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Produtor recupera margem em julho, mas mercado em agosto apresenta variações regionais

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E MARLIZI M. MORUZZI

PANORAMA DE MERCADO

EM 20/08/2009

5 MIN DE LEITURA

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Em julho, os produtores de leite tiveram o maior reajuste do ano (9%), com preço médio chegando a R$ 0,7719, valor semelhante ao de agosto de 2007, em termos nominais. Nesse mesmo mês o custo médio de produção caiu quase 1,3%, de acordo com o ICP-Leite da Embrapa Gado de Leite, que monitora os custos de produção em Minas Gerais. Com isso, segundo estimativas do MilkPoint, a rentabilidade média do produtor foi a mais alta desde junho de 2008 (sempre lembrando que, em se tratando de Brasil, valores médios precisam ser analisados com cuidado, pois a dispersão é grande).

Apesar desse quadro positivo, muitos produtores se mostraram insatisfeitos. Basicamente, dois fatores contribuíram para essa insatisfação. Primeiro, apesar da elevação de preços ao produtor, a fatia porcentual que fica com o setor primário encolheu, principalmente ao se comparar com o leite UHT, que foi o produto que mais subiu. No entanto, há que se considerar que o preço pago pelo leite destinado à produção de UHT provavelmente foi superior à média nacional. O gráfico abaixo mostra, até maio, a distribuição porcentual entre os elos considerando-se o leite UHT. É importante lembrar que o mix dos principais produtos lácteos inclui também leite em pó e queijos, que subiram bem menos, de forma que a comparação com o UHT não é de todo correta. Contudo, como é o produto que mais varia e que puxa o mercado, a comparação é imediata.

Gráfico 1. % do valor do leite UHT distribuída entre produtor, indústria e varejo.



Outro fator que condiciona essa insatisfação relativa do produtor é que agosto começou sob boatos de que os preços cairiam em um espaço de tempo mais curto do que o normal. A razão disso foi o retrocesso nas cotações do UHT no atacado e no varejo, o que já era previsto: preços muito altos desestimulam o consumo e estimulam a oferta desse produto.

Mesmo assim, segundo enquete feita pelo MilkPoint, as expectativas para agosto variaram muito dependendo da região e das estratégias específicas de laticínios, de forma que 40% dos consultados apostavam em estabilidade, 36% em queda e 32% em aumento das cotações para o leite pago em agosto.

Quando os preços pagos aos produtores são analisados descontando-se o efeito da inflação (utilizando para isso o IGP-DI), observa-se que, em julho, os valores praticados em 2007 e 2009 são muito próximos. Nesta mesma comparação, os custos de produção em julho, também deflacionados, estão abaixo dos custos evidenciados no mesmo período de 2008, e próximos aos aplicados em 2007. O índice Receita menos custo da ração (RMCR), elaborado pelo MilkPoint (considerando uma vaca com produção média de 20Kg de leite/dia), mostra-se desde janeiro, e de forma crescente, mais favorável aos produtores.

Gráfico 2. Preços ao produtor (R$/litro), corrigidos pelo efeito da inflação.



Gráfico 3. Receita menos custo de ração (R$/vaca/dia, corrigidos pelo efeito da inflação).



A oferta de leite está abaixo do verificado em 2008. Segundo o Cepea, em junho se produziu 4,9% menos leite do que no mesmo mês de 2008. Até o fechamento deste artigo, não tínhamos os dados de julho, mas é provável que a diferença tenha diminuído. O início da safra no sul do país não veio com a intensidade que normalmente é esperada. Chuvas e frio intenso prejudicaram o desenvolvimento das pastagens, refletindo no atraso da retomada da produção. Em contato com o MilkPoint, o Coordenador de Produção Pecuária da Castrolanda, (Castro-PR, sistema pertinente às Cooperativas Castrolanda e Batavo), Rogério Marcus Wolf, informou que a produção de leite na região de captação do Pool de Leite ABC, em julho de 2009, foi 2,5% menor do que julho de 2008, tendo como fatores o desestímulo por parte dos produtores (em razão dos custos altos desde o início de 2008 e preços baixos), seca no início do inverno, com redução da disponibilidade de forragens, e fortes chuvas no decorrer do inverno, comprometendo o pastejo e o corte das forragens. Na opinião de Wolf, a produção não deverá aumentar mais que 5% até o pico da safra, em setembro.

