Do campo para as gôndolas, o primeiro bloco da segunda sessão do Dairy Vision trouxe à tona a perspectiva dos produtos concorrentes, bem como as narrativas e alternativas que o setor lácteo pode oferecer aos consumidores.
“O investimento de capital de risco em proteínas alternativas segue crescendo. Atualmente, há um maior investimento em fermentação e cultivo celular, pois essas tecnologias têm um futuro e uma possibilidade muito maior do que a proteína vegetal,” disse Luis Azevedo, Global Director, Agrimprove na Royal Agrifirm e Venture Partner The Yield Lab, iniciando a segunda sessão do Dairy Vision 2022.
De acordo com o palestrante, o tamanho da indústria de proteína animal (insumos e grãos) corresponde a 1,65 trilhão de dólares. “Isso mostra o motivo do interesse na proteína alternativa,” ressaltou.
Para Azevedo, com uma maior preocupação da sociedade com a sustentabilidade, as proteínas de origem animal encontram ressalvas. Por outro lado, o grande gap das vegetais diz respeito ao sabor e textura dos produtos. No debate, que ocorreu ao final do painel, conduzido por Marcelo Carvalho, CEO do MilkPoint Ventures, Luis comentou que as proteínas vegetais são mais uma "provocação" de como será o futuro do que o fim da proteína animal.
Em relação à sustentabilidade, Peer Ederer, Diretor Fundador na Goal Sciences, disse que embora existam apelos sobre o tema, “metade das florestas não irão desaparecer até 2050.” Em sua visão, os números em torno desta narrativa tem um lado emocional.
Ederer afirmou que acredita na agricultura animal. “Os animais convertem alimentos de baixa qualidade em alimentos de alta qualidade (...) É por isso que eu acredito na agricultura animal. É por isso que eu acredito que precisamos cada vez mais de animais."
“Precisamos, sim, de mais leguminosas, de mais leite, de mais carne, de mais ovo e, principalmente, precisamos reduzir o desperdício. Precisamos melhorar nossas tecnologias para gerar fontes alternativas de proteína. Não só para garantir essas fontes de proteínas para os humanos, mas também para disponibilizar para os animais,” finalizou.
Sua empresa tem desperdício? Esse foi o questionamento feito por Natasha Pádua, Cientista de alimentos Co-fundadora da Upcycling Solutions no início de sua palestra. Para ela, a melhor maneira de lidar com o resíduo, é não gerar. Ir para o aterro e incineração devem ser a última possibilidade.
Nesta perspectiva, a Upcycling Solutions usa ingredientes que, de outra forma, não teriam ido para o consumo humano, são adquiridos e produzidos usando cadeias de suprimentos verificáveis com impacto positivo no meio ambiente.
Na indústria queijeira, o soro é um resíduo abundante. Para produzir 10 kg de queijo são gerados 90 kg de soro. Com a utilização da Upcycling, Natasha trouxe diversos cases de sucesso de reaproveitamento de soro como produtos ou coprodutos, como soro saborizado, por exemplo. “O consumidor não tem problema em consumir soro, mas ele quer saber o que é soro. (...) nós deixamos apenas de gerar um resíduo e damos valor a ele.” disse.
Na mesma lógica de que o “consumidor quer saber o que é soro,” Cristian Chiavassa, Produtor de Leite no Grupo Chiavassa, reforçou a importância de “contar o que fazemos” dentro das propriedades. Ações como a sustentabilidade ambiental, a substituição de fertilizantes químicos por fertilizantes orgânicos, dejetos através da compostagem, além das questões relacionadas ao bem-estar fazem parte da narrativa Chiavassa.
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