Recentemente, o ESG - Environmental, Social and corporate Governance (Ambiente, Social e Governança) ganhou forças e está no foco de empresas de todos os segmentos. Em uma sociedade cada vez mais atenta às questões socioambientais tudo que indica que o ESG veio para ficar — e crescer.
No segmento de alimentos o ESG é evidenciado no apelo dos consumidores por alimentos sustentáveis, com baixa ou nenhuma pegada de carbono; em questões relacionadas ao bem-estar animal e rastreabilidade dos produtos, bem como o impacto das empresas para seus colaboradores e para o mundo.
Todos esses pontos se encaixam na cadeia do leite e foram abordados na 11ª edição do Fórum MilkPoint Mercado, na última quarta-feira (22/09). Agustin Blanco Ziegler, Diretor na Aqua Capita, empresa detentora da Plataforma UltraCheese, companhia de queijos composta pelas marcas Lac Lelo, Cruzília, Búfalo Dourado e Itacomy.
Para Ziegler, “o desafio para o agronegócio e para setor lácteo é reduzir os impactos ambientais e ao mesmo tempo atender as necessidades da sociedade.” Neste sentido, considerando a sustentabilidade, Agustin completou dizendo que: “é essencial que o crescimento do setor [lácteo] seja de forma sustentável.”
Em sua apresentação, Blanco abordou ações tomadas pelas fábricas de laticínios pertencentes à plataforma UltraCheese voltadas ao conceito ESG, entre elas: aproveitamento integral do soro de leite; energia renovável nas unidades da Lac Lelo e Cruzília, visitas técnicas aos produtores de leite e maior diversidade no quadro de colaboradores da empresa. “As empresas que conseguirem trabalhar melhor com os riscos, mitigando-os e criando impacto positivo são as que mais vão se valorizar com o tempo”, disse.
Luis Fernando Laranja, sócio da Guaraci Agropastoril — dona da marca NoCarbon, primeiro leite zero carbono do Brasil — também abordou o ESG. Laranja enfatizou que: “não é a terminologia ou uma sigla que torna as empresas sustentáveis. É a prática.” Neste sentindo, explicou que o NoCarbon Milk “é uma marca que nasceu de um conceito.”
Em sua palestra, Luis apresentou o projeto e produção de leite zero carbono, explicando que “é o plantio das árvores no sistema que faz o sequestro de carbono e no final torna o leite zero carbono.”
Ele também enfatizou questões de ética e transparência das empresas que incorporam o conceito ESG, mas ponderou que o propósito e qual o impacto de uma empresa para o mundo também é fundamental. “O conceito antigo de que a razão da empresa existir era gerar retorno financeiro para as acionistas ou sócios está ultrapassado. A empresa já não tem mais valor para a sociedade se a única meta dela for a obtenção de lucro.”
Também fomentando a discussão sobre o ESG na cadeia do leite, Antonio Diogo, VP de Lácteos na Nestlé Brasil, trouxe a jornada da sustentabilidade na cadeia de produção de leite da Nestlé.
Logo no início de sua apresentação, Antonio enfatizou que “temos que ser parte da solução e não cair naquela imagem que somos o problema.” Ao longo de sua abordagem, Diogo pontuou que o maior desafio é como escalonar a produção de leite sustentável.
Nesta perspectiva, destacou que o primeiro passo é melhorar a produtividade dentro da fazenda. “O primeiro passo da jornada é obter ganhos de eficiência e produtividade seja qual for o tipo de sistema de produção utilizado”, explicou. “A produtividade das vacas em lactação é fundamental para uma cadeia neutra na emissão de carbono,” complementou.
Expondo dados, Antonio disse que os países mais produtivos são aqueles que emitem menor gás carbono por vaca. “A melhor maneira de entregar práticas mais sustentáveis passa por alinhar toda cadeia e melhorar a produtividade das fazendas,” reiterou.
Finalizando o bate-papo sobre o tema, Isabela De Marchi, Gerente de Sustentabilidade para América do Sul da SIG Combibloc abordou a contribuição da embalagem de produtos lácteos para os fatores do ESG.
Isabela destacou que a embalagem cartonada é a melhor opção para o leite, visto que “ela é 100% reciclável e estudos demonstram que essa embalagem pode chegar em uma pegada de carbono até 45% menor que as outras opções para leite como o pet.”
“Hoje no Brasil nós temos um desafio enorme em relação à reciclagem, o país gera anualmente cerca de 80 milhões de toneladas de lixo, das quais cerca de 3% são recicladas.” Dessa forma, para Marchi “nós temos que olhar para todos os elos da cadeia,” ressaltando que “se o consumidor não colocar essa embalagem no lugar correto não adianta investir em nenhuma outra área da reciclagem.”
Diante do exposto, fica claro perceber que a inserção do ESG e seus conceitos na cadeia láctea envolve todos os elos desde a produção de leite mais sustentável, ações sociais e ambientais na indústria e conscientização dos consumidores quanto à reciclagem das embalagens.