Nesse contexto, justifica-se a opinião dos leitores participantes da enquete em relação à estabilidade de preços para o pagamento do mês de agosto. Contudo, para o pagamento de setembro (referente ao leite entregue em agosto), a maioria dos leitores fala em queda de preços. É importante salientar que a enquete MilkPoint não tem o objetivo de quantificar opiniões com rigor estatístico, apenas mostra a opinião dos leitores sobre o assunto.

O recuo dos preços do leite longa vida no varejo é visto como principal motivo da estabilidade e até leve queda de preços para este pagamento, na opinião dos leitores. De acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, elaborado pelo IBGE), houve redução no ritmo de alta do leite pasteurizado (onde o IBGE inclui o leite UHT), que caiu de 12,1%, em junho, para 4,02% no mês passado. No mês de agosto, já são reportados valores bem abaixo dos praticados em julho. De acordo com agentes consultados pelo MilkPoint, os preços no atacado no mês de agosto devem ficar entre R$ 1,40 e R$ 1,60/litro. No varejo, em pesquisa realizada pelo MilkPoint em Piracicaba-SP, a média de preços do leite longa vida na 1ª quinzena de agosto ficou em R$ 2,15/litro, queda de 6,8% em relação ao preço médio de julho. Os preços dos queijos também sinalizaram queda - no atacado, os preços da mussarela estão entre R$ 8,00 e R$ 9,50/Kg, de acordo com as fontes consultadas. Vale a consideração que, com o prolongamento do período de férias - em função das medidas preventivas contra a nova gripe, H1N1 - o consumo do leite UHT foi mais baixo, segundo informações do setor, o que pode resultar no menor giro do produto no varejo e, consequentemente, redução dos preços.

No cenário internacional, agosto iniciou com sinal positivo no leilão da Fonterra. Após 3 meses consecutivos de queda, o preço médio para todos os produtos e períodos contratuais para o leite em pó (WMP) foi de US$ 2.301 por tonelada, valor 25,8% superior ao do leilão anterior, realizado em 1º de julho. Apesar da reação positiva do mercado, o panorama ainda é de instabilidade no cenário mundial, com opiniões divergentes sobre os preços nos meses seguintes. Na Oceania e na União Europeia, os preços de exportação mostraram leve alta, sendo o leite em pó integral negociado, em média, a US$ 2.700/ton no Oeste da Europa.

A intensidade da produção de leite no Sul, o comportamento do mercado do leite longa vida e a manutenção do controle sobre as importações de leite da Argentina e Uruguai (além das licenças não automáticas que freiam a entrada de leite de outros países) serão os balizadores de preço para o próximo mês. Se o mercado do leite UHT permanecer ajustado e a produção do Sul realmente não alcançar o pico de produção previsto, preços estáveis ainda poderão ser praticados em algumas regiões no próximo mês, ajustando os custos e receita dos produtores. Vale lembrar, finalmente, que algumas regiões do Centro-Oeste e Sudeste já reportam aumento da produção, esperado em função da melhoria de preços.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

MARLIZI M. MORUZZI

Médica Veterinária pela FCAV/UNESP-Jaboticabal.

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SIMONE DONAIRE POMPÉA

MONTE CASTELO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/09/2009

O pior é que nós produtores de leite da nossa região sabemos que todo ano é assim: quando acaba o período de formação de cota e consequentemente a "briga das empresas por produtores" acaba a expectativa de bons preços, a queda é certa! Fico furiosa quando assisto um entrevistado dizer: o leite tá caro demais, será que as vacas comem ouro? Como eu gostaria de responder e com uma resposta á altura. Produzir leite hoje requer planejamento e redução de custo além de uma suprema higiene e maxima qualidade.

