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Spot, atacado e varejo reagem lentamente na entrada do quarto trimestre

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

PANORAMA DE MERCADO

EM 19/10/2012

4 MIN DE LEITURA

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A chegada do El Nino acabou sendo frustrada e as chuvas atrasaram no Sudeste e Centro-Oeste, abrindo espaço para a reação dos preços do leite Spot, que em alguns casos chega a ser comercializado a R$ 1,05. Esse fato, aliado a uma moderada redução nas importações no meio do ano, fez com que os preços no atacado reagissem ao menos um pouco, o que colocou as empresas em uma posição melhor do que até então, ainda que essa reação não tenha atingido 5%, segundo nossas estimativas, entre início de setembro e meados de outubro.

De fato, no atacado, tanto a muçarela quanto o leite longa vida tiveram aumento de 3% em relação ao mês passado, mas ainda estão abaixo dos valores praticados há um ano atrás. No varejo, segundo o levantamento feito mensalmente pelo MilkPoint em Piracicaba - SP, não houve ainda nenhuma reação significativa no leite longa vida, apesar da alta expectativa de aumento no preço ao consumidor, mantendo o preço médio de R$ 2,12 com 33 dias de fabricação, como pode ser visualizado do gráfico 1.

Gráfico 1: Preço do leite longa vida (UHT) e dias de fabricação no varejo de Piracicaba-SP.


A produção nos estados do Sudeste e Centro-Oeste tem mantido ritmo praticamente constante de produção. Segundo o Índice de Captação de Leite calculado pelo Cepea (ICAP-Leite), houve um aumento de 1,1% em agosto frente julho. E segundo informações de agentes do mercado, pouca alteração na produção foi observada no mês de setembro de forma geral. Apesar de pontuais pancadas de chuva, elas ainda não foram suficientes a ponto de refletir nas melhora das pastagens. No sul do país, as tempestades nos primeiros dias de outubro compromentaram pontualmente a região noroeste do Rio Grande do Sul, mas a produção de leite mantém o perfil sazonal de produção.

Esse ritmo lento na produção é consequência não só das condições climáticas, mas dos custos de produção altíssimos, que provocaram o recuo dos investimentos dos produtores diante de um cenário de preços pagos no campo praticamente estáveis desde julho, tendo a média ponderada em setembro ficado em torno dos R$ 0,7996/litro (valor líquido), segundo o levantamento do Cepea (Gráfico 2).

Gráfico 2: Preços pago ao produtor deflacionados (Fonte: Cepea)


Apesar da baixa rentabilidade do produtor ser um assunto recorrente nos panoramas de mercado desse ano, em agosto, ela parece estar mais evidente do que nunca. O gráfico 3 foi feito a partir dos dados do ICPLeite/Embrapa e preços do leite em Minas Gerais apontados pelo Cepea/USP. No entanto, como o ICPLeite/Embrapa trabalha com os valores relativos apenas, nós arbitrariamente colocamos o valor de R$ 0,525/litro como custo em julho de 2007, corrigindo a partir daí pela inflação dos insumos utilizados pelo produtor. Percebe-se um descolamento importante entre o preço do leite e o custo estimado, atípico para essa época do ano.

Esta alta no índice calculado pela Embrapa foi impulsionada principalmente pela quebra da produção de soja no Brasil e as incertezas quanto à safra de milho nos Estados Unidos. Como os preços dessas commodities estão bem atrelados ao mercado externo e como houve recente recuo das cotações, a situação tende a aliviar um pouco, mas continua complicada em termos de custos.

Gráfico 3: Estimativa de preços, custo e lucro de um produtor em Minas Gerais (deflacionado).(Fonte: MilkPoint)


A grande questão é o comportamento futuro dos preços. A tendência de leve recuperação nas cotações do UHT e queijos, com reflexo no Spot, chegarão ao produtor nesse final de ano?

Observando a disponibilidade interna de leite, as importações voltaram a subir em setembro, com 111,3 milhões de litros de leite em equivalente-leite, aumento de 26% frente a agosto. Nesse cenário, é pouco provável que haja recuperação de preços nessa época do ano.

Também, é pouco provável que haja queda significativa. O baque no meio do ano foi considerável, os custos permanecem altos e não se pode dizer que o produtor está estimulado, principalmente quando se pensa no cenário de 2013, em que as indústrias precisam garantir seu suprimento de leite. Embora não seja possível quantificar o possível efeito da baixa rentabilidade do produtor na oferta do ano que vem, faz sentido supor que a produção crescerá abaixo nas médias históricas no ano que vem, e a indústria precisa manter a captação, ainda mais em um cenário de ociosidade de boa parte das plantas.

De 1997 em diante, a produção aumentou em média 10,9% do terceiro para o quarto trimestre, fruto basicamente da retomada das chuvas e das pastagens em boa parte do país. Seguindo a lógica desse raciocínio, temos a possibilidade do aumento da produção nessa época do ano, e no outro lado, a tendência de diminuições das importações. O leilão da plataforma gDT, realizado em 16/10, reforça essa possibilidade, uma vez que verificou-se um aumento de 9% no leite em pó integral, passando novamente dos US$ 3400/tonelada. Com isso (tabela 1), o preço de equivalência para entrada do leite do Mercosul no Brasil chegou próximo aos R$ 0,77/litro, o que diminui o ímpeto importador.

Tabela 1: Preço aproximado do litro de leite que entra no Brasil do Mercosul, em R$ (Fonte: MilkPoint, a partir de dados do gDT, Cepea/USP)


Dentro desse cenário, o mais provável é que tenhamos um final de ano equilibrado, resultado de um ano marcado pela estabilidade, ao menos do lado dos preços, sempre lembrando que o número e a magnitude das variáveis que afetam o cenário dificultam previsões no médio prazo.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

Médica Veterinária (UEL), Mestre em Medicina Veterinária (UFV), e coordenadora de conteúdo e analista de mercado do MilkPoint.

