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Impacto da Covid-19 nos custos de alimentação do rebanho leiteiro

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/03/2023

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 22/05/2023

O leite é um alimento consumido mundialmente devido ao seu elevado valor nutricional, sendo um alimento rico em potássio, cálcio dentre outros nutrientes, além de ser fator fundamental para renda de pequenos, médios e grandes produtores.

No Brasil, além da importância nutricional, o leite tem um forte impacto na economia. Quando se trata do agronegócio, o leite fica atrás somente do arroz, café e soja (SILVEIRA et al., 2018). A cadeia leiteira possui também elevado impacto social, ao estar associada diretamente aos pequenos produtores rurais, responsáveis por 85% da produção nacional.

Entretanto, os desafios para quem atua nesta cadeia não são poucos e comumente são debatidos, passando desde a desigualdade no sistema tributário e de incentivo fiscal com a falta de padronização e fiscalização (RIBEIRO, 2008), problemas com o transporte desse alimento que ocasionam perdas na qualidade do produto até a chegada no consumidor final, o preço dos insumos, preço pago, atualização das leis de vigilância sanitária e instabilidade do mercado (BONZANINI, 2018). Isso tudo sem contar com os custos de medicamentos, vacinas, suplementos, manutenção de espaço, equipamentos para ordenha e muitos outros.

Diante de todos esses fatores, nos anos de 2020-2022 um cenário pandêmico não somente causou um colapso no sistema de saúde, como mudou toda a estrutura no que se diz respeito a aquisição de produtos, alimentação e matéria-prima (LUQUE ZÚÑIGA et al., 2021).

Na cadeia leiteira, a alimentação do animal (formado pelos concentrados e volumosos) é o maior investimento que o agricultor precisa fazer, representando cerca de 45% a 55% dos custos em sistemas de produção, em sua maioria, semi-intensivos (ESTADÃO, 2021). Os materiais volumosos são as silagens, o capim verde picado e o feno com concentrados energéticos e proteicos.

Nos concentrados, encontram-se entre os principais alimentos do gado leiteiro o milho e a soja, e estes compõem a base energética e proteica das rações dos animais. Estes alimentos são commodities, com isso seu valor aquisitivo tem total dependência do mercado de exportações (ESTADÃO, 2021).

A pandemia da Covid-19 impactou diretamente nas exportações dos países, gerando instabilidades e influenciando pontualmente no preço dos grãos, o que interfere diretamente nos custos da alimentação do animal.
 

Qual o impacto da pandemia da Covid-19 sobre os principais insumos de alimentação de vacas leiteiras?

O trabalho foi desenvolvido pelo levantamento dos preços pagos sobre os principais insumos que compõem o custo de alimentação das vacas leiteiras.

Realizou-se o levantamento histórico dos preços dos alimentos concentrados, sendo os grãos de milho, de soja e de sorgo granífero no período antes da pandemia Covid-19, definido um período de cinco anos anteriores (2015-2019), e o levantamento de dados históricos durante o período pandêmico (março de 2020 - outubro de 2022).

A opção por criar uma margem de cinco anos antes do período da pandemia se mostrou necessária para obter dados precisos do mercado de exportações, com os preços que atuavam no mercado antes da influência da pandemia. Os dados foram levantados em bases de dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA).

O estudo da cadeia produtiva leiteira foi realizado a fim de conhecer e entender todo o processo de produção agrícola (Figura 1) que ocorre no setor à montante da fazenda (antes da porteira), na fazenda (dentro da porteira) e no setor à jusante da fazenda (depois da porteira).
 

Figura 1 - Processo de produção agrícola.

impacto da covid-19 no setor leiteiroFonte: Próprio autor.

O setor à montante da fazenda (antes da porteira) se dá em todos os insumos utilizados na criação do gado leiteiro bem como na compra do alimento do animal. Quando se está na fazenda (dentro da porteira) se tem toda a mão de obra utilizada nesta cultura, bem como o manejo do animal e a sua criação e tiragem do leite. Por fim, o setor à jusante da fazenda (depois da porteira) é onde ocorre a venda do leite retirado, a comercialização do produto.