Aqui somos nós que colocamos a mão na massa, senão ñ conseguiriamos sobreviver, sim porque o produtor de leite hoje somente sobrevive. Pode ser um sonho, mas espero que um dia sejamos valorizados e lembrados.
EDUARDO AMORIM

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/09/2009

Marcelo,

Sua resposta é o retrato fiel da realidade que nós produtores vivemos. Não precisamos de uma tese de Phd para sabermos que consumo de leite UHT cai sim quando os preços aumentam substancialmente, o grosso do mercado consumidor é formado pelas classes C, D e E, maioria da população do país, que sente qualquer reajuste de preços. Cumpre ressaltar que os preços dos queijos subiram também. Mas o fato é que o Sr. Laércio Barbosa está defendendo o seu setor (laticínios). Ainda bem que temos alguém capacitado como você Prof. Marcelo para com propriedade colocar as coisas em seu devido lugar. Precisamos de uma Federação Nacional dos Produtores de Leite para que possamos ter vez e ter voz. Abraço.

Eduardo Amorim

<b>Resposta do autor:</b>

Caro Eduardo,

Obrigado pelo comentário e elogios. Participações como a sua são fundamentais para que tenhamos as informações sobre o mercado para poder retratar a situação da melhor maneira possível.

Abraço,

Marcelo
LAÉRCIO BARBOSA

PATROCÍNIO PAULISTA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/09/2009

Gostaria de contribuir com essa discussão acrescentando alguns comentários:

Em minha opinião o leite UHT foi o grande responsável neste ano pelo aumento nos preços pagos ao produtor, pois o leite em pó e os queijos não conseguiram aumentos signficativos de preço que justificassem repasses na matéria prima.

Analisando com isenção os dados do Cepea, verifica-se que o leite UHT no atacado de SP (maior preço do país) subiu de R$ 1,45 em fev/09 para o máximo de R$ 2,13 em jun/09, um aumento de 46%. Este aumento permitiria apenas um repasse de 8% ao preço ao produtor na média nacional, considerando-se que mercado de UHT representa cerca de 16% da produção total do país (5 bi de litros de UHT em 30 bi de litros de produção), e os outros grandes produtos lácteos (queijos e leite em pó) permaneceram com preços estaveis. Mesmo assim, a grande demanda de matéria prima por parte da indústria de UHT provocou uma grande concorrencia na compra de leite in-natura que permitiu um aumento de preços de 27% nos preços no campo (R$ 0,609 em fev/09 para R$ 0,772 em jun/09).

É uma grande fantasia imaginar que as empresas produtoras de leite UHT façam estoques especulativos nos momentos de alta de preço. Na prática acontece justamente o contrário: o preço sobe quando os estoques na indústria caem a ponto de não ter como atender a demanda do varejo e há falta de produto.

Outro mito que precisa ser desfeito é o da "queda" imediata da demanda sempre que os preços sobem. O mercado de leite de consumo não tem essa elasticidade, e todos os dados apontam para um consumo em 2009 ligeiramente superior ao de 2008.

Assim, também cai por terra a teoria de que os preços estão caindo por queda de demanda, quando na prática o que provoca a queda é o aumento da oferta. De fato, dada a rentabilidade do leite UHT nestes ultimos meses, todos os fabricantes que tiveram opção diminuiram a produção de queijo e leite em pó e direcionaram toda a matéria prima disponível para as linhas de UHT, provocando um aumento da oferta e a consequente queda no preço.

A conclusão que se chega é que se não fosse o UHT, certamente os preços ao produtor neste ano estariam em patamares bem mais baixos que os atuais, com os queijos com preços praticamente estáveis e o leite em pó em momento de baixos preços no mercado internacional.

Há algum tempo atrás escrevi sobre a discriminação que sofre o leite UHT no mercado. Infelizmente estamos vendo essa história se repetir.
É bem mais fácil apontar possíveis culpados do que se buscar as verdadeiras causas do problema!

