*Por Rodrigo Sechi, Médico Veterinário, especialista em produção de bovinos de leite
No decorrer dos anos que venho trabalhando com produtores de leite, muitas coisas aprendi, e quem sabe a mais importante, descobri há pouco tempo. Existe uma forma do produtor sobreviver na atividade? Esta resposta demorei quase dez anos para descobrir e hoje, com total convicção, posso dizer que sim, existe! A resposta sempre esteve na minha frente, de uma forma que eu não conseguia enxergar, ou melhor dizendo, não tinha clareza para ver.
Como todo bom médico veterinário recém formado, com uma vontade incrível de trabalhar, peguei meus instrumentos e literalmente sai para o campo, fazendo de tudo um pouco: castração, mochamento, inseminação, partos, vacinação e atendimento clínico, atividades que fizeram parte da minha vida profissional por muito anos, até que um dia percebi que algo estava mudando. As chamadas para atendimento e inseminação diminuíram e logo pensei: ou os produtores começaram a consultar, pesquisar, profissionalizar, investir e crescer, ou começaram à reclamar, desaminar, diminuir, vender e parar (nesta cronologia).
O fato é que a produção de leite está crescendo, as propriedades estão crescendo, investindo muito em tecnologia, infraestrutura, mão de obra especializada, deixando de ser propriedades rurais e se tornando empresas rurais. As pesquisas em melhoramento genético, reprodução, nutrição e manejo estão cada vez mais avançadas e propiciam que os rebanhos estejam maiores e mais produtivos. Mas, diante de todo este avanço, o que é preocupante é que o número de propriedades está diminuindo e os produtores - em sua maioria os pequenos - estão desaparecendo.
Após anos trabalhando, percebi que a palavra eficiência resume toda esta situação que estamos vivendo. Também, entendi que os reais motivos pelos quais uma propriedade - seja ela grande ou pequena - se mantém ou desaparece, são basicamente dois: ou ela se torna eficiente em todos os aspectos (gerencial, nutricional, genético, reprodutivo e de manejo) e se encaixa na atual forma de produzir, ou ela segue ineficiente na sua forma de produzir e inevitavelmente fará parte do grande grupo que reclama, desamina, diminui, vende e para.