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Conceitos atuais sobre mastite contagiosa ou ambiental - Parte 2

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E TIAGO TOMAZI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 09/01/2013

6 MIN DE LEITURA

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Marcos Veiga dos Santos e Tiago Tomazi*

Análise de dados

A análise dos dados de sanidade da glândula mamária é o primeiro passo no diagnóstico dos perfis de transmissão de agentes causadores de mastite em nível de rebanho. Recomenda-se que ambos os dados de CCS individual e registros de ocorrência de mastite clínica estejam disponíveis para análise. Com esses dados, é possível obter uma primeira indicação dos prováveis padrões de transmissão de infecções intramamárias (IIM) em um rebanho. Características importantes da transmissão contagiosa são: longa duração das IIM; CCS do leite de tanque relativamente alta; ocorrência de múltiplos casos clínicos de mastite em um único quarto mamário; alta CCS nos meses antecedentes à ocorrência de mastite clínica; e correlação positiva entre a prevalência de infecções existentes e o risco de novas infecções pelo mesmo patógeno.

Por outro lado, características importantes da transmissão ambiental são: duração relativamente curta das IIM; baixa CCS do leite de tanque; alta incidência de casos clínicos de mastite; ausência de IIM de longa duração; baixa CCS individual antes da ocorrência de casos de mastite clínica; alta incidência de IIM com sinais clínicos imediatamente após o parto; e ausência de correlação positiva entre a prevalência de infecções existentes e o risco de novas infecções pelo mesmo agente.

Dados individuais periódicos de CCS são muito informativos para determinar o perfil de transmissão de mastite em uma propriedade leiteira. Longos períodos (acima de 2 meses) de alta CCS indicam o potencial de transmissão contagiosa de mastite no rebanho. Já em rebanhos onde ocorrem surtos de mastite ambiental, o período de alta CCS (> 200.000 células/mL) normalmente é mais curto devido ao perfil agudo deste tipo de infecção. Outra forma que auxilia no diagnóstico do perfil de transmissão se dá por meio de análises de correlação entre o percentual de novas vacas com alta CCS por teste e o percentual de vacas com persistência de alta CCS no mesmo teste.

Avaliação dos fatores de risco

A segunda fonte de informações fundamentais para identificação do perfil predominante de transmissão de mastite em nível de rebanho baseia-se em uma avaliação criteriosa dos fatores de risco relacionados à mastite. Estes fatores de risco estão compreendidos nas seguintes categorias: biosseguridade, procedimentos de ordenha, sistema de ordenha, tratamento de IIM, higiene do animal e condição das instalações, e manejo de susceptibilidade. Para cada categoria, questionários, observações e mensurações devem ser realizadas rotineiramente. Para uma avaliação adequada, as respostas devem ser padronizadas a fim de se obter um escore de pontuação. Para cada uma das categorias, também é adicionado um escore geral baseado na opinião de consultores. Este último é muito importante, já que muitos produtores já estão cientes dos principais fatores de risco envolvidos com a sanidade do úbere e realizam práticas de manejo para prevenir a mastite. Contudo, a forma de aplicação das melhores práticas de manejo difere entre fazendas. Por exemplo, muitas fazendas usam desinfetantes de tetos após a ordenha, no entanto, em muitos casos, a cobertura dos tetos com o desinfetante é relativamente pobre. Desta forma, mesmo que a fazenda esteja aplicando as melhores práticas de manejo conhecidas, o escore geral do técnico responsável poderá ser mais baixo em fazendaa com execução inadequada destas práticas.

O Quadro 1 ilustra um exemplo de avaliação de risco da mastite. O resultado final desta avaliação demonstrou uma pontuação específica para cada uma das seis áreas de risco identificadas e uma pontuação geral de 71%. A pontuação foi dimensionada de tal forma que 100% é um resultado perfeito e 0% é um resultado extremamente deficiente. Neste exemplo, a fazenda em questão tem duas áreas de alto risco (biosseguridade e sistema de ordenha). Os problemas de biossegurança nesta fazenda foram relacionados à compra de animais de reposição, em que não existia um plano de análise microbiológica do úbere dos animais que entravam no rebanho. O fator de risco relacionado ao sistema de ordenha consistiu em um problema de flutuação de vácuo e ausência de manutenção periódica do equipamento de ordenha. Com base nisto, a fazenda apresentou alto risco de desenvolvimento de infecção com perfil contagioso.