<b>Resposta MilkPoint</b>

Caro Laércio,

Obrigado pela contribuição e pelas informações passadas. Considero muito importante que pessoas ligadas à indústria participem deste espaço, uma vez que estão diretamente relacionados ao mercado consumidor e, nesse ponto, você tem se destacado.

Concordo que o UHT puxou os preços, desta vez sem a ajuda do leite em pó, como havia ocorrido em 2007. Os queijos subiram, embora menos; mas pelos dados Cepea/atacado, o setor queijeiro teve momentos muito bons e puderam acompanhar a alta dos preços. O produtor teve uma recuperação de preços e a indústria, evidentemente, elevou sua rentabilidade, uma vez que os preços no atacado subiram bem mais do que os preços da matéria-prima (daí a reclamação dos produtores).

Concordo também com a questão dos estoques. Temos monitorado a média dos Dias de Fabricação de UHT nas gôndolas dos supermercados e há uma relação inversamente proporcional aos preços: nos momentos de pico de preços, os dias médios de fabricação do UHT caem para 25 dias ou menos, ao passo que nos momentos de oferta maior, como em janeiro, dezembro, sobe para mais de 50 dias.

Agora, tenho dificuldade em assimilar que não há retração de demanda quando os preços sobem. Claro que há um estímulo de oferta de UHT como você colocou, ainda mais com a situação do pó. Claro também que devemos valorizar os lácteos, fazer um trabalho de informação, marketing, inovação, etc visando valorizá-los de forma a fazer com que o consumidor consiga comprar nossa produção a um preço médio maior.

Não tenho dados para sustentar minha percepção exceto os trabalhos da Embrapa que mostram haver elasticidade-renda (não tão alta, é verdade) para o leite. Agora, esses dados de elasticidade são de 2002-03, a realidade era outra e os preços idem. Parece-me, contudo, irreal acharmos que manteremos o consumo intacto quando o consumidor passa a pagar aqui o mesmo que paga um consumidor europeu. Seria ótimo, mas temos 14% de pessoas na classe D (renda domiciliar mensal entre 804 e 1115) e 19% na classe E (abaixo disso). Como se dá essa retração, quanto, se há variações regionais, etc. não sei.

Sobre a questão do volume 2008 x 2009, acredito que o fato de 2009 ser apenas ligeiramente superior a 2008 parece-me um indicativo de que há o consumidor retrai o consumo quando os preços passam de certo patamar. Digo isso porque dados do Latin Panel, por exemplo, indicam aumento significativo do volume de vendas de alimentos e bebidas no primeiro semestre de 2009 x 2008, que praticamente não foram afetados pela crise.

Seria bom se tivéssemos mais dados para podermos concluir com mais embasamento, mas de qualquer forma agradeço a sua sempre valiosa contribuição e me coloco à disposição para seus comentários e críticas ao que escrevi.

Abraço,

Marcelo
EDUARDO AMORIM

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/09/2009

Caros colegas,



Começou a descida da velha e conhecida montanha russa do leite. Em nossa região o valor pago ao produtor desabou até R$ 0,06 no pagamento do leite de agosto. Investimos em genética, equipamentos, animais, consultoria, para quê mesmo? Quem mais lucrou nestes poucos meses de preços razoáveis ao produtor não foram os produtores e todos sabem quem foram, basta ver o preços do UHT (longa vida) até dias atrás, preços que chegaram ao patamar que o consumidor deixou de comprar, virou vilão da inflação no jornal nacional. Trata-se de um filme que vimos em 2007/2008 só para citar o período mais recente. O fato é que sempre há empresas na ponta da cadeia do leite e/ou no meio da mesma ganhando muito e nós produtores vivendo de raros bons momentos, que poderiam ser muito melhores e mais duradouros, o que contribuiria para aumentarmos nossa eficiência e produtividade.

