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Interleite Sul: referências internacionais são destaque no último painel do evento

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 29/06/2015

10 MIN DE LEITURA

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Na tarde de sexta-feira (19/06) foi realizado o último painel do Interleite Sul 2015, com a apresentação de dois palestrantes internacionais, e também de Sandro Viechnieski, que ministrou o Workshop sobre Compost Barn realizado às vésperas do evento. Marlizi M. Moruzzi, Editora da Revista Leite Integral, fez a moderação do painel.

Jeffrey Bewley, da Universidade do Kentucky, EUA, maior especialista mundial em compost barn, falou sobre as diferenças entre o “Compost Barn ou Free Stall para alojar vacas em clima quente e úmido”.
Iniciando, Bewley contextualizou o uso do sistema de compostagem em fazendas leiteiras. “Utilizado em diversos países do mundo, o compost barn tem sido a opção de confinamento em várias fazendas no Brasil”, afirmou. Entre os principais conceitos do sistema está a maior área de descanso para os animais, a manutenção das vacas limpas e secas (quando intensivamente manejado) e menos trabalho para a equipe em relação ao free stall. “No entanto, quando mal manejado, pode trazer riscos maiores em relação a outras instalações”, alertou.

Sobre o dimensionamento do sistema, Bewley ressaltou a importância de se assegurar o espaço mínimo de área de descanso (cama) de 9 a 10 m2 por vaca, e considerar o número de vacas em lactação no inverno, quando normalmente aumenta a concentração de partos. “Deve haver uma parede isolando a área de descanso do corredor de alimentação, onde também devem estar instalados os bebedouros. Para evitar que os animais levem em suas patas muita umidade para a cama, o corredor deve ser mantido limpo”, disse.
Bewley falou também sobre o posicionamento do galpão. “Sempre que o terreno permitir, o comprimento deve estar orientado no sentido leste-oeste, para reduzir o tempo em que o sol atinge diretamente o interior do galpão, e também para maximizar a ventilação natural no verão”, afirmou.

O especialista listou várias vantagens do compost barn, entre elas: confortável superfície de descanso; fácil para deitar e levantar, por não ter divisórias e degraus; vacas de diferentes tamanhos e raças podem ser alojadas juntas; maior expressão de cio (monta) em função do melhor piso (comparado ao concreto); quando manejado corretamente, proporciona uma superfície seca para descanso, mantendo as vacas com úberes limpos.

Segundo Bewley, alguns cuidados no manejo são fundamentais para obter sucesso no processo de compostagem. “É preciso assegurar a correta profundidade da cama, e que a mesma seja revolvida no mínimo 2 vezes ao dia, idealmente 3 vezes. O design do barracão influi muito na facilidade de deslocamento do trator, sendo que o revolvimento em diferentes sentidos e também em círculos aumenta a infiltração de ar e ajuda a remover compactações. Uma ventilação adequada é fundamental para manter a cama seca e o conforto dos animais”, afirmou.

O especialista mostrou resultados de um questionário respondido por 43 produtores de Kentucky, EUA, entre outubro de 2010 e março de 2011. Como principais benefícios do compost barn, os produtores citaram: 1) aumento do conforto animal; 2) vacas mais limpas; 3) menor manutenção; 4) bom para todas as categorias animais (de novilhas a vaca secas); 5) permite o descanso das vacas em sua posição natural.

Entre os motivos pelos quais alguns sistemas de compost barn não funcionam, Bewley destacou as falhas no dimensionamento e design do projeto, alta taxa de lotação, material impróprio usado como cama, e a frequência insuficiente de revolvimento da mesma.

Para finalizar, Jeffrey Bewley afirmou que o compost barn é uma excelente opção de confinamento, com a melhor relação custo-benefício. “O segredo está no manejo. Quando feito corretamente, conseguimos o maior conforto animal, com menor custo. Isso se traduz diretamente na produção e rentabilidade da fazenda leiteira”, assegurou o especialista.

Na sequência, o médico veterinário Alfonso Lago falou sobre a “Criação terceirizada de bezerras e novilhas: justificativa, formatos, contratos e cuidados a se tomar”. Alfonso Lago é fundador da Dairy Experts, uma empresa de consultoria integral em fazendas leiteiras e centros de recria que atua na Califórnia, EUA.

