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É viável economicamente a implantação da irrigação na produção de silagem de milho? Eis a questão.

PDPL/PCEPL-UFV

EM 23/01/2024

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 04/01/2024

Os projetos de viabilidade voltados à implementação de irrigação na cultura do milho para silagem na pecuária leiteira têm crescido a passos lentos, em virtude do pouco acesso às informações técnicas por parte dos produtores, variações acentuadas nos preços de mercado, descapitalização dos produtores e êxodo rural.

Quem nunca se deparou com as seguintes afirmações no meio rural: “Irrigação é muito caro”, “Meu vizinho não irriga e colhe muita silagem”.

No entanto, tal tecnologia se faz necessária por conta da ocorrência de déficits hídricos pronunciados no solo durante os meses de fevereiro a outubro (Resende et al., 2000), somado a frequentes "veranicos", levando a perdas significativas no rendimento da cultura, especialmente quando a falta de água ocorre nos períodos críticos de desenvolvimento da planta (Figura 1), ou seja, no início do florescimento (VT), no qual ocorre a determinação do número potencial de grãos; no período de fertilização (R1), em que o potencial produtivo é fixado, e no enchimento de grãos (R5) (Morizet & Togola, 1984).

Segundo Henckel (1964), se houver carência de recurso hídrico uma semana após a emissão das antenas, podem haver perdas de até 50% na produção do milho e déficits após esse período resulta em danos de até 30%. Corroborando com o estudo anterior, Aldrich et al. (1982) afirma que dois dias com escassez de água antes do florescimento diminui 20% e quatro dias, mais de 50% na produção.

Figura 1. Fases de desenvolvimento da cultura do milho

Fases de desenvolvimento da cultura do milho

Fonte: Adaptado IPNI, 2023.

Uma saída para esse cenário é por intermédio de tecnologias de manejo, como a irrigação, mas, para implementação de tal tecnologia, deve-se realizar projeto com foco na viabilidade econômica da irrigação para o milho silagem, a fim de minimizar os riscos, tempo de retorno do capital (TRC); Relação Benefício/Custo descontada (B/C %); Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).

  1. Tempo de Retorno do Capital (TRC) é o tempo necessário para igualar o fluxo de caixa do projeto a zero. Em projetos de longo prazo esse valor é expresso em ano e, para projetos de curto prazo, pode ser contabilizado em meses. Este tempo é contado a partir do início do investimento.
     
  2. Relação Benefício/Custo Descontada (B/C %) expressa o quociente entre o somatório dos valores presentes positivos do fluxo de caixa e o somatório dos valores presentes negativos do fluxo de caixa do projeto, sendo a quantidade que cada unidade monetária investida no projeto retorna para o investidor.
     
  3. Valor Presente Líquido (VPL) é definido como a soma do fluxo de caixa de um projeto, descontado ano por ano, a uma taxa constante de juros. Essa taxa de juros foi considerada 6%.
     
  4. Taxa Interna de Retorno (TIR) é o valor da taxa de juros (taxa de desconto) que iguala o valor presente líquido a zero. A grande vantagem da TIR é a sua facilidade de interpretação, pois o seu valor pode ser comparado diretamente com a taxa que o mercado financeiro está pagando no momento.

Então para implementação do projeto de irrigação na cultura do milho silagem, primeiramente, é necessário a orçamentação, na qual envolve a estimativa da renda provável, do valor do investimento e das despesas operacionais com o sistema. Abaixo vamos descrever sobre um projeto implementado em uma fazenda assistida pelo PDPL (Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira) em Viçosa.

Em relação ao investimento inicial, consideraram-se os seguintes equipamentos: autopropelido tipo carretel; bomba normalizada; motor à diesel; tubos de PVC; conexões; mangueira de hidrante e registro, resultando no valor de R$81.135,03 (Tabela 1).

Tabela 1. Investimento em equipamentos para implantação do sistema de irrigação

 Investimento em equipamentos para implantação do sistema de irrigação
Fonte: Elaborado pelos autores.

No projeto, foi considerado uma área plantada de quinze hectares (15ha), que representava o cenário desta fazenda, e um ponto interessante é que a realidade da pecuária leiteira são propriedades de médio á pequeno porte, sendo essa área compatível com esses projetos.

Em relação às despesas operacionais, considerou-se o óleo diesel, a mão de obra, a manutenção do sistema ao longo do tempo e a hora máquina para deslocamento do sistema de irrigação, resultando em um valor de R$2.926,10 por hectare (R$43.891,50 para o total de 15ha) (Tabela 2).