Eduardo Amorim
FABIO GOMES DE SOUZA

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 05/09/2009

Boa noite, Savio

Concordo plenamente com suas colocações neste ultimo artigo, sabe quanto eu das dificuldades que temos quando o mercado enfraquece.
Ja tentei te ligar varias vezes, não estou conseguindo, tenta entrar em contato comigo.

Abraço
Fabio Gomes deSouza
LUIZ BOMFIM TAVARES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/09/2009

O grafico 2 me chama atenção no custo de produçao, ou seja, temos que produzir leite ao custo total de R$ 0,54 o litro em qualquer epoca do ano, para vendermos historicamente a R$ 0,60 o litro e termos uma margem de 10%. Seria este o raciocinio correto?
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/09/2009

Prezado Sávio: Eu não afirmei que não deveríamos achar os culpados, só que a hora não é para isso. Precisamos, primeiro, resolver as questões do mercado para, depois, apontar a culpa de cada um para, justamente, "no futuro corrigir ou pelo menos minimizar vícios de mercado". A hora, como eu mesmo pontuei, é de reação, até mesmo como os argentinos têm feito, fazendo manifestos e chamando a atenção do Governo para nossos problemas e nossa existência, cobrando da sociedade, em geral, a atenção merecida e, não, de ficar acusando este ou aquele pelo que acontece dentro e fora de nossas fazendas. Isto, agora, não nos levará a lugar nenhum.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 02/09/2009

Boa noite Fabinho;

Bom reencontrá-lo e saber que tem aplicado bem seus conhecimentos adquididos no setor nesses anos de luta. Me ligue quando puder;

Não discordo do que você disse. Só acho que não pode menosprezar em sua análise, que o poder de compra do Brasileiro, principalmente em tempos de crise financeira, não suporta preços de UHT na faixa de 2,80 ou 3,00 como vimos acontecer.

Concordo plenamente em relação a safra do sul e às importações, mas não podemos negar que várias indústrias formaram estoques perigosos em virtudes das altas sucessivas e especulativas.

Se algumas indústrias não fizessem isso, com certeza haveriam baixas de mercado em virtude da safra do sul e das importações, mas seriam mais amenas e naturais, já que não temos grandes variações de produção e consumo nos três últimos meses.

A Lei básica da oferta de da procura, ao meu ver, só funciona bem se possibilitar a venda do produto pelo preço admissível e que propicie ao consumidor final poder consumir rotineiramente o produto, sem interferencias especulativas que prejudiquem esse sistema natural e cíclico.

Não se sinta atingido quando cito "indústrias de UHT" porque quando me refiro à algumas delas, não estou me referindo ao grupo que você representa, até porque não tenho informações sobre suas atividades.

Gostaria ainda de dizer ao sr Guilheme que em momento nenhum tentei "pintar de anjos" os donos de laticínios, até porque atribuo, em parte, à alguns deles os danos de mercado que estamos sofrendo prematuramente, também causados por ações especulativas. Em relação à "achar culpados", ou "reclamar" acho que devemos sim, procurar culpados, quando for o caso, para que possamos no futuro corrigir ou pelo menos minimizar vícios de mercado tão prejudiciais à produtores, indústrias e consumidores.

Um abraço a todos;

Sávio Santiago
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/08/2009

Prezados Senhores: Não é hora de caça às bruxas. Descobrir quem é o culpado não vai propiciar que a sazonalidade das variações do mercado de leite seja contida ou reprimida. A culpa é de todos e, ao mesmo tempo, de ninguém. A lei da oferta e da procura é manipulada ao bel prazer das entidades que detêm a mercadoria, ou seja, se coloca ou se retira o produto das prateleiras de acordo com as possibilidades financeiras do negócio. Se há procura, estoca-se, retraindo a oferta. Se não, abrem-se as comportas das promoções e as gôndolas se enchem de produtos, em preços até mesmo inexplicáveis (já tive oportunidade de ver leite à venda por preço abaixo do que recebo pelo litro na propriedade).

