As importações também estão em baixa: o volume importado em equivalente-leite (a quantidade de leite utilizada para produzir um quilo de determinado produto) no primeiro semestre de 2013 foi 23,3% menor do que na primeira metade de 2012. Esta redução na quantidade importada é reflexo da queda na oferta internacional de lácteos, que assim como no caso brasileiro, obteve margens de lucro reduzidas, o que desestimulou investimentos para 2013.
Com os altos preços de leite praticados no mercado, a expectativa era que nos meses de julho e agosto, quando ocorre o pico de safra da região Sul do país, a oferta voltasse a subir, fazendo com que as cotações reduzissem seu ritmo de alta, ou até mesmo atingissem a estabilidade/queda.
O gráfico abaixo, que apresenta a série de preços reais do CEPEA/ESALQ, ilustra esta informação. Todos os anos, a partir de julho/agosto, a maior oferta na região Sul faz com que os preços caiam, ou ao menos diminuam o ritmo de alta, como em 2011. Já em 2012, como houve o aumento nos custos de produção ocasionados pelo aumento no preço dos grãos já mencionado anteriormente, as cotações do leite apresentaram leve alta.
Gráfico 1 – Preços de leite no Brasil – Deflacionados pelo IGP-DI
Fonte: CEPEA/ESALQ
No entanto, a situação que começa a se configurar neste final de julho é outra. Nos últimos dias, diversas cidades da região Sul apresentaram temperaturas abaixo de 0º C. Em algumas, inclusive chegou a nevar, fato atípico no Brasil. Tal panorama climático pode prejudicar a condição das pastagens, reduzindo a oferta de leite.
Para ilustrar o cenário, seguem algumas fotos recebidas pelo MilkPoint:
Vacas Jersey se alimentando em meio à neve na unidade didática de bovinocultura de leite da Unicentro, Campus Cedeteg em Guarapuava- PR. Foto tirada pelo estudante de veterinária Denis Vinícius Bonato
Foto enviada pelo Veterinário Mailson Poczynek de uma pastagem de aveia e azevém, após neve e geada. Foto tirada na unidade didática de bovinocultura de leite da Unicentro, Campus Cedeteg em Guarapuava-PR.
Agentes de mercado consultados pelo MilkPoint afirmaram que as condições climáticas apresentadas interferem apenas pontualmente na oferta. No curtíssimo prazo, haverá queda na quantidade ofertada. Entretanto, as pastagens utilizadas na região Sul são adaptadas ao inverno e, por isso, não haverá grandes danos caso o clima normalize, havendo apenas um atraso no crescimento das pastagens. Os produtores também podem amenizar as quedas de produtividade suplementando a alimentação das vacas com silagem de milho, ração e semelhantes. Tendo em vista os altos preços de leite praticados no mercado, tais alternativas apresentam-se viáveis, pois ainda garantem bom retorno à atividade, apesar de apresentarem custos maiores.
O clima da região Sul é uma das variáveis para o comportamento do preço do leite brasileiro neste início de segundo semestre. A previsão é que a onda de frio não dure tanto (a expectativa é subida das temperaturas nos próximos dias). Desta forma, sendo estes últimos acontecimentos pontuais, a oferta não deve ser afetada negativamente.
Independentemente dos efeitos na produção, o frio da região Sul já nos proporcionou belas e inusitadas imagens!
Foto enviada por Eduardo Pletz de pastagem de aveia coberta por gelo - Região de Guarapuava-PR
Foto enviada por Eduardo Pletz de um silo cobertao por gelo - Região de Guarapuava-PR