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MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/10/2012

A Ely da Costa Gonçalves pergunta: porque importa-se tanto leite?
A resposta é simples: por que a cadeia produtiva de leite e derivados brasileira é incompetente.
O Governo e a indústria não deram a atenção devida para desenvolver uma pecuária de leite produtiva e competitiva, que pudesse produzir o leite cru e os derivados com preço competitivo e de forma sustentável, preferindo massacrar o produtor pagando mal por um leite sem qualidade.
O Ademir Pereira de Abreu tem razão, muitas vezes a indústria importou leite para desvalorizar o leite ao produtor, que era mais facil do que investir para os produtores produzir leite aqui com custo de produção menor e com margem para poder exercer a atividade de forma sustentável.
As adversidades climáticas e a desordem econômica mundial, com uma reação tardia e lenta no preço aos produtores e no varejo,  nos levam a eminência de uma crise no setor leiteiro nacional, principalmente na pecuária de leite, o que torna importantíssimo o trabalho do GT da  Crise da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados do MAPA , coordenado pela CNA, que tem a missão de propor ações para, se não evitar, pelo menos minimizar a gravidade e os efeitos da crise no final de 2012 e em 2013.
Mas depois é importante que esse GT depois apresente propostas para médio e longo prazo, para que juntos o Governo, a indústria e os produtores de leite possam tirar a pecuária leiteira da crise crônica que vive a décadas, cujo efeito é a importação de leite e lácteos para abastecer o mercado  ao invés de ocupar o espaço que tem para exportar esses produtos.
Marcello de Moura Campos Filho
ADEMIR PEREIRA DE ABREU

ALPINÓPOLIS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/10/2012

Pra ser sincero eu acho que importação de leite é a melhor desculpa que os laticínios tem para desvalorizar o nosso leite. Pois quem compra esse leite do Uruguai e Argentina?

Não seria melhor os próprios laticínios brasileiro dar preferência somente para o nosso produto, ao invés de importar ? Falta clareza e sinceridade .
LUCIANO POSSEBON

VESPASIANO CORREA - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/10/2012

Concordo com o colega porque importar tanto leite,alguém está ganhando com isso além do importador,porque não existe margem para tal importação se voce for fazer bem todos os custos,não fica viável tal operação. Há algo errado nestas importações voces não acham?
ELY DA COSTA GONÇALVES

RIO GRANDE - RIO GRANDE DO SUL

EM 22/10/2012

Porque importa-se tanto leite?
ALVARO OIMAR MERLO

MARIÓPOLIS - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/10/2012

pelo que parece o cenário nacional é de uma crise iminente, principalmente pelos altos custos de produção, acredito que o mercado deva sim dividir esse impasse mesmo que de forma gradual com o comsumidor, e que o grupo de trabalho coordenado pela CNA encontre uma solução que venha suprir essa deficiêcia a curto médio e longo prazo.


evitando assim uma crise longa e comprometedora da pecuaria leiteira no nosso pais.


enfim precisamos nos preparar para sermos eficientes no tocante a enfrentar crises que sempre existirão.!
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/10/2012

Prezados Marcelo e Maria Beatriz
Parabens pelo artigo.
Esse ano as tentativas da indústria para baixar o preço ao produtor já vem desde abril, alegando que precisavam recuperar a participação no preço final ao consumidor, apesar dessa perda de participação ter sido transferida fundamentalmente para o varejo e não produtor.
Quando cairam as primeira gotas de chuva a pressão aumentou, mas face ao estouro dos custos  de produção puxados pela alta da soja, se falava em manutenção dos preços ao produtor.
Agora frustados com um El Niño fraco, se fala em alguma recuperação.
Mas na realidade é preciso uma recuperação significativa nos preços ao produtor ou uma grande nos custos de produção do leite se quizermos evitar uma crise na pecuária leiteira nacional de grande proporção e efeitos a longo prazo.
Ora, a redução dos custos de produção ao produtor no curto prazo só é possível através de medidas governamentais e o aumento dos preços ao produtor só é possível se os custos de produção forem repassados ao consumidor , uma vez que a indústria se declara sem margens.
É estranho que diferentemente de outros produtos agrícilas, o aumento dos custos de produção não são repassados imediatamente ao consumidor, como se a indústria e os produtores de leite tivessem margens enormes possível de absorver esses aumentos de custos e continuar desenvolvendo a atividade de forma econômicamente sustentável.
A ameaça de crise no setor leiteiro nacional é real e grave, por isso a Leite São Paulo apresentou na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados proposta de criação de um Crupo de Trabalho da Crise no Setor Leiteiro. A criação desse grupo foi aprovada, dele participando o G100, OCB, CNA, Leite São Paulo, CONAB, Secretaria de Planejamento Agrícola do MAPA, ficando a coordenação com a CNA.
A missão desse grupo de trabalho e analisar o quadro geral e apresentar propostas para se não evitar, pelo menos minimizar os efeitos de uma crise grave no setor leiteiro nacional com efeitos a longo prazo, preejudicando a geração de trabalho e renda no País.
As propostas inicialmente serão emergenciais, para enfrentar o final de 2012  e o ano de 2013.
Mas depois o grupo de trabalho deverá estudar propostas para médio prazo, pois não nos iludamos, a adversidade climáticas não podem ser mais encaradas como exceção e ocasionais, devendo ser a regra para os próximos anos, bem como a crise econômica mundial fará sentir seus efeitos e provocando grandes turbulências pelo menos nos próximos 5 anos
Marcello de Moura Campos Filho

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