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Período de safra vai acabando e preços se sustentam

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

PANORAMA DE MERCADO

EM 01/02/2012

6 MIN DE LEITURA

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Se observarmos os valores pagos em janeiro em comparação com o valor de pico no ano anterior (Gráfico 1), é possível verificar que, neste ano, assim como já havia ocorrido no ano passado, o preço recebido pelo produtor, em média, pouco se alterou. Antes do início da safra, os agentes de mercado apostavam em reduções médias entre R$ 0,10 e R$ 0,15/litro, o que não se confirmou: a queda ficou restrita à metade deste valor, se considerado o valor de pico menos o preço de janeiro.

Aliás, abrindo um parênteses, é interessante notar que, nos últimos 8 anos, em quatro deles a queda na chamada safra foi modesta, indicando que o comportamento histórico de preços pode não ser mais a referência para o comportamento atual e futuro, ainda que seja cedo para falarmos em uma tendência.

Gráfico 1: Valor pago em janeiro em relação ao valor mais alto pago no ano anterior (Fonte: MilkPoint, a partir de dados do Cepea/USP)
 

 


Mesmo que alguma redução nos preços do leite ainda apareça, as baixas serão discretas. Os Conseleites dos três estados do Sul, por exemplo, projetaram reduções no preço de janeiro de apenas 3% (Paraná) e 1% (Santa Catarina e Rio Grande do Sul) - leia matéria relacionada.

Considerando ainda que o pior já passou (férias escolares e o pico de produção que via de regra cai nos meses de dezembro e janeiro), pode-se afirmar que a safra transcorreu sem sobressaltos, com preços historicamente elevados, como pode ser observado no gráfico 2, que traz os valores já corrigidos para a inflação.

Gráfico 2. Preços ao produtor, corrigidos pela inflação (Fonte: MilkPoint, a partir dos dados do Cepea/USP).

 

 



A principal explicação para esse comportamento reside na oferta de leite em 2011, principalmente no quarto trimestre. Embora não tenhamos os dados oficiais do IBGE para a captação formal, se utilizarmos os valores conhecidos até setembro e aplicarmos a variação nos meses seguintes estimada pelo Cepea, chegaremos a um modesto aumento de 1,7% na produção inspecionada de 2011 (Gráfico 3), um aumento de menos de 300 milhões de litros. Isso ocorre porque, no último trimestre, o Cepea captou um aumento modesto na oferta, abaixo das médias históricas. De fato, considerando 2011 como um todo, o Cepea apontou queda de 2,2% na captação.

Ainda que o IBGE traga números mais altos e que a curva do final de 2011 não seja tão baixa quanto a apresentada pelo gráfico 3, parece claro que a razão para a manutenção dos preços é a baixa oferta de leite no mercado.

Gráfico 3. Oferta inspecionada de leite em 2010 e 2011 (Fonte: IBGE, exceto último trimestre de 2011 - estimativa MilkPoint)

 



É importante lembrar que o crescimento do mercado de consumo tem girado em torno de 3 a 7% ao ano, dependendo da situação econômica do país, de forma que uma produção apenas 1,7% maior não seria suficiente para manter o mercado equilibrado.

Há que se considerar, evidentemente, o aumento das importações, contribuindo para equilibrar essa conta. Porém, mesmo nesse item, deve ser observado que os valores em equivalente leite importados (a quantidade de leite utilizada para produzir um quilo de determinado produto) nos últimos dois meses do ano de 2011 apresentaram uma redução frente ao ritmo crescente que se iniciou mais acentuadamente no segundo semestre do ano passado (Gráfico 4). Portanto, se a importação foi menor em novembro e dezembro e a oferta interna também não respondeu à demanda, tudo indica que o mercado ficou com pouca disponibilidade de leite.

Gráfico 4: Importação em equivalente leite em 2011 (Fonte: MilkPoint, a partir dos dados do MDIC).

