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Balança comercial de lácteos: exportações em ascensão!

POR TIAGO DA CUNHA FARIA

PANORAMA DE MERCADO

EM 08/03/2022

6 MIN DE LEITURA

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Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (07/03) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo da balança comercial de lácteos foi de -20 milhões de litros em equivalente-leite no mês de fevereiro, um aumento de 31 milhões, ou aproximadamente 60% em comparação ao mês anterior.

Ao se comparar ao mesmo período do ano passado (fev/2021), o saldo foi ainda menos negativo, sendo que o valor em equivalente-leite nesse período foi de -102 milhões de litros, representando um aumento de aproximadamente 80%. Esse resultado é o menos negativo desde 2014 para o mês, quando teve um saldo de -6 milhões de litros, e representa o quarto mês consecutivo de aumento. Confira a evolução no saldo da balança comercial láctea no gráfico 1.

Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos.

Fonte: elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

 

 

No mês de fevereiro as exportações tiveram um aumento de aproximadamente 48% em relação ao mês de janeiro, com um acréscimo de 7,0 milhões de litros no volume exportado. Ao se comparar com 2021, as exportações também foram maiores este ano, com um aumento de 14,8 milhões de litros, representando um acréscimo de aproximadamente 214% no volume exportado, ou seja, no mês de fevereiro deste ano foi exportado um pouco mais que o triplo do volume comparando-se com o mesmo período do ano de 2021.

Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.


Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

 

Do lado das importações, o mês de fevereiro apresentou diminuição de 23,4 milhões de litros no volume negociado, um valor aproximadamente 36% inferior ao mês de janeiro. Analisando o mesmo período do ano passado, nota-se uma diminuição expressiva entre os volumes importados; em fevereiro de 2021, 108,8 milhões de litros em equivalente-leite foram importados, já em 2022 esse valor teve um recuo de aproximadamente 61%, totalizando 42,1 milhões de litros, o que pode ser observado no gráfico a seguir:

Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.


Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

 

Essa diminuição nos volumes importados e aumento nas exportações acarretou um saldo mais favorável para o mês de fevereiro na balança comercial de lácteos. O resultado é o menos negativo desde o ano de 2014 para o período. Quando comparado com o ano de 2021 a diminuição drástica nos volumes importados e o aumento expressivo nas exportações geraram a disparidade dos valores dos saldos.

Este cenário é consequência dos altos preços internacionais dos lácteos e da elevada taxa de câmbio (R$/Dólar), observada ao longo dos últimos meses, conforme relatado no artigo publicado pelo MilkPoint “GDT: preços internacionais de lácteos atingem o maior valor médio da história." Os preços médios atingiram o maior valor da história do evento, que teve seu início em meados de 2008, além de ser apenas a quarta vez que os valores médios ultrapassam os U$ 5.000 /tonelada.

Dessa forma, o mercado brasileiro se viu em um cenário com baixa competitividade das importações, conforme demonstra o gráfico 4. Associada a uma demanda interna fragilizada,  essa dinâmica levou à diminuição do volume importado pelo Brasil.

Gráfico 4. Custos do Leite em Pó Integral Importado vs Local (nacional).

Fonte: MilkPoint Mercado.

 

Com relação ao câmbio, mesmo com uma desvalorização do dólar frente ao real nas últimas semanas de fevereiro, a elevação dos preços internacionais praticamente anulou este efeito e manteve a competitividade dos importados baixa, conforme demonstrado no gráfico 4.

Em relação aos produtos mais importantes da pauta importadora em fevereiro, temos o soro de leite, leite em pó integral, os queijos, e o leite em pó desnatado que juntos representaram 92% do volume total importado.

O leite em pó integral teve uma diminuição de 76% em seu volume importado. Os produtos que tiveram maior variação com relação à importação foram o leite em pó desnatado, com um recuo de 78%, os iogurtes com um recuo de 89% e o soro de leite, com um aumento de 82%.

Os produtos que tiveram maior participação no volume total exportado foram o leite em pó integral, o leite condensado, o leite UHT, o creme de leite e os queijos, que juntos, representaram 89% da pauta exportadora. Produtos que apresentaram forte variação com relação ao mês de janeiro foram o leite em pó integral, o soro de leite e a manteiga que tiveram aumento de 33.410%, 638% e 1.868%, respectivamente.

A tabela 1 mostra as principais movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de fevereiro deste ano.

Tabela 1. Balança comercial láctea em janeiro de 2022. 


Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.

 

O que podemos esperar para o próximo mês?

O saldo da balança comercial de lácteos de fevereiro foi realmente impactado pela dinâmica do câmbio e preços internacionais e observou-se no período as exportações se sustentando e um baixo volume importado, conforme abordado nos últimos artigos da balança comercial. Na primeira metade do mês, o saldo da balança chegou a ficar positivo segundo os dados parciais fornecidos pela Secretaria do Comércio Exterior.

O cenário observado nos últimos meses deve se sustentar, pelo menos em curto prazo, devido a dois principais fatores: A dinâmica da oferta e demanda global, e a geopolítica internacional. A oferta mundial está enfrentando entraves, com diversos países apresentando problemas climáticos e de logística, levando a uma baixa disponibilidade de leite mundial. Este cenário não deve sofrer grandes alterações no curto prazo, favorecendo um cenário altista para o mercado lácteo internacional.

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia deve contribuir ainda mais para este cenário. Como abordado no artigo "Rússia x Ucrânia: implicações para os lácteos da União Europeia”, A Kite Consulting, empresa de consultoria do Reino Unido, publicou um estudo sobre a conflito, abordando o efeito da guerra no setor lácteo.

O relatório observa que a Ucrânia e a Belarus são exportadores líquidos de lácteos, enquanto a Rússia é um importador líquido. Segundo o relatório, as exportações de lácteos da Ucrânia e da Belarus para o mercado mundial excedem as importações russas, e a perda líquida do comércio de commodities lácteas da Ucrânia, Belarus e Rússia significaria uma perda de cerca de 1,2 bilhão de kg/ano em equivalente leite no fornecimento de laticínios para o mercado mundial. Este fato, associado a menor produção mundial e uma demanda sem mudanças expressivas por parte dos outros países, gera uma forte tendência de alta nos preços do mercado lácteo internacional.

Outro ponto de atenção neste sentido são os preços do petróleo. Os valores do petróleo brent dispararam e atingiram marcas superiores a U$ 130 após o anúncio dos Estados Unidos de proibição de importação de petróleo russo, em meio as sanções econômicas aplicadas devido à guerra.

A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo, com exportações de cerca de 7 milhões de barris por dia de petróleo bruto e derivados combinado, ou cerca de 7% do fornecimento global. A preocupação com o abastecimento global do produto pode levar a mais altas ao longo das próximas semanas, e se todas as exportações de petróleo da Rússia fossem bloqueadas nos mercados globais, analistas disseram que os preços poderiam subir para US$ 200 o barril. O preço do petróleo contribui direta e indiretamente para os preços dos derivados lácteos internacionais, devido ao aumento nos custos de produção.

Além disso, vale ressaltar que países petrolíferos são importantes importadores de lácteos — como é o caso da Argélia. Dessa forma, o aumento do preço do petróleo pode impulsionar a demanda de lácteos, que frente a um cenário de baixa oferta global, pode elevar ainda mais os preços dos principais derivados lácteos ao redor do mundo.

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