Quadro 1 – Sumário de avaliação dos fatores de risco de uma fazenda com alta predisposição ao perfil de transmissão contagioso. Escore superior a 80% é considerado alto, entre 60 e 80% médio, e abaixo de 60% é considerado baixo.
  
Fonte: Adaptado de Schukken et al., 2012.

Perfil de infecção

O perfil de infecção em nível de rebanho consiste na identificação dos microrganismos isolados e das características específicas das bactérias identificadas. A identificação das espécies bacterianas responsáveis pelas IIM é a primeira indicação de qual padrão de infecção é mais predominante na fazenda. Por exemplo, se diferentes espécies ou cepas estão envolvidas, é indicativo de um problema ambiental, enquanto o envolvimento de cepas comuns isoladas de várias IIM sugere um perfil de transmissão contagioso. O isolamento de uma única espécie bacteriana não é suficiente para o diagnóstico do padrão de infecção em nível de rebanho. Ou seja, o diagnóstico de uma única infecção por S. agalactiae não implica necessariamente em um problema de mastite contagiosa, enquanto muitos casos de mastite clínica por Klebsiella spp. não estão, necessariamente, relacionados a um problema de mastite ambiental. 

Técnicas de microbiologia molecular podem auxiliar na identificação de cepas específicas de organismos causadores de mastite e distinguir entre perfis de transmissão de infecção clonais e não-clonais. Tais metodologias podem, inclusive, identificar a persistência de infecção em um quarto mamário dentro de um determinado período. Infecções intramamárias persistentes são mais propensas a transmitir a doença entre quartos mamários ou vacas, e estão relacionadas com padrão de transmissão contagiosa. A identificação de IIM persistentes ou cepas com habilidade de causar este tipo de infecção são importantes para avaliar o perfil de transmissão de mastite.

Conclusões

O diagnóstico de mastite contagiosa ou ambiental em nível de rebanho só pode ser realizado com precisão quando as três fontes de informações (análise dos dados, avaliação dos fatores de risco e perfil de infecção) são avaliadas detalhadamente. A descrição de surtos de infecção de diferentes espécies bacterianas demonstram que praticamente todas as espécies podem apresentar características tanto com perfil de transmissão contagioso quanto ambiental. O simples registro das espécies de bactérias identificadas na fazenda não é suficiente para o diagnóstico definitivo do perfil de transmissão de mastite em nível de rebanho. Técnicas mais apuradas que possam distinguir entre as cepas bacterianas são necessárias para o diagnóstico preciso do perfil de transmissão de IIM. A partir disto, programas de prevenção e tratamento específicos podem ser propostos aos produtores de leite a fim de combater a mastite e melhorar a sanidade do rebanho. 

Referências bibliográficas

Schukken, Y.H.; Leemput, E.S.D.; Moroni, P.; Welcome, F.; Gurjar, A.; Zurakowski, M.; Gutierrez, C.; Ceballos, A.; Zadoks, R. Contagious or environmental – a herd diagnosis. In: XXVII World Buiatrics Congress 2012. Lisboa - Portugal, 2012, 145-148 p.
Haveri, M.; Roslöf, A.; Rantala, L.; Pyörälä, S. (2007) Virulence genes of bovine Staphylococcus aureus from persistent and nonpersistent intramammary infections with different clinical characteristics. J Appl Microbiol. 103:993-1000.
Munoz, M.A.; Welcome, F.L.; Schukken, Y.H.; Zadoks, R.N. (2007). Molecular epidemiology of two Klebsiella pneumoniae mastitis outbreaks on a dairy farm in New York State. J Clin Microbiol. 45:3964-3971.

