Mudanças rápidas na demanda
O setor lácteo é determinado pelo mercado consumidor. A última década caracteriza-se pelo crescimento no poder aquisitivo em muitas regiões do mundo, incluindo algumas não tradicionais na produção de leite e, dessa forma a demanda por lácteos está sendo pressionada.
A procura por produtos lácteos é impulsionada por uma combinação de vários fatores, além do crescimento da população. Mudanças na estrutura na pirâmide populacional e nos hábitos de consumo e melhoria no poder aquisitivo e nas condições de bem-estar das pessoas têm aumentado o consumo per capita de lácteos nos países emergentes.
De modo geral, a produção de leite não tem conseguido reagir à mesma velocidade da demanda. Esse descompasso motiva oscilações de preço do produto e no mercado internacional. A Figura 1 ilustra a evolução do crescimento anual da demanda e oferta de leite no mundo.
Figura 1. Crescimento anual da demanda e oferta de leite no mundo.
Fonte: 14th IFCN Dairy Conference 2013.
Produção com mudanças estruturais intensas
O ano de 2012 foi considerado um ano particularmente difícil para o produtor de leite. Todavia, a produção está em rápido crescimento nos países emergentes, principalmente devido ao aumento do tamanho médio do produtor.
Nos países desenvolvidos os produtores procuram maximizar as margens e há uma visível tendência no crescimento do tamanho médio da fazenda e do rendimento por vaca.
O mercado como fator determinante
Há a expectativa de que no longo prazo haja um aumento contínuo do preço internacional do leite. O curto prazo é de aumento da volatilidade, como consequência da redução de estoques para serem utilizados para enfrentar escassezes temporárias.
Mudanças nos modelos de produção
Modelos de produção extensivos são capazes de lidar com um ambiente atualmente mais competitivo, desde que consigam manter margens suficientes para renda mínima, bem como espaço para ampliação dos investimentos.
A Figura 2 ilustra, de forma agregada, o status da lucratividade de fazendas de algumas regiões, em 2012. As cores das barras indicam o número de fazendas (em percentual) classificadas de acordo com três níveis de lucratividade, em US$ 1,00 por 100 kg de leite.
Figura 2. Estimativas da distribuição percentual do número de fazendas típicas por região, de acordo com três classificações de níveis de lucratividade, para o ano de 2012. Em US$ 1,00 por 100 kg de leite.
Fonte: 14th IFCN Dairy Conference 2013.
O modelo de produção mais intensivos em capital está mais exposto à redução de margens, devido à combinação de aumento na volatilidade de preços e aumentos dos custos de produção de leite (alimentação, terra, capital, energia e mão de obra).
Expectativas para 2014
O volume mundial de leite produzido atualmente ultrapassa a 730 milhões de toneladas e nos países emergentes o crescimento é mais forte, principalmente em decorrência do aumento do número de fazendas produtoras de leite.
Na Figura 3 são mostradas as previsões de crescimento da produção de leite em alguns países, para 2014. Como se observa, os principais países produtores, como Índia, China, Nova Zelândia e Argentina têm estimativas de aumento superiores a 3%. Para os Estados Unidos, que é o maior produtor mundial de leite de vaca, estima-se uma taxa de crescimento de 1,4%, representando um volume superior a 3,5 milhões de toneladas.
Figura 3. Previsões de crescimento da produção de leite (%) em 2014 em alguns países.
Obs: A taxa de crescimento da Europa representa a média de 27 países.
Fonte: 14th IFCN Dairy Conference 2013.
Expectativas para os próximos dez anos (2023)
Para os próximos dez anos (2014 a 2023) é esperado um adicional de produção de leite de 230 milhões de toneladas, que elevará o volume mundial para o patamar de um bilhão de toneladas.
A demanda por leite apresenta um crescimento de 20 milhões de toneladas por ano. Isso é equivalente à produção total anual da Nova Zelândia. O desafio está em conseguir essa adicional, num patamar de demanda impulsionada pelo crescimento da população e aumento das condições de bem-estar da população e crescimento do consumo per capita.