Durante o primeiro leilão de lácteos da plataforma GDT do mês de abril, realizado no dia 02/04, os preços internacionais dos principais derivados lácteos apresentaram uma recuperação. Com uma variação de 2,8% em relação ao evento anterior, o preço médio das negociações ficou em US$ 3.558/tonelada, como mostra o gráfico 1.
Gráfico 1. Preço médio leilão GDT
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
Neste último leilão, ao contrário do que foi observado anteriormente, todas as categorias acompanhadas apresentaram avanços em seus preços médios.
O queijo, que havia apresentado uma desvalorização, registrou um importante avanço de 4,1% em seu preço médio, de US$ 4.340/tonelada, atingindo o maior patamar dos últimos quatro eventos.
Os leites em pó também apresentaram valorizações. O leite em pó integral atingiu o preço médio de US$ 3.246/tonelada, com um avanço de 3,4% em relação ao evento anterior, enquanto o avanço registrado para o leite em pó desnatado foi de 1,4%, sendo negociado na média de US$ 2.550/tonelada.
Já a manteiga também apresentou uma valorização e atingiu o maior patamar registrado nos eventos desde maio de 2022, sendo negociada em torno de US$ 6.592/tonelada, uma alta de 3,1% em relação ao evento anterior.
Confira na Tabela 1 o preço médio dos derivados após a finalização do evento e a variação em relação ao evento anterior.
Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 02/04/2024.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
Sobre o volume negociado no evento não houve nenhuma novidade, com mais um recuo sendo registrado. Com um total de 18.737 toneladas sendo negociadas, pôde ser observada uma queda de 4,7% em relação ao volume negociado no evento anterior, renovando o menor patamar registrado nos eventos desde junho de 2020, como mostra o gráfico 2.
Gráfico 2. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
No mercado futuro da Bolsa de Valores da Nova Zelândia para o leite em pó integral, ainda é possível observar uma continuidade na tendência de queda, como pode ser observado no gráfico 3.
Gráfico 3. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures).
Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2024.
No mercado internacional, a oferta global dos principais exportadores ainda se encontra em baixos patamares. Incluindo o nosso principal fornecedor, a Argentina, que vem registrando fortes quedas em sua produção, em decorrência de um cenário bastante complicado para os produtores de leite no último ano, com queda nos preços recebidos pelo leite e aumento nos custos. Somado a isso, o mercado interno no país apresenta também um intenso recuo no consumo, sem expectativas de melhora no curto prazo.
Em relação a balança comercial do país, segundo informações da Direção Nacional de Lácteos da Argentina, as exportações argentinas apresentaram um avanço de 11% em seu volume nos primeiros dois meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023, com o leite em pó sendo o principal produto exportado. Como consequência, também foi registrada uma queda em seu estoque interno de leite em pó, em cerca de 19% em fevereiro deste ano em relação a fevereiro de 2023.
E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?
Vale destacar que o Brasil importa produtos lácteos principalmente da Argentina e Uruguai, que atualmente praticam preços acima do GDT. Isso se dá pela Tarifa Externa Comum (TEC), que chega a quase 30% para importações de fora do Mercosul.
Apesar do avanço nos preços internacionais dos lácteos neste último leilão GDT, a disponibilidade de leite nos principais fornecedores brasileiros, principalmente a Argentina, seguirão sendo um dos principais fatores determinantes para a competitividade dos produtos lácteos importados no Brasil. Sendo necessário acompanhar tanto a produção de leite no país como seu consumo interno.