O segundo leilão da plataforma GDT para o mês de janeiro, realizado hoje (16/01) sinalizou a manutenção do avanço nos preços internacionais dos derivados lácteos. Com uma recuperação de 2,3% em relação ao evento anterior, o preço médio das negociações ficou em US$ 3.493/tonelada, atingindo o maior patamar desde junho de 2023, como mostra o gráfico 1.
Gráfico 1. Preço médio leilão GDT
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
Sobre as categorias acompanhadas e negociadas no evento, todas apresentaram reajustes positivos. A manteiga aparece em destaque apresentando a maior variação, na ordem de 5,8%, sendo negociada na média de US$ 5.906/tonelada. Os queijos tiveram um reajuste de 1%, sendo negociados à US$ 4.217/tonelada.
O leite em pó desnatado, depois de reajustes negativos nos leilões anteriores, chegou ao valor médio de US$ 2.638/tonelada, 1,2% acima do evento anterior, mas ainda se encontra em um patamar baixo.
O leite em pó integral foi negociado na média de US$ 3.353/tonelada, apresentando uma diferença de 1,7% quando comparado ao valor negociado no início do mês.
Confira na Tabela 1 o preço médio dos derivados após a finalização do evento e a variação em relação ao evento anterior.
Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 16/01/2024.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
Quanto ao volume negociado no evento, no segundo leilão de 2024 o movimento de queda se manteve, chegando a um total de 24.909 toneladas negociadas, uma queda de 4,9% em relação ao evento anterior, sendo este o menor patamar dos últimos 5 meses para as negociações, como mostra o gráfico 2.
Gráfico 2. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
Sobre o mercado futuro do leite em pó integral o cenário segue o mesmo, com uma tendência de alta ao longo de 2024 para o LPI ainda bastante clara, segundo os ajustes da Bolsa de Valores da Nova Zelândia, como pode ser observado no gráfico 3 abaixo.
Gráfico 3. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures).
Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2024.
Neste leilão, a expectativa de uma menor oferta global de lácteos para 2024 ano se manteve. Esse contexto se dá em virtude de menores rentabilidades na produção de leite em diversos países ao longo de 2023.
No maior país importador do mundo, a China, o setor de produção de leite enfrenta desafios significativos, uma vez que os preços do leite cru não se recuperaram a tempo da alta temporada, tornando este ano possivelmente o mais fraco para os produtores nas últimas duas décadas, segundo o portal de notícia Yicai. Os preços do leite atingiram níveis mais baixos em seis anos em algumas regiões produtoras, com uma queda de 11% em relação ao ano anterior. Apesar da queda nos preços, a redução nos custos de ração animal, como milho e farelo de soja, proporcionou algum equilíbrio para as fazendas. No entanto, a oferta excessiva persiste, com fazendas em todo o país se desfazendo de cerca de um milhão de vacas durante o atual excedente. Mesmo grandes fazendas, geralmente mais estáveis financeiramente, estão sendo afetadas, levando alguns proprietários a considerar a venda de partes de seus negócios para processadores de laticínios, a fim de garantir parcerias mais estreitas e pedidos a preços viáveis em tempos difíceis.
Desta forma, as expectativas para as importações chinesas de lácteos em 2024 seguem mais positivas, o que auxiliaria a sustentar este avanço nos preços internacionais.
E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?
É importante destacar que, embora o GDT seja o principal indicador de preços de produtos lácteos em todo o mundo, nos últimos meses, nossos principais fornecedores de produtos lácteos para importação, como a Argentina e o Uruguai, continuam praticando preços superiores aos do GDT, devido à Tarifa Externa Comum (TEC) de 28% para importações de fora do Mercosul.
Assim como apontado anteriormente, este viés de alta para os preços internacionais dos derivados lácteos deve desestimular as importações brasileiras, que devem variar também de acordo com outros fatores, como demanda interna, disponibilidade dos principais fornecedores e entre outros.