“A terceirização da recria de novilhas é algo ainda novo, que começou a existir nos últimos 20 a 25 anos. Atualmente há centros de recria que trabalham com até 80.000 novilhas e tourinhos de 1 a 120 dias de vida”, contou Lago. “Em 75% dos casos as bezerras são de propriedade do produtor, mas há centros de recria que compram as bezerras e depois vendem as novilhas tanto para o mesmo produtor como também para outros clientes’, disse.

Lago mostrou diferenças entre os sistemas em relação ao recebimento e criação dos animais. “A maioria dos centros recebe as bezerras aos 3 dias de vida e faz a recria até os 8 meses. Outros recebem as bezerras aos 3 dias de vida e as mantêm até os 21 meses, ou seja, 2 meses antes do 1o parto. Há ainda os que recebem as bezerras desmamadas e fazem a recria até o pré-parto”, contou.

Sobre o tipo de alojamento, Lago disse que até a desmama as bezerras permanecem em casinhas individuais ou baias ventiladas, e após a desmama seguem para lotes coletivos, de acordo à idade. “Aqui pode variar entre os centros. A maioria utiliza piquetes para agrupamento dos animais, mas há aqueles que fazem a recria em free stalls”, afirmou.

Para o aleitamento das bezerras, os centros mantêm bancos de colostro, e mais de 50% oferece leite de descarte pasteurizado ou sucedâneo. “São fornecidos 4 a 5 litros por bezerra por dia, mas nos últimos anos vimos uma tendência para aumentar o fornecimento diário, seja alimentando mais vezes ao dia, ou aumentando o teor de sólidos no leite. Os alimentadores automáticos têm sido bastante utilizados também”, contou Lago. “A partir do sexto dia inicia o fornecimento de algum concentrado, e aos 50 dias passam a receber feno. A desmama é realizada entre a 6a e 8a semana de idade”.

Segundo Lago, a maior taxa de mortalidade deve-se às causas respiratórias, seguida da diarreia. Para garantir a saúde das bezerras, Alfonso ressaltou que o primeiro e mais importante passo é realizar a correta colostragem desses animais. Além disso, mais de 70% dos centros vacinam os animais contra as principais enfermidades. “Nesse tipo de sistema, o que mais preocupa é a questão da sanidade. Os centros de recria estão cientes de que pode ocorrer algum problema de difícil controle. E uma boa saúde das bezerras é o que vai manter a relação do criador terceirizado com o produtor”, ressaltou.

Para avaliar a imunidade das bezerras, 72% dos centros testam a concentração de proteínas séricas totais no momento em que chegam à propriedade, para avaliar a qualidade da colostragem realizada e, consequentemente, a eficiência da transferência passiva de imunidade. “Destes centros que realizam a avaliação, 50% não aceitam as bezerras com baixa proteína total; outros 40% aceitam, mas impõem algumas condições, como por exemplo um adicional no custo de recria, justificado pelo maior risco de enfermidades por falha imunológica. E 10% fazem essa avaliação apenas para monitoramento, e aceitam todas as bezerras normalmente”, contou Lago.
O veterinário listou alguns fatores que resultam na mortalidade da bezerra, entre eles o parto em local inadequado (sujeira, umidade), colostro contaminado (alta contagem de coliformes totais), contaminação do veículo utilizado para transporte das bezerras, e contaminação dos alimentos líquidos ou sólidos.

Em relação aos benefícios da recria terceirizada, Lago afirmou que “além da menor taxa de mortalidade, os sistemas terceirizados possuem menor custo. Conseguem também fazer a desmama antecipada, sem prejudicar o desenvolvimento das bezerras, assim como reduzir a idade ao primeiro parto”, afirmou. Segundo ele, a principal vantagem em terceirizar a recria das novilhas está em liberar espaço nas instalações da fazenda, assim como reduzir a carga nutricional. “Desta forma conseguimos aproveitar o espaço e a mão de obra para crescer a produção, ou seja, liberando espaço para mais vacas em lactação”, ressaltou.

Por fim, Lago falou sobre os tipos de contratos utilizados nesses sistemas. “Nos contratos devem constar a forma de pagamento (por dia ou por ganho de peso), de quem são os custos fixos e/ou variáveis, as despesas no caso de morte de bezerras, se há direito de recompra pelo produtor, entre outros pontos. “O mais importante é que se faça um contrato por escrito, com descrição muito clara das responsabilidades das duas partes envolvidas”, ressaltou.