 



Os altos valores dos preços pagos no campo fizeram com que as margens das indústrias ficassem mais apertadas, uma vez que as vendas de UHT no atacado vinham enfraquecendo desde o final de setembro. O artigo de Paulo do Carmo Martins, avaliando a evolução relativa dos preços de vários derivados ao longo de 2011 mostra que, no geral, o produtor é quem vem ganhando, traduzindo em números o raciocínio desenvolvido ao longo desse artigo (leia mais).

Quais as tendências para os próximos meses?

Um primeiro aspecto é que, a partir de meados de janeiro, agentes do mercado têm reportado alguma reação nos preços do UHT no atacado, provavelmente pela demanda estar sendo normalizada com o retorno das aulas escolares ou até por algum movimento das empresasque estão buscando uma alternativa de alcançar preços mais elevados em um futuro próximo.
Os preços do UHT no atacado têm forte correlação com os preços do leite ao produtor, sendo esta uma sinalização potencialmente interessante.

Além disso, o primeiro mês do ano foi marcado com diversas notícias sobre a estiagem que provocou alguns impactos, com perdas consideráveis nas lavouras, principalmente no milho no Sul do país. Algumas regiões como Vale do Taquari e o sul do Rio Grande do Sul foram os locais mais afetados pela seca. O noroeste do Estado gaúcho e oeste de Santa Catarina ainda não apresentam grandes perdas de produção, mas os produtores aproveitaram o milho que estava sendo perdido para suprir a falta dos pastos, segurando dessa forma o impacto na oferta. Contrariando alguns índices anunciados que relatavam perdas na produção de leite de até 10%, informações de agentes de mercado pronunciaram que o reflexo ainda não foi sentido de forma representativa e as perdas na produção de leite nessas regiões giram de 5% para menos. O Paraná teve apenas algumas áreas localmente afetadas, assim como os prejuízos na agropecuária. O impacto na oferta provavelmente será sentido nos meses seguintes, quando será preciso suplementar os animais. Ao que tudo indica, a produção de silagem produzida será de baixa qualidade, pois as plantas processadas apresentam pouca massa verde e espigas pequenas, com pouca quantidade de grãos. Assim, para os próximos meses, é possível que a produção do Sul venha mais tímida, por reflexo das intempéries climáticas de janeiro. Os acordos de importação com a Argentina, a possibilidade do Uruguai não ter o mesmo desempenho do ano que passou e uma possível melhoria da situação cambial podem contribuir para uma disponibilidade de leite mais ajustada no primeiro semestre, elevando os preços, que também podem ser puxados pela demanda, que poderá ser impactada positivamente pelo aumento do salário mínimo.

Por outro lado, os principais lácteos têm subido mais do que a inflação e, dentro deles, os preços ao produtor foram os que mais destacaram, apertando as margens da indústria. Sob o aspecto da produção, o produtor está estimulado pelos longos meses de relativa estabilidade de preços em 2011, em patamares interessantes.

Ainda é cedo para tecermos comentários mais definitivos sobre o comportamento do ano. O cenário mais provável continua sendo de um ano de relativa estabilidade, sempre lembrando que há diversos fatores que definem o mercado. Um destes fatores é a política de preços nos próximos meses: se houver forte estímulo a produção, ainda mais em um cenário de custos controlados, o resultado poderá ser o de forte elevação na oferta e consequente redução de preços, fazendo com que os preços em janeiro de 2013 se assemelhem mais ao comportamento verificado em anos como 2008/07, 2009/08 e 2010/09 do que nos últimos dois anos.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

Médica Veterinária (UEL), Mestre em Medicina Veterinária (UFV), e coordenadora de conteúdo e analista de mercado do MilkPoint.