O Governo Federal (em que País eles vivem?) está muito mais preocupado com a imagem da "companheira" Dilma - que tenta nos fazer engolir como a futura presidente do Brasil (???) - do que elaborar uma política de preços mínimos, de subsídios à produção, de controle da especulação dos fabricantes de concentrados (que aumentam, injustificadamente, seus preços tão logo a entressafra do leite se inicia), com a viabilidade mesma do agronegócio brasileiro; em fazer políticas externas com os "hermanos sudamericanos", que chamam o Presidente Lula de "grande estadista" (???), com absurdas exportações que corroem a possibilidade de nos mantermos vivos, do que nos socorrer, defender e nos incentivar. Mas, nós também somos os culpados, porque votamos neles, porque aceitamos seu freio ou porque só choramos e não nos unimos para dizer um simples e sonoro "basta" à esta situação.

Os donos de laticínios - perdoem-me o Fábio e o Sávio - não são os anjos que vocês tentam pintar, eis que seus custos de produção não são mais acentuados que os nossos e, se o negócio não fosse bom, eles já teriam deixado o mercado, porque são profissionais e, competentes naquilo que fazem. Nós, todos nós, somos os culpados, cada um em seu patamar. A HORA É DE REAGIR E, NÃO, DE SÓ RECLAMAR.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
FABIO GOMES DE SOUZA

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 29/08/2009

Sr. Sávio Santiago
Cita varias vezes que as Ind. de UHT estão sendo culpadas pela baixa do mercado, pois tambem ja trabalhou com UHT, os preços sobem mediante a oferta e procura, também citou. Não houve estratégia de formação de estoque para que os preços de venda aumentassem, mas sim uma falta de materia prima e do produto acabado, um dos motivos desta falta foi algumas Empresas de grande porte terem fechado e o não comprometimento de pagarem seus produtores, tendo então uma desaceleração de volume devido ao desestimulo.

Os estoques começaram a se formarem a partir do mes de agosto, mas ja com quedas bruscas de preço. Creio que, estas quedas, vem por motivo de entrada de leite de outros Países como o Uruguai (4,4mil toneladas), a alta de produção de leite do Sul e redução do consumo devido aos preços altos.
Com todo este cenario, as IND. de Laticinios, com seus custos altos, e tambem os Pecuaristas do Brasil são sempre prejudicados.

Fábio Gomes de Souza
NAGILA SILVA DAL POZ DA SILVEIRA

CAMPINA DA LAGOA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/08/2009

So tenho um comentario a fazer, o da indignacao por sermos tao marginalizados como produtores de leite. Mas um dia tudo isso vai mudar porque na cidade, no asfalto, nao se produz nada.
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 25/08/2009

Prezado Sr Humberto;

Sobre a Bolsa de Generos Alímenticios do Rio de Janeiro acesse www.bga.com.br, acesse o link "serviços" em seguida "laticínios".

Em relação as margens gostaria de reiterar que em meus comentários desde o início do ano venho criticando a postura especulativa das indústrias de UHT que não refletem ABSOLUTAMENTE a realidade do mercado de laticínios do mesmo período. Elas tiveram uma margem muito grande, mas ao meu ver falsa já que formaram estoques "estratégicos" que agora está explodindo nas mãos das mesmas. Outros produtos como especialmente os que trabalho (leite pasteurizado, queijos e subprodutos) não acompanharam percentualmente nem a alta do produtor que em nossa região recebeu de 0,85 à 0,90.
Quando digo discurso ideológico é porque sinceramente, me incomoda muito a postura de ALGUNS produtores que tem o discurso pronto: quando aumenta aumenta pouco, quando abaixa, abaixa muito e estão ALGUNS deles como disse antes à cada entressafra, inflacionando leilões pagando 5000, 6000 até 10000 em vacas.
Antes de tudo fui produtor de leite por muitos anos e posso falar por experiência, quem não acompanha o seu negócio porteira para dentro, embaixo da vaca a cada ordenha está fadado a sofrer cada crise de mercado por conta da falta de eficiência administrativa e conhecimento de seus custos. Como diga-se da passagem foi meu caso.
Acho que o produtor tem que reclamar suas margens sim mas antes disso acho que toda a cadeia produtiva tem que achar saídas para que alguns agentes de mercado não destruam uma recuperação de preços que demorou dois anos para acontecer.
Dependemos de uma regulamentação do setor como um todo para deixarmos de ficar nas mãos de alguns gananciosos que não entendem nada da lei básica de mercados: lei da oferta e da procura e definitivamente algumas indústria de UHT derrubaram o mercado esse ano que vai indo mais uma vez de ladeira abaixo.

