MACHADO

E HAYLA FERNANDES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/09/2023

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 05/01/2024

Muito se debate sobre os impactos ambientais da produção de leite e justamente diante dessas discussões, surgem diversos modelos e metodologias que tentam explicar ou quantificar tudo isso. Mas quais são os modelos? Qual faz mais sentido? É possível o conseguir equilibrar demandas do consumidor e ambientais e, ainda sim, garantir a produção de alimentos para uma população crescente?

E mais, dentre os modelos alguns consideram uso da água, outros emissão de carbono, outros eutrofização e por aí vai. Um conglomerado de números e palavras difíceis que cansa e confunde ainda mais o público.

Pensando nisso, o MilkPoint trouxe diferentes pontos de vista acerca do assunto. Os participantes foram Vanessa Romário de Paula e Pedro Arcuri, ambos da Embrapa Gado de Leite. Acompanhe: 

  • MilkPoint:  Quais os modelos que mais fazem sentido na mensuração dos impactos ambientais e produção de alimentos? Especialmente avaliando o leite.

Vanessa Romário:  “Atualmente, existem diversas metodologias e ferramentas para a mensuração dos impactos ambientais de produtos e processos. No caso do leite, as estimativas de cálculo são mais complexas e trabalhosas devido a diversidade de sistemas de produção e consequentemente, os numerosos parâmetros que devem ser considerados para maior precisão dos resultados. Aqui na Embrapa Gado de Leite adotamos a metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida, por ser uma ferramenta normatizada pela ISO (14040, 14044, 14067), fornecendo resultados rastreáveis e transparentes, além de ser reconhecida mundialmente e podendo ter seus resultados comparados e replicados.”

Pedro Arcuri:Na minha opinião, o modelo de “Análise do Ciclo de Vida” (ACV) se aplica bem para a produção de alimentos e, portanto, para a produção de leite.  Devido à relevância do aquecimento global no debate atual, muito têm se falado sobre uma categoria específica de impacto que é a das mudanças climáticas. Mas essa é apenas uma das categorias de impacto que a ACV permite estimar. Outras categorias como Smog (formação de oxidantes fotoquímicos), toxicidade humana e ecotoxicidade, acidificação, eutrofização, uso de terra e uso de recursos como a água por exemplo, que são importantes fontes de impacto também podem ser estimadas pela ACV. Neste modelo de avaliação, é importante definir o objetivo e o escopo da análise para que os resultados sejam de fato úteis e relevantes.  Como exemplo, podemos avaliar a produção de leite considerando todos os impactos ambientais causados pelos processos de produção derivados do uso de insumos como adubos para as pastagens e silagens, produções agrícolas na propriedade, uso de combustíveis e energia, pelo manejo do rebanho, pelo manejo de dejetos, na eficiência no uso da água, pela mudança no uso da terra, pelo uso do solo na propriedade, além dos impactos dos insumos como milho e soja (especialmente) adquiridos de terceiros.”

  • MilkPoint: Na sua opinião a discussão na esfera científica está caminhando ou estamos apenas num cabo de guerra eterno entre ambientalistas e o agro?

Vanessa Romário:As pesquisas têm trabalhado juntamente com os produtores e a indústria construindo estratégias de ações para mitigação dos impactos ambientais do agronegócio que sejam sustentáveis do ponto de vista ambiental, mas econômico e social também. A Embrapa tem atuado em diversas frentes de pesquisas, entregando tecnologias de baixo impacto e para o aumento da eficiência de produção.

