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A conta que não fecha

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E MARLIZI M. MORUZZI

PANORAMA DE MERCADO

EM 24/07/2008

7 MIN DE LEITURA

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A queda de preços em plena entressafra (se é que esse termo ainda pode ser usado), inicialmente restrita a MG e GO, parece estar se manifestando em outros estados, ainda que em menor magnitude. O Conseleite-PR, por exemplo, projeta redução de 2,5 centavos para o leite de julho. Os produtores se perguntam porque a redução, se os custos estão em elevação e as exportações estão bombando em 2008, fazendo valer sua função de válvula de escape de excedentes.

Ao contrário do que ocorreu na mesma época do ano passado, em que produtores e indústrias ganharam dinheiro, o momento atual preocupa. Produtores estão com custos bem mais elevados (entre 20 e 30%) e a indústria, também com custos maiores, não consegue repassar ao varejo e volta-se ao produtor para melhorar sua situação, reduzindo os preços.

Mas, como explicar essa repentina mudança e, de certa forma, frustração de expectativas?

Essa reversão se deu basicamente por três fatores. Primeiro, a produção respondeu às boas condições de mercado e cresceu. Segundo o IBGE, no primeiro trimestre a produção cresceu 9,3% sobre 2007. O Índice de captação de leite do Cepea apontou valores ainda maiores para os 5 primeiros meses do ano, sobre 2007. Em maio, por exemplo, o Cepea indicou 25,57% a mais de leite sobre maio de 2008.

Segundo, ao contrário de 2007, muitos itens básicos subiram de preço, aumentando o custo de produção. A cesta básica, segundo o DIEESE, teve elevação de custos de até 29% no primeiro semestre. Segundo o órgão, o trabalhador remunerado pelo salário mínimo precisou cumprir, em junho, jornada de 115 horas e 25 minutos para adquirir estes bens na média das capitais pesquisadas. Este tempo de trabalho é superior ao exigido em maio (111 horas e 08 minutos) e ao requerido em junho de 2007, quando ficou em 91 horas e 33 minutos. Após o desconto da Previdência Social, a aquisição da cesta exigiu 57,03% do rendimento líquido, contra 54,91%, em maio e 45,06%, em junho de 2007.

Por fim, a atratividade das exportações não está tão boa quanto o aumento dos volumes sugere. Os preços internacionais estão em patamares próximos aos do ano passado, mas a trajetória não é a de elevação, como verificada em 2007 nessa mesma época. Com o câmbio valorizado, os preços da matéria-prima em dólar apertaram as margens da exportação. O gráfico 1 mostra a relação de troca entre kg do leite em pó integral exportado pelo Brasil (Fonte: MDIC) dividido pelo valor da matéria-prima (Fonte: preço Cepea). A relação de troca se deteriorou nesse primeiro semestre.

Gráfico1. Relação de troca entre kg de leite em pó integral exportado e valor da matéria prima, sendo o índice 100 para janeiro de 2006.


Mesmo assim, pode-se argumentar que as exportações cresceram no primeiro semestre. A tabela 1 resume a quantidade estimada de leite que exportamos e importamos de janeiro a junho de 2007 e 2008. Percebe-se que retiramos do mercado interno quase 4 vezes o montante do primeiro semestre de 2007.

Tabela 1. Estimativa de litros de leite exportados e importados de janeiro a julho de 2007 e 2008 (em milhões de litros).


Esses números são interessantes, mas não representam uma resposta suficiente para o aumento da oferta no primeiro semestre. Faltam-nos os dados relativos a captação das indústrias no segundo trimestre, mas se aplicarmos a média do fator de correção do Índice de Captação de Leite do Cepea em abril e maio, em cima da produção do IBGE do primeiro trimestre, chegaremos à estimativa de um acréscimo de 860 milhões de litros de janeiro a junho de 2008 em relação ao mesmo período de 2007. Desta forma, conseguimos retirar do mercado cerca de um terço desse volume (exportações menos importações); o restante, ficou no mercado