Obrigado pelos comentários Sr Humberto, espero ter esclarecido meu ponto de vista, qualquer dúvida estou pronto a atende-lo;

Sávio Santiago
JOSÉ HUMBERTO ALVES DOS SANTOS

AREIÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/08/2009

Ainda sobre os comentários do Dr.Sávio:
Não entendi o que quer dizer "discurso ideológico sobre a margem". Não considero ideologia (!?) discutir-se sobre a margem, mesmo que bruta, de cada elo da cadeia; o que o gráfico 1 mostra, com as ressalvas do próprio artigo, é que a tal margem da indústria ficou DESPROPORCIONAL em relação aos outros elos da cadeia (produtor e varejo). Daí a grita generalizada dos produtores em relação ao preço final do produto, e a pressão do varejo e do consumidor.

Se usarmos a sua informação de preço de embalagem, teríamos, de acordo com o gráfico 1 os seguintes componentes:
a) - preço do produtor: R$ 0,75 (de acordo com o CEPEA)
b) - margem do varejo: R$ 0,25 (considerando-se o preço do UHT de R$ 2,50)
c) - margem da indústria de R$ 1,50 (já incluído o custo de embalagem de R$ 0,45, conforme informações do próprio Dr. Savio).
O sr. concorda?

Gostaria de ouvir outros comentários,
Obrigado.
JOSÉ HUMBERTO ALVES DOS SANTOS

AREIÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/08/2009

Desculpe-me Dr. Savio.
Fiquei surpreso com a afirmação que..."a bolsa do Rio....é o maior termometro do mercado interno..."
O que é a bolsa do Rio?
Onde podemos acessá-la?
Obrigado pela informação do custo da embalagem do UHT.
RENATO CALIXTO SALIBA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/08/2009

Nós produtores de leite só temos uma alternativa: nos unirmos. Ou fazemos isso ou vamos continuar sendo presa fácil. Ainda acho que deveriamos diminuir a nossa produção entre 10% e 20% e impormos o nosso preço aos lacticinios, cooperativas e demais compradores, porque somente assim conseguiremos ter valor nessa cadeia de exploradores dos produtores de leite.
FAZENDA SALTO GRANDE DO JACUI LTDA

SALTO DO JACUÍ - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/08/2009

Tambem fico preocupado com essa previsão de baixa para o leite entregue en agosto. As industrias chegam falar em baixa 5 a 7 centavos, no sul do pais com a chuva e o frio a nossa safra ainda não chegou. E com a falta de pastagem os nossos custos aumentam. O que fazer agora?
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 20/08/2009