Tabela 2. Despesas operacionais anuais associadas à condução do sistema de irrigação

Despesas operacionais anuais associadas à condução do sistema de irrigação
Fonte: Elaborado pelos autores

Com o investimento no sistema de irrigação para cultura do milho silagem, o uso será significativo na safrinha, onde o déficit hídrico é mais pronunciado. Com isso, estima-se um aumento de até quinze toneladas de MN por hectare (15ton/ha), em áreas que adotam esse sistema. É importante ressaltar que ocorre uma perda de até dez porcento (10%) na área de plantio, oriunda dos corredores para o deslocamento do implemento (Tabela 3). Com a finalidade de estimar a receita obtida através da irrigação, o preço da tonelada de silagem referente ao milho safrinha foi de R$400,00 reais a tonelada de MN, alcançando receita de R$ 81.000,00 por ano.

Tabela 3. Adicional de receita (entrada do projeto) em função do uso sistema de irrigação

Adicional de receita (entrada do projeto) em função do uso sistema de irrigação
Fonte: Elaborado pelos autores.

No fluxo de caixa do projeto, em termos de saída (despesa), o primeiro ano apresentou o valor de R$ 125.026,53 reais, no qual está incluído o valor do investimento inicial, adicionado das despesas operacionais. Do segundo ano até o último ano avaliado, as despesas foram de apenas R$43.891,50 reais.

No cenário de entrada de recurso (receita), observa-se que o valor é proveniente da diferença entre a produtividade do milho que está em sistema de irrigação para o convencional, alcançando o valor de R$ 81.000,00 reais por ano, exceto no último ano que o valor tem um acréscimo de, aproximadamente, R$19.666,67 reais, devido ao valor residual do projeto ao final do seu horizonte de planejamento, em decorrência do valor ainda embutido no equipamento de irrigação ao final do décimo ano.

Na avaliação econômica e financeira do projeto alcançou taxas interessantes, na qual a VPL foi de R$220.014,74, indicando que o projeto rendeu a taxa de juros (desconto) paga pelo mercado financeiro e ainda houve um saldo positivo. Para a taxa interna de retorno (TIR), o valor obtido foi 84,1% ao ano, ou seja, uma rentabilidade acima do valor usado como comparação (6% ao ano). A relação B/C (%) atingiu marca próxima dos 500% para dez anos, indicando um retorno de R$6,00 para cada R$1,00 investido durante o tempo total do projeto.

O Tempo de Retorno do Capital descontado (6%) ou payback time aconteceu no 3º ano do projeto, indicando esse período com o tempo necessário para igualar o fluxo de caixa do projeto a zero, ou seja, o tempo necessário para recuperar os investimentos iniciais feitos no projeto.

Com isso, conclui-se que foi viável economicamente a implantação da irrigação para uma área de quinze hectares na produção de silagem de milho (a partir das premissas adotadas), haja visto que o projeto tem atratividade alta e risco baixo.

 

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Autores:

Altair Dias de Moura - Professor titular do Departamento de Economia Rural DER-UFV

Marcus Vinicius Castro Moreira - Médico Veterinário do PDPL

Yuri Cesconetto Ebani -  Graduando em Zootecnia DZO-UFV e estagiário Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira PDPL.

Referâncias:
MORIZET, J.; TOGOLA, D. Effet et arrière-effet de la sécheresse sur la croissance de plusieurs génotypes de maïs. In: Les besoins en eau des cultures, conférence internationale, Paris, Versailles, 11-14 septembre 1984. 1985. p. 351-359.

HENCKEL, P. A. Physiology of plants under drought. Annual review of plant physiology, v. 15, n. 1, p. 363-386, 1964.

ALDRICH, Samuel R. et al. Modern corn production. Modern corn production., n. 2. ed., 1975.

RESENDE, Morethson; DE FRANCA, Gonçalvo Evangelista; COUTO, Lairson. Cultivo do milho irrigado. 2000.

IPNI – BRASIL. FASES DE DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO MILHO. Disponível em: <https://brasil.ipni.net/ipniweb/region/brasil.nsf/0/81A0BBD6E936445D83257AA0003A892E/$FILE/MF3305BP-CornGrowth-portuguese_FINAL.pdf>, acesso em: 03/11/2023.

REZENDE, J. L. P.; OLIVEIRA, A. D. Análise econômica e social de projetos florestais: matemática financeira, formulação de projetos, avaliação de projetos, localização de projetos, análise de custo-benefício. Viçosa: Ed. UFV, 1993.

CASAROTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão e estratégia empresarial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

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