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RONEY JOSE DA VEIGA

HONÓRIO SERPA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2012

Bom dia amigos do Milkpoint, bom, eu penso o seguinte, o Brasil produz apenas o leite necessário para atender a demanda interna, e esta situação deve se manter por um bom tempo, ou até mesmo, a balança pode pender para o do aumento de demanda, já que o dinheiro do novo salário mínimo ainda não foi sentido nos mercados. Quanto a questão da safra, é sabido que nos meses entre novembro e fevereiro, a produção de leite no centro-oeste mais que duplica, devido as chuvas, fato que não foi tão acentuado esse ano, houve safra sim, mas foi mais curta. Acredito em níveis de preço cada vez mais altos e sem grandes oscilações. Isso se nosso governo não resolver importar grandes quantidades de leite em pó, caso isso não ocorra, teremos com certeza preços de leite acima de R$ 1,00 o litro. Amém!
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/02/2012

Prezado Marcelo Pereira de Carvalho: Com certeza, a formalização da produção láctea brasileira já é uma realidade incontestável, mesmo com as idas e volta das Instruções Normativas do MAPA, de sorte que as grandes indústrias já enxergam a realidade da implantação definitiva das normas e vêm se adequando às mesmas - ainda que tenham advindo os malfadados adiamentos - exigindo, cada dia mais, profissionalismo na produção. Entendo, inclusive, que este movimento tem gerado aquele fenômeno sobre o qual você nos alertou, em artigo anterior, da concentração cada vez maior da produção na mão de cada vez menos produtores, resultado do aumento substancial das produções particularizadas e da especialização, cada vez mais acentuada, dos rebanhos. É claro que estas marés ainda estão sendo ocupadas pelos primeiros barcos, mas, no futuro, a lotação deste mar será fato visível. Só que, pelo que se avizinha, teremos muito mais transatlânticos que botes em seu interior.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/02/2012

Prezado Divino Lúcio Garcia de Carvalho: De forma alguma afirmei contentamento com as catástrofes que assolaram as diferentes regiões do Brasil, inclusive a minha (Zona da Mata/Sul de Minas Gerais). Não foi esta a intenção, mas, sim, a de fazer uma análise realista da manutenção dos preços, num mercado que, há anos, vem sendo regido por uma balança de altos e baixos preços. Como a sinceridade do estudo cobra, não há como não incluir estes lamentáveis estados de coisas no meio das conclusões. Só para você ter ideia da minha isenção quanto aos dilemas levantados por você, estes fenômenos naturais em hipótese alguma me trazem benefício, já que tenho firmado contrato de preço mínimo, que me garante a regularidade de preço, pouco importando os vai e vem mercadológicos. Por outro lado, os que acompanham o desenrolar de minhas participações neste sítio especializado, sabem que, no ano passado, por ocasião da catástrofe no Rio de Janeiro, por conta própria, a Fazenda Sesmaria doou, para as regiões atingidas, um dia de produção de leite (à época, 1600 litros). Pouco, mas, tenho a máxima certeza, que foi benvindo. O amigo Marcelo Erthal Pires, um dos grandes debatedores que por aqui circulam, que é da região sinistrada, sabe o quanto nos preocupamos com a população de lá e com ele mesmo, acomodado justamente no epicentro da destruição.  

Com certeza, tudo seria muito mais animador se não tivéssemos vivenciado o desespero nos olhos dos nossos irmãos.Tenha a certeza que a provação de nossos queridos conterrâneos, dos amigos sulistas e, mesmo, das mazelas quase perpétuas dos nordestinos sempre nos trazem muita lágrima ao coração.

Quem milita nos ensinamentos do Mestre Jesus, como eu, que tem a caridade como bandeira indelével, jamais se regorzija com o sofrimento alheio, seja ele a que nível for. Fica o registro para que não se tenha ideia diferente do que possa ter sido realmente o ânimo que vivificou minha fala.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 02/02/2012

Guilherme e Roberto, obrigado pelos comentários.



Roberto, o Cepea consulta as indústrias, que captam o leite formal assim como o IBGE. Porém, é uma amostragem (significativa, sem dúvida) e não um censo, como o do IBGE. De qualquer forma, acho que a base de dados é a mesma. Dá apenas para especular (ex: Cepea teria uma participação grande de cooperativas e elas estariam perdendo espaço; maior participação da região sudeste e centro-oeste na amostragem, etc).

