Os critérios para a escolha de touros para inseminação artificial ou FIV ainda são utilizados de forma incorreta por muitas pessoas no campo.
Preço, Cor e PTA Leite ainda estão como os principais parâmetros para definir uma compra de sêmen, não que esses itens não sejam importantes, mas jamais devem ser os únicos pontos de avaliação.
A ideia aqui não é falar sobre os principais indicadores que devemos levar em consideração nessa escolha, eles são muitos e ainda devemos levar em conta o plano genético específico para cada fazenda. Mas gostaria de enfatizar um em particular: DPR (Daughter Pregnancy Rate) ou Taxa de Prenhez das Filhas.
Vale lembrar que a Taxa de Prenhez é o indicador reprodutivo mais completo, pois leva em consideração tanto Taxa de Concepção como Taxa de Serviço (ou Inseminação). A DPR mede a velocidade com que as fêmeas de um rebanho estão ficando gestantes. A cada 1 ponto positivo de DPR significa que as filhas desse touro são 1 ponto percentual mais propícias a emprenharem durante o ciclo estral do que as de um touro com uma avaliação 0.
As características reprodutivas de forma geral possuem baixa herdabilidade, talvez por isso tenham sido negligenciadas por muito tempo. Porém, a seleção de fêmeas de maior fertilidade, evitando a multiplicação da genética dos animais ruins para essas características nos ajuda bastante a alcançar bons indicadores de reprodução.
Diante disso, destaco dois pontos importantes: usar a DPR como um importante critério na escolha de touros, e também o uso da genômica, para identificar as fêmeas mais férteis dentro do rebanho.
Dados do PDPL
Duas pequenas fazendas atendidas pelo Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira – PDPL, na região de Viçosa-MG, fizeram o teste genômico das fêmeas em cria e recria, totalizando 97 animais da raça holandesa.
Tendo esses dados em mãos, analisamos a DPR delas e as classificamos em 3 grupos (maiores, intermediários e menores valores para esse indicador), e comparamos com a DPR de seus respectivos pais, o que pode ser visto na Tabela 1.
Tabela 1. Comparação da DPR dos grupos e de seus respectivos pais.
Percebemos a importância da escolha de touros positivos para DPR. Futuramente, quando essas novilhas entrarem em reprodução, iremos comparar esses dados com seus resultados reprodutivos ocorridos.
Ter animais mais e menos férteis dentro de um rebanho é normal em qualquer fazenda. O que vamos fazer com cada um deles é que deve ser diferente. Fazer o uso de sêmen sexado nas fêmeas mais férteis ou até mesmo usá-las como doadoras de oócitos para produção in vitro de embriões são exemplos de manejo direcionado para seleção em fertilidade.
Infelizmente um erro muito comum no campo na escolha de vacas doadoras de oócitos é eleger vacas com alta produção de leite que não emprenham facilmente no rebanho. Isso é um caminho totalmente contrário para um melhoramento genético reprodutivo. Claro que existem vários fatores que afetam a reprodução além da genética, mas, mais uma vez, fica demonstrado o grande papel da genotipagem do rebanho para essa seleção.
Já foi demonstrada, em artigos anteriores, a importância da reprodução nos resultados econômicos de uma fazenda leiteira. Você pode conferir o artigo "Reprodução vc retorno econômico", aqui. E também acessar o artigo "Vale a pena investir em reprodução?".
Sendo assim, trabalhar a seleção genética nesse sentido é apenas uma das engrenagens para o sucesso reprodutivo, porém, deve estar na pauta do planejamento de toda fazenda.
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