Fonte: publicado originalmente na Revista Leite Integral, edição 44, outubro/2012.
*Tiago Tomazi é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP (https://www2.fmvz.usp.br/nutricaoanimal/)

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

TIAGO TOMAZI

Médico Veterinário e Doutor em Nutrição e Produção Animal
Pesquisador do Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP

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MARIANA POMPEO DE CAMARGO GALLO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 04/10/2013

Para os interessados no assunto, o novo curso online "Aumente o lucro pelo controle e prevenção da Mastite Bovina" abordará o impacto econômico da mastite no rebanho e como diminuir os gastos com o tratamento.

Além disto, serão fornecidas informações necessárias para diferenciar mastite ambiental e contagiosa, adotando a melhor forma de prevenção.

O instrutor do curso é o autor deste artigo, Marcos Veiga, pesquisador especialista em controle de mastite.

O curso terá início dia 05/11 e as inscrições já estão abertas no site: https://www.agripoint.com.br/curso/mastite/
JUAREZ CABRAL FERNANDES

QUIRINÓPOLIS - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/04/2013

Muito Bom, Parabéns pelo artigo.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 20/01/2013

Prezado Paulo Fernando, obrigado pelo comentário e parabéns pelo trabalho de redução da CBT. Em relação a CCS, o uso de um bom produto para secagem das vacas é uma das medidas essenciais, mas não é a única, pois o efeito somente ocorreria quando a vaca secada iniciar a nova lactação. Além disso, se não houver um trabalho de prevenção de novos casos de mastite (manejo de ordenha, pré e pós-dipping, segregação de vacas, tratamento de mastite clínica, manutenção de equipamentos), todo o esforço de melhoria da secagem pode ficar comprometido.

Um ponto fundamental para redução da CCS das vacas é o monitoramento individual de CCS (mensalmente) e a identificação por meio de cultura microbiológica do leite dos agentes causadores. Dependendo do tipo de agente, pode-se recomendar medidas específicas (tratamento, decarte, segregação, etc). No entanto, sem esta informação, a causa do problema fica sem identificação e as medidas de controle são empregadas de forma genérica.

Atenciosamente, Marcos Veiga
PAULO FERNANDO ANDRADE CORREA DA SILVA

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/01/2013

Caro Dr. Marcos,
Tenho na fazenda CBT de 10 e CCS na faixa de 800. Apesar de todo investimento em equipamentos ( extrator autom'atico, teteiras de silicone,etc) n`ao tenho conseguido sucesso em abaixar a ccs do tanque.

Recentemente os veterin'ario tem recomendado secar as vacas com um antibi'otico (Cepravin) que custa por volta de R$ 13,00/dose, qdo normal seria gastar R$ 6,00/dose.

Qual a sua opiniao sobre esta recomendacao?

Obrigado e um abra'co.

Paulo Fernando. APLISI.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/01/2013

Prezado Márcio, de forma geral, eu não recomendaria o tratamento de mastite subclínica, sem antes identificar quais os agentes causadores. Os resultados de estudos indicam que somente é vantajoso economicamente tratar vacas com mastite subclínica causada por Streptococcus agalactiae. Sendo assim, primeiramente é necessário fazer uma levantamento sobre as causas da mastite subclínica. Se for o agente Strep. Agalactiae, seria recomendado o tratamento durante a lactação. Dependendo do agente causador, pode-se recomendar outros tipos de medida.

Atenciosamente, Marcos Veiga
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/01/2013

Preza Marcos, saudações.

Muito bom, como sempre, seus artigos. Sempre levo em consideração as suas orientações em minha propriedade.
Gostaria de saber qual é a sua orientação para reduzir a CCS, pois a mastite clínica está em níveis baixos, não chegando a menos de 1% dos animais em lactação e com períodos, como agora, onde não existem animais com esse tipo de infecção.
Na última análise os dados da CCS foram para duas coletas de dezembro: 707 e 531 e SBT 11 e 24 respectivamente.
Devo tratar os animais com mastite subclínica?? Tenho orientações que não é economicamente viável realizar esse procedimento.
Abraço
Márcio

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