A inflação está presente em todos os setores (antes, dentro e depois) da porteira. Ela é calculada de acordo com o índice de preços, conhecidos como índices de inflações. A pandemia da Covid-19 aumentou a inflação de diversos países, e o Brasil foi muito atingido. Para se obter um cenário real da influência da pandemia nos preços dos insumos alimentares para bovinos leiteiros, neste trabalho realizou-se a deflação dos preços, a fim de remover o aumento excessivo sobre os preços dos itens e conseguir analisar perfeitamente o cenário.

Deflacionar o preço dos produtos é retirar a inflação da variação de preços, para isso, utiliza-se os preços nominais para encontrar a transformação real dos preços (DE-LOSSO, 2020). Foi necessário deflacionar o produto em todo o período em que foram avaliados os preços, para retirar as influências, e entender realmente qual foi o real impacto.

Os preços deflacionados registrados para os principais insumos alimentares, que são soja, milho e sorgo granífero, no período estudado, e os respectivos valores estão apresentados no eixo da esquerda do gráfico da Figura 2, antes e durante a pandemia (delimitado em vermelho), e o preço pago ao produtor pelo litro de leite aparecem no eixo da direita.

Figura 2 - Análise conjunta dos dados deflacionados da soja, sorgo granífero, milho e leite.

impacto da covid-19 no setor leiteiroFonte: Autor com base de dados CEPEA; CONAB (2022).

Observando as curvas apresentadas na Figura 2, nota-se que os insumos alimentares obtiveram uma grande variação, com tendência de crescimento no período pandêmico.

Com a pandemia, os preços das commodities analisadas aumentaram consideravelmente, prejudicando a compra dos insumos alimentares de vacas leiteiras, dificultando o manejo e criação para o produtor, tais efeitos foram espelhados no preço do leite para o consumidor final.

A análise do mercado demonstra também que este aumento não foi só no período inicial, mesmo com a flexibilização das restrições posteriores, os preços se estenderam ao partir do anúncio da OMS da pandemia, acarretando uma nova realidade de preços dos insumos, que mesmo tirando a influência da inflação, demonstraram que não haverá uma tendência de queda nos preços dos produtos a partir deste período.

Com isso, quando feita a comparação dos preços dos insumos alimentares entre o período pré-pandêmico e durante a pandemia foi possível identificar um aumento considerável na cadeia de todos os grãos analisados, com a soja apresentando um aumento de 33,97%, o milho 42,24% e o sorgo granífero 52,38%.

Portanto, levando em conta que o maior custo para a produção leiteira é a alimentação, enxergar os preços com a nova realidade imposta na pandemia Covid-19 dificulta consideravelmente a criação de vacas leiteiras, podendo proporcionar a evasão de produtores que não conseguem suportar essa nova realidade.

O preço do leite pago ao produtor, mesmo com um relativo aumento, não apresentou crescimento suficiente para cobrir os custos elevados na pandemia, diminuindo a margem de lucro para os produtores.

Uma alternativa para que os produtores consigam uma estabilidade nos preços pagos em insumos alimentares é assinar contratos que permitam fixar o preço do insumo, não dependendo da inflação mensal. Produtores pequenos podem recorrer as associações ou cooperativas de leite, para que estas firmem parcerias com os vendedores dos insumos, a fim de manter o preço pago pela saca ou tonelada de alimento.

Sendo um pilar na produção de leite, a eficiência econômica é um dos principais assuntos de preocupação do produtor. Sabendo da importância do tema, o Interleite Sul traz como um de seus painéis as "Métricas de sucesso técnico e econômico em fazendas de leite", abordando cases de sucesso como um direcionador da produção. Você não ficar de fora e perder a oportunidade de aprender com quem já chegou lá e está pronto para te dar as melhores dicas, não é mesmo? Confira aqui a programação completa e se inscreva! 
 

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Autores

Leonardo Alexander de Oliveira Campos – Graduando em Engenharia de Biossistemas, Membro do Grupo de Pesquisa e de Extensão Kamby, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Engenharia, Câmpus Tupã.

Prof. Dr.Eduardo Guilherme Satolo – Docente da Faculdade de Ciências e Engenharia da UNESP, Câmpus Tupã. Coordenador do Grupo de Pesquisa e de Extensão Kamby

Prof. Dra. Priscilla Ayleen Bustos Mac-Lean – Docente da Faculdade de Ciências e Engenharia da UNESP, Câmpus Tupã. Coordenador do Grupo de Pesquisa e de Extensão Kamby.

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SEBASTIÃO CAETANO FILHO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/03/2023

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