Encerrando o painel, o Médico Veterinário Sandro Luiz Viechnieski, gerente e parceiro da Star Milk, falou sobre “Gestão de pessoas em fazendas leiteiras”.
Viechnieski iniciou sua apresentação ressaltando a importância da equipe para o sucesso do negócio. “Não podemos nos esquecer que quem vai realizar os procedimentos determinados pela assistência técnica, assim como manejar as novas tecnologias implementadas serão os funcionários da fazenda. O que há de mais importante nas fazendas são as pessoas!” Ele falou também sobre o papel do proprietário no desempenho do negócio. “O dono da fazenda precisa ser proativo, reconhecer as necessidades do sistema e prezar pelo bem-estar de sua equipe. Isso significa garantir as necessidades básicas, suprir as necessidades psicológicas e, mais a fundo, satisfazer as necessidades de auto-realização”, afirmou.

Em relação à equipe, Sandro ressaltou que é preciso ter pessoas competentes, responsáveis e que se sintam parte do negócio. “A competência envolve o conhecimento, a habilidade e a atitude. Conhecimento e habilidade podem ser adquiridos, através de treinamentos teóricos e práticos. Mas a atitude, o querer fazer, depende de cada um”, disse.

Pesquisa realizada pela Clínica do Leite, em 2013, e apresentada por Viechnieski mostrou que o principal item valorizado por funcionários de fazendas leiteiras é ter maior responsabilidade e trabalhar em um lugar agradável. A garantia dos dias de folga foi o segundo fator citado na pesquisa. A remuneração apareceu em terceiro lugar, denotando que os funcionários priorizam outros valores, antes de ter um bom salário. “Muitos produtores julgam a remuneração como fator mais importante para os funcionários. E realmente é, mas de nada adianta pagar um bom salário, e não garantir as necessidades básicas das pessoas”, ressaltou.

Sandro explicou alguns requisitos que devemos usar conscientemente todos os dias, para um melhor funcionamento das rotinas e organização do trabalho: reciprocidade, coerência e compromisso, aprovação social, afeição, autoridade e escassez.
Segundo ele, criar um ambiente harmônico e agradável é fundamental para manter a equipe motivada. “Temos que tentar fazer com que as pessoas gostem umas das outras para tornar o dia a dia mais fácil. Nesse sentido, tente fazer com seus funcionários cooperem entre si”, recomendou.

Finalizando a 6a edição do Interleite Sul, o CEO da AgriPoint, Marcelo Pereira de Carvalho, agradeceu a presença dos mais de 600 participantes, assim como os patrocinadores e apoiadores do evento. “Conseguimos atingir nosso objetivo de promover um espaço para novos conhecimentos, disseminação de tecnologias e serviços e, principalmente, conhecer os avanços obtidos no Sul do país através do trabalho de técnicos e instituições”, disse Carvalho. “Esperamos que este evento seja sempre um momento oportuno para discutir não só os entraves que ainda existem, como também os caminhos para o desenvolvimento do setor leiteiro sulista”, ressaltou. “Em nome de toda equipe organizadora, agradeço a presença de todos que aqui estão, aos patrocinadores que viabilizaram a realização deste evento, assim como todas as empresas e instituições que nos apoiaram”, finalizou.

O Interleite Sul foi organizado pelo MilkPoint, com a co-realização da Ceres Qualidade e do programa Oeste em Desenvolvimento. Contou também com o patrocínio diamante especial do Sebrae e da Itaipu Binacional; com o patrocínio diamante da Vallée; com o patrocínio platina da Adisseo, Agroceres Multimix, Bayer, Itambé, Casale, Vetoquinol e Instituto CNA; e com a participação da Inabor e CRV Lagoa. Teve como laticínios parceiros a Lactobom, La Mucca e Nituano, e o apoio da FAEP/Senar, Cooperideal, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), UDC Centro Universitário, Parque Tecnológico Itaipu, FIEP, AMOP, Caciopar, APCBRH, Embrapa, Emater, Sindvet, GTPS, CCAS, dos jornais Folha Agrícola e O Presente Rural e das Revistas Feed & Food, Leite Integral, Mundo do Leite, Balde Branco e da Revista SindRural.

Nos dias 4 e 5 de agosto será realizada a edição nacional do Simpósio, o Interleite Brasil, em Uberlândia, MG. Confira a programação e saiba como participar!

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