A postura especulativa das indústrias de UHT que iniciou-se em março com certeza prejudicou o mercado interno. A valorização desde o início do ano era real e não havia necessidade de causarmos um verdadeiro terrorismo especulativo com os varejistas, bastava aceitarmos as altas que estavam por vir de forma natural e gradativa.
Esse discurso ideológico de "margem" dessa ou aquela parte da cadeia produtiva não tem lógica na minha opinião. O que acho que importa é que sempre que houver desequilíbrio entre produtor, indústria, varejo e consumidor o mercado tende a não se sustentar valorizado, não gerando renda e lucratividade para todos os elos da cadeia.
As indústrias de UHT passaram parte de maio, junho e julho com volumes de estoque de médio à alto, não por retração de vendas e muito menos por altos volumes produzidos, mas sim por uma especulação desnecessária de mercado aplicando-se altas sucessivas e irreais do produto.
Chegamos ao absurdo de termos cotações de UHT batendo 2,25 à 2,40 no atacado em maio/junho, mesmo estando as indústrias com estoques "estratégicos" contrastado com os preços no mercado externo em baixa, ou seja, "estratégia" suicida.
Infelizmente sempre que o mercado se mostra recessivo, hora por aumento de volume, hora por importações ou outros eventos temos a mania de não querermos enxergar a realidade. Tendemos à nos defender como se a maior das conspirações econômico-financeiras estivessem para ocorrer auxiliada pela a atuação de uma ou mais "máfias" do setor.
Mas a realidade é que os estoques de UHT estão altíssimos, a bolsa do Rio que é indiscutívelmente, na minha opinião, o maior termômetro do mercado interno apontam semanalmente por quedas acentuadas do UHT, e o que é pior, de duas semanas para cá também dos subprodutos.
Os encartes de redes de supermercados e hipermercados "pipocam" diariamente com UHT Fulano de Tal do SUL à 1,60, queijo mussarela Sicrano do Norte por 9,00...sintomático.
Para falar em números de ontem: UHT 1,40 (ofertas de encarte, pasmem à 1,25), Mussarela 7,50 à 8,50. No nosso mercado regional o leite Pasteurizado já caiu no atacado de 1,25 à 1,35 para 1,10 à 1,15.
Acredito que para evoluírmos como cadeia produtiva devemos estreitar as relações entre os diversos agentes de mercado, de todas as partes da cadeia produtiva para evitarmos de sempre, repito, SEMPRE cometermos os mesmos erros que funcionam sistematicamente como um "tiro no pé" sazonal.
Em tempo, com o objetivo de colaborar com o amigo que realizou o comentário anterior sobre o valor da embalagem do UHT, ela varia entre 0,39 à 0,43 de acordo com a arte e outras coisas inluindo caixa de 12 (papelão) e plástico envoltório.
Um abraço a todos;
CARLOS AUGUSTO BITTENCOURT FERREIRA

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/08/2009

Governo hipocrita que prefere jogar credito de bilhões na praça para vender carro, e se esquece da agropecuaria. Pois poderia ter momentos de intervençao com subsidios à exportaçao nos momentos de crise cambial como agora e com certeza a conta para os cofres publicos sairia bem mais em conta. Vamos diminuir por conta propria nossa produção. Cobrar imposto em cima de comida é crime, que margem de lucro é esta meu Deus.
JOSÉ HUMBERTO ALVES DOS SANTOS

AREIÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/08/2009

Muito bom esse gráfico 1. Confesso que não tinha noção da fatia percentual da indústria. Agora, não tenho noção também de quanto representa a embalagem do UHT no universo de custos da Indústria, não seria bom termos esses preços?
Não sei se é dificil de conseguirmos, mas seria um bom parâmetro dada a relevancia do leite UHT em qualquer pesquisa de preços.

Quanto ao resto, gostaria de salientar algumas reflexões a respeito da pesquisa feita, e muito pertinentemente.
a)- o esforço dos representantes da Indústria de dar uma expectativa de baixa acentuada nos preços;
b)- uma falta de objetividade de muitos produtores em relação ao que a pesquisa queria saber;
c) - uma confusão entre as expectativas do leite entregue em julho, com pagamento em agosto e do leite entregue em agosto c/pgto em setembro
d) - como é importante ter um instrumento como o MILKPOINT para conhecermos os elos da cadeia.

Parabéns à equipe.
AROLDO AUGUSTO MARTINS

EDEALINA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/08/2009

Nós produtores deveriamos ter vergonha na cara e sair dessa atividade que é cartelizada por multinacionais e cooperativas, além de comercio varejista que tem uma margem duas vezes maior que o produtor. Isso é uma vergonha.

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