Não é de hoje que sabemos que as vacas também se estressam. De forma similar do que é visto em espécies não domesticadas e que vivem em reclusão, elas também exibem comportamentos incomuns, diante de fatores que potencializam seu estresse. Um dos comportamentos observados é o chamado estereotipia. Mas afinal, o que isso quer dizer? Isso é sempre sinal de estresse?
De acordo com a Médica Veterinária Eveline Zuniga e CEO da Empresa - Cowforto Bem-estar Animal, “Estereotipias são comportamentos repetitivos e sem propósito aparente, como balançar a cabeça, morder barras, lamber superfícies, brincar com a língua e entre outros. Esses comportamentos podem ser indicativos de estresse, frustração, ambiente inadequado, falta de estimulação ou até mesmo problemas de saúde, mas nem sempre! Isso irá depender muito do ambiente em que os animais estão.”
Ainda, Eveline relata que “algumas das possíveis causas de estereotipias incluem confinamento em espaços restritos, falta de exercício adequado, monotonia do ambiente, dieta inadequada, privação social e até mesmo desconforto físico. É importante observar que as estereotipias são um sinal de bem-estar comprometido e indicam que as condições de vida das vacas precisam ser melhoradas.”
Em geral este não é um comportamento massivo entre os animais. Observa-se um ou outro indivíduo demonstrando esse sinal que deve ser avaliado como um todo pois se é sinal de estresse provavelmente o rebanho ou o lote todo estará em estresse e o demonstrará de diferentes formas.
Como tratar esse comportamento?
Em sistemas de produção, criadores e técnicos precisam compreender as distintas interações dos animais com o ambiente. Conhecer quando o hábito é ou não normal daquela espécie. Porém, ainda há aqueles criadores que subestimam o estresse de seus animais, acreditando somente quando eles ficam realmente doentes. Assim, mais do nunca é preciso ficar atento ao comportamento e garantir conforto e bem-estar ao rebanho.
“Para tratar esse problema, é necessário identificar e abordar as causas subjacentes, melhorando o manejo, o ambiente e o bem-estar geral do rebanho. Veterinários e especialistas em comportamento animal podem auxiliar no diagnóstico e na busca por soluções adequadas.” - explica Eveline.
Veja no vídeo abaixo um dos comportamentos de estereotipia:
Fonte: Cowforto Bem-estar Animal | @cowforto
Eveline explica que “No caso dessa fazenda, essa é a única vaca com esse comportamento. Desde pequena a vaca Serena apresenta essa estereotipia. Sobre a predisposição da raça, o avô materno dela era Jersey, e estudos sugerem que a raça Jersey tem maior propensão a esse tipo de comportamento. O que nos faz pensar que parece mais uma “mania”, um comportamento repetitivo, como quando as pessoas “roem unhas”, entende?”
Nessa fazenda, em especial, as vacas recebem nomes, são alimentadas com dieta balanceada, possuem cama para descansarem e ainda ordenha voluntária (feita por robôs)… isso mesmo, ROBÔ! E as vacas vão voluntariamente até ela quantas vezes precisarem. Nesse caso não podemos considerar que falta bem-estar, né?"
Robôs ou confinamentos não são associados ao estresse, muito pelo contrário. Ambos estão ligados à maior conforto aos animais pois oferecem um ambiente menos hostil do ponto de vista climático e de instalações e o robô também exerce um efeito de reforço positivo para o momento da ordenha com comida, isso facilita (obviamente quando bem manejado) o treino dos animais e tranquilidade na hora da ordenha, fundamental para o bem-estar.
E aí, qual sua opinião sobre isso? No seu rebanho, tem mimosas com esses hábitos incomuns? Conte para nós aqui nos comentários.