Pedro Arcuri:Na minha opinião a discussão caminha e a passos largos, cada vez com mais objetividade.  Isso porque os modelos de análise do impacto ambiental estão sendo melhorados pela comunidade científica.  Ao mesmo tempo, com destaque para os consumidores (ou a opinião pública), e a reboque destes a classe política e as empresas estão precificando o impacto ambiental de muitas atividades econômicas.  Significa dizer, estão agregando valor quando existe informação confiável, reconhecida por outros setores da sociedade (por exemplo, os consumidores).  Ao tomarem conhecimento e confiarem nos indicadores de impacto ambiental, estes se mostram dispostos a pagar mais por um produto quando são informados que este não causa danos ao ambiente, (menor impacto ambiental, baixa pegada de carbono, etc) ou não destruiu um ambiente até então preservado (desmatamento, por exemplo)”.

  • MilkPoint: Na sua opinião como podemos construir o caminho do meio? Onde atendemos demandas ambientais, respondemos os questionamentos do consumidor, mas ao mesmo tempo conseguimos produzir alimento para uma população crescente e com grandes desafios de distribuição de renda no mundo todo. Por onde começar?

Vanessa Romário:Primeiramente é importante fazer um diagnóstico dos sistemas de produção, ou seja, estimar com acurácia os potenciais impactos ambientais, pois informações superestimadas, genéricas ou omissas podem distorcer a realidade e dificultar o alcance dos resultados esperados de mitigação dos impactos. Outro ponto é a definição de estratégias de mitigação que sejam aplicáveis e que considerem as especificidades de cada sistema de produção e a realidade regional. A difusão de informações com base científica e a comunicação aos consumidores de que a agropecuária além de entregar produtos que alimentam a população, também poderá estar entregando serviços ambientais, e isso só o agronegócio conseguirá fazer.

Pedro Arcuri:O caminho “do meio” na minha opinião não existe.  Existe sim, a necessidade de evoluirmos nos modos de produção, substituindo gradualmente e com segurança um conjunto de tecnologias que hoje são muito arraigadas, porque se mostraram capazes de produzir alimentos para uma população que cresce exponencialmente.  Porém, em boa parte, são altamente dependentes do uso de combustíveis fósseis, de fontes não renováveis de adubos como o fósforo e o potássio, de agroquímicos, entre outros que podem ter impactos importantes e deletérios ao meio ambiente. Energias renováveis, bioinsumos, modelos de produção circular, tratamento de água e dejetos, dentre diversas outras práticas, têm grande potencial para propriedades agrícolas e também para as indústrias, que ao adotarem práticas como a reciclagem e uma abordagem sistêmica e holística na gestão da atividade produtiva permitirá o aumento da eficiência energética e o uso racional, eficiente e sustentável de recursos como a água e a terra e dos insumos, como fertilizantes e agentes para controle de pragas e doenças.

Desta forma, o produtor poderá manter níveis elevados de produtividade e, ao mesmo tempo, atender às demandas dos consumidores por uma produção limpa.  O desafio é a transição dos modelos tecnológicos, dos modos de produção.  Para isso, políticas públicas devem incentivar e viabilizar a adoção de maneira mais rápida das novas tecnologias.  Um exemplo, ainda que tímido, é o plano Safra 2023/2024 que oferece juros mais baixos para os produtores que adotem práticas sustentáveis.  Esse tipo de postura do Estado sinaliza para a cadeia produtiva a necessidade de mudanças tecnológicas.

 

 

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LUMA MARIA SOUZA MACHADO

HAYLA FERNANDES

Descrição: Médica veterinária pela UFG, mestre em sustentabilidade e pecuária e consultora técnica. Proprietária do perfil @vaca_feliz_oficial no Instagram. Contato: (62) 99949-5588.

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LAURA FERNANDES MELO CABRAL

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 15/09/2023

Fantástica a matéria!!!! Conteúdo fácil de entender e muito esclarecedor, principalmente para o público leigo.
É desse tipo de conteúdo que precisamos para enfrentar as opiniões, muitas vezes distorcidas sobre a produção de alimentos de origem animal, só para gerar "likes" nas redes sociais.
Informar o grande público com fontes confiáveis é um dos caminhos para combater as "fake news".
Parabéns aos autores!!

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