Por outro lado, a migração do informal para o formal deve ter ocorrido nesse ano. Muito queijeiro deve ter vendido leite spot porque o preço da máteria-prima ficou elevado.

Concordo com você a respeito do aumento de custos; preços altos não significam mais diretamente lucro elevado. Porém, mesmo com os custos mais altos, a receita menos de alimentação tem se mantido em patamares razoáveis. Mais do que isso, a estabilidade é um fator que em tese estimula a produção.

Acho que o não-estímulo pode estar associado a incertezas (será que vale a pena investir? vai durar?) e à concorrência com outras atividades que vem afetando a produção em estados importantes como MG, GO e mesmo SP (somado aos demais). Mas é especulação minha, de fato precisaríamos de um estudo.

DIVINO LUCIO GARCIA DE CARVALHO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/02/2012

fico muito recentido com  o comentário de guilherme a. m. franco, pois, fica parecendo que a gente fica torcendo pra ocorrer alguma catástrofe com nossos colegas produtores de leite pra termos algum benefício. È muito ruim saber que houve prejuizos com seca, com enchentes ou qualquer outro fenomeno...Se fosse somente pelo aumento do consumo para que o preço se mantivessem  seria muito mais agradável e animador...O consumo de lácteos ainda é muitíssimo baixo, em comparação com refrigerantes, bebidas alcoolicas, cigarros e vários outros bens de consumo, e olhem que o custo de produção nem se compare...
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/02/2012

O IBGE aponta 3,4% de crescimento no leite formal entre janeiro e setembro de 2011, patamar bastante positivo para o histórico recente dos últimos anos, mas o Cepea aponta queda de 2,2% no ano para o leite total.


Mesmo que a queda de produção seja pontual no quarto trimestre como voces sugerem, ela seria muito forte em um prazo bastante curto; com os bons preços do leite, teoricamente isso não deveria ter ocorrido.


A seca na região sul pode ter tido uma boa contribuição para essa queda pontual, ainda que a safra de lá seja no inverno e a produção seja formal na sua grande maioria.


Outra hipótese seria uma possível grande migração do leite informal e do queijo artesanal para o mercado formal devido aos preços mais estimulantes. Isso explicaria o aumento do formal e queda do total.


Mas, de uma forma ou de outra, como existe uma clara tendencia mundial de aumento nos custos de produção de leite em todos os países, principalmente pelas commodities utilizadas, precisamos fazer um pequeno exercício e verificar se realmente os atuais preços mais remuneradores do leite estão de fato estimulando o aumento de produção.


Eventualmente isso poderá não estar ocorrendo, principalmente porque o famoso custo Brasil, mais impostos, mais ganho real dos custo de mão de obra etc... poderiam estar tirando competitividade da cadeia do leite Brasileira, mesmo com aumento de renda e consumo traduzidos em preços mais remuneradores aos produtores.


Um estudo sobre a competitividade da cadeia seria bem vindo para olharmos o futuro.  
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/02/2012

Prezados Marcelo e Maria Beatriz: Parece que eu acertei quando, em resposta a um de seus artigos anteriores, afirmei que, este ano, a gangorra de preços ao produtor não seria tão acentuada. Os motivos, além dos já apresentados em mais esta preciosa análise, seriam, ainda, a baixa na produção nacional, implementada pelas intempéries como a seca no Rio Grande do Sul e as enchentes no Sudeste, que achataram a produção e tornaram a busca pelo produto maior, para que as necessidades das plantas dos laticínios sejam supridas. O aumento do consumo veio atrelado a estes problemas estruturais das granjas leiteiras e pode firmar um estado substancial de mantença dos preços ao longo do ano. Bom para aqueles que se mantiveram fora do eixo destas catástrofes e puderam ampliar ou manter a produtividade, como nós.


Parabéns e um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO


FAZENDA SESMARIA - OLARIA -MG


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