O fato de encarar o pasto como uma cultura parece ser um mito para muitos produtores. Comumente, as áreas pouco produtivas ou, ainda, chamadas de áreas problemas, são destinadas às pastagens, as quais muitas vezes não são nem plantadas e sim, como dizem, "nascidas sozinhas".
Assim, todo o manejo do pasto fica comprometido em função da baixa resposta da forragem. Ao pensarmos que o sistema deve suportar o máximo de lotação, qualquer que seja o manejo adotado implicará no insucesso, pois não haverá condições favoráveis para o crescimento da forragem.
O investimento na formação ou implantação de pastagem deve ser considerado uma das atividades mais importantes, sob o ponto de vista econômico da bovinocultura a pasto.
Esta prática é tão importante que deve ser considerada como um plantio semelhante a outras culturas, e, como tal, o produtor deve procurar implementar as técnicas mais recomendadas à formação da pastagem em sua propriedade.
Sabe-se que a produtividade do pasto está intimamente relacionada com a escolha do local para implantação da pastagem, das espécies forrageiras (não existe forrageira milagrosa e sim a mais adequada para cada caso), época de plantio e com o preparo do solo. Ainda, plantar no momento certo é uma importante ferramenta para o sucesso.
Local de plantio do pasto
Em relação ao local de plantio do pasto, deve-se considerar que as altas produções são obtidas em solos de maior fertilidade. A escolha do lugar para as pastagens depende da topografia, das aguadas e da facilidade de se realizar a construção de cercas.
A maioria das espécies forrageiras não tolera solos encharcados. Ainda, locais que apresentam árvores ou bosques, são indicados para promover o bem-estar animal, protegendo os animais do sol, das chuvas e ventos frios.
Preparo do solo para pastagens
Com relação ao preparo do solo, este deve estar limpo, longe de cupins, plantas invasoras e demais objetos que venham a atrapalhar a mecanização do processo. Ainda, todo um preparo de contenção de água por meio de curva de nível é necessário, para que, não somente sirva para preservar o meio ambiente, mas também para que não prejudique a uniformização e emergência das plantas em função de enxurradas na área.
Depois disso, o preparo do solo em si se caracteriza pelas arações e gradagens nas áreas, quantas vezes forem necessárias. É fato que áreas que contenham mais invasoras, ou, ainda, que tinham outra forrageira implantada, possuem grandes quantidades de sementes oriundas das plantas que as compunham, formando no solo o que chamamos de banco de sementes.
Considera-se, em alguns casos, que em algumas áreas são necessárias até oito arações (foto 1) e oito gradagens para acabar com este banco de sementes. No entanto, comumente fazem-se duas arações e duas gradagens para o plantio.
Em muitos casos, recomenda-se uma segunda gradagem (após 20 dias da primeira), para eliminar o restante das ervas daninhas e, no máximo três dias antes do plantio, para que o solo esteja pulverizado para receber a semente, se este plantio for feito a lanço em cobertura.
Figura 1 - Arado para preparação de terreno para plantio de pasto.
Quando iniciar o plantio do pasto?
A umidade e o calor são importantes no momento do plantio, o qual deve ser realizado no início da estação das chuvas, que, para as condições do Brasil Central, ocorre de outubro a dezembro. O preparo do solo deve ser realizado no fim do período da seca, nos meses de agosto e setembro.
Adubação e correção do solo para plantio de pastagens
Para o plantio, as quantidades de adubo já devem estar preparadas para que seja feita a aplicação e o calcário (se necessário na área) já deve ter sido aplicado a pelo menos 30 dias antes deste plantio. Além disso, a análise de solo deve ser feita 3 meses antes (geralmente nos meses de maio - junho) para determinação do processo a ser feito em relação à correção do solo.
No plantio, geralmente somente é colocado o adubo fosfatado (adubo para crescimento da raiz), deixando o adubo potássico (se necessário) e nitrogênio para serem aplicados em cobertura nos ciclos de pastejos.
Quantidade de semente para plantação de pastos
No caso de plantio de pastagem por semente, para calcular a quantidade leva-se em consideração o valor cultural (VC) da semente. Assim, utiliza-se um valor médio de (300 a 500)/VC. Ou seja, para uma forrageira que possui 50% de VC, tem-se 10 kg de semente por hectare (500/VC).
Considera-se 300 para uma condição excelente de plantio, em termos de clima, preparo de solo e mecanização. Normalmente se faz utilizando condições piores, portanto utilizando-se o valor 500.
Depois de feito isso, a semente deve ser distribuída na superfície do solo e compactada utilizando-se rolos leves (foto 2), feitos de pneu ou tambores, para compactar, ou ainda, promover o contato da semente com o solo.
Lembrando que, se necessário, o adubo aplicado no momento plantio é somente o fosfatado, que pode ser misturado a semente.
É importante lembrar também que o plantio por semente pode ser feito por semeadoras, que dispensam o uso de rolos, pois desempenham a incorporação da semente no solo.
Figura 2 - Rolo compactador para plantio de sementes de capim.
Formação de pastos por mudas
Para pastagens implantadas por meio de muda, como o Coast-cross, Tifton, dentre outros se utiliza um método um pouco diferente. Pode-se utilizar, depois da área preparada (gradeada), a construção de sulcos a uma profundidade de 15 a 20 cm, com espaçamento por volta de 50 cm (Foto 3).
Em seguida, devem-se distribuir as mudas nos sulcos de maneira uniforme e cobri-las parcialmente com terra. A cobertura total das mudas deve ser evitada, para que a rebrota não seja prejudicada. Ainda, pode-se utilizar a distribuição das mudas sobre a superfície do solo, com imediata incorporação por meio de uma leve gradagem.
É um método prático, mas exige maior quantidade de mudas e de cuidados especiais, para que sejam bem incorporadas ao solo.
Um terceiro método é a formação de covas na área, com espaçamento de 40 a 50 cm, e levemente cobertas com terra, exigindo mais mão-de-obra. Devemos lembrar que a umidade do solo imediata no plantio por muda é primordial para o sucesso de todo o processo.
O plantio por semente, permite que a chuva demore até 15 dias em alguns casos para que ocorra e efetue a umidade do solo. No entanto, um solo úmido é necessário em todo o processo, seja por muda ou semente.
Figura 3 - Plantio de capim por muda (por sulcos).
É importante lembrar que todo processo deve ser feito com responsabilidade e, para que seja o mais eficiente possível, todo cuidado deve ser levado em consideração, desde a regulagem de máquinas sendo efetuada no momento certo e de forma correta. Assim, é importante que saibamos que as quantidades recomendadas devem ser muito próximas às aplicadas.
Em resumo, não adianta procurar por capins "milagrosos", que são mais produtivos, têm baixa exigência em fertilidade, tolerantes a seca, resistentes a pragas e sem estacionalidade de produção. Com certeza absoluta, este capim não existe.
Toda planta forrageira apresenta determinadas vantagens e limitações. Todavia, para que haja produção e consequentemente correta utilização da pastagem escolhida, é fundamental que se estabeleçam inicialmente os níveis de fertilidade adequados para cada forrageira em questão.
Um solo bem implantado e um manejo correto aliado a escolha correta da forragem aumenta a vida útil da pastagem e, consequentemente, do sistema.