Segundo dados divulgados nessa quinta-feira (04/02) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), as importações brasileiras de derivados lácteos apresentaram, em janeiro o menor patamar desde agosto/20. No total, foram importados cerca de 149 milhões de litros de leite equivalente no mês, uma retração de 18% em relação a dezembro/2020. Este é a visão do copo “meio cheio” do tema importações.
Por outro lado, ao compararmos o volume importado agora em janeiro com as importações em janeiro de 2020, o aumento é de impressionantes +82% (ainda!). Já quanto às exportações, o volume foi de 7,5 milhões de litros, uma queda de 9% em relação ao mês anterior e de 44% em relação a janeiro/20.
Assim, o saldo da balança comercial de lácteos foi de -142 milhões de litros (em equivalente leite), uma redução de 18% no déficit quando comparado a dezembro/20.
Gráfico 1. Saldo da balança comercial brasileira de lácteos, 2017 a 2021.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT
O mercado interno apresentou, em janeiro, um cenário bastante retraído. A demanda enfraquecida, decorrente do fim do auxílio emergencial e segunda onda da pandemia, prejudicou o ritmo de vendas dos derivados lácteos. Por conta disso, os preços vêm apresentando quedas significativas no mercado interno e o nível de estoque nas indústrias estão atingindo elevados patamares. Assim, o ritmo lento do mercado nacional é um dos fatores que desestimulou as compras no primeiro mês do ano.
Outro importante fator é a situação do comércio internacional de derivados lácteos. Desde novembro/20, estamos acompanhando um cenário de aumento de preços nas negociações do leilão GDT. Assim, o produto importado tem chegado ao Brasil com preços bastante elevados e pouco competitivos em comparação com os produtos nacionais.
Entre os produtos importados pelo Brasil, o leite em pó integral, o leite em pó desnatado e queijos ainda foram aqueles com maior participação na pauta importadora em janeiro; deles, apenas o leite em pó integral apresentou queda, com uma variação de -40% em relação a dezembro/20 no volume importado. O leite em pó desnatado apresentou aumento de 37%, enquanto os queijos permaneceram estáveis.
Entre os produtos que apresentaram queda de volume de importações, destacam-se, também, as manteigas - que vinham apresentando forte aumento de importações nos últimos meses do ano -, com variação de -30%.
Em relação às exportações, os produtos que tiveram maior participação no volume total exportado foram o leite condensado e o creme de leite, que juntos, representaram 66% da pauta exportadora e tiveram variações de 26% e -3% em relação a dezembro/20, respectivamente. Um produto que apresentou forte aumento de exportações em janeiro foi o leite em pó desnatado, embora o volume vendido ainda não seja tão significativo.
Na tabela 2, é possível observar as movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de janeiro deste ano.
Tabela 2. Balança comercial láctea em janeiro/2021
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint, com base em dados COMEXSTAT.
Apesar dos volumes ainda elevados de importações, o cenário futuro é de queda da competitividade do produto importado em nosso mercado.
Com o leite em pó integral se aproximando dos US$ 3.500/ton no mercado internacional, a taxa de câmbio oscilando ao redor de R$ 5,5/US$ e o recuo dos preços aqui no nosso mercado, fica pouco competitivo o produto do Mercosul e o cenário para os próximos meses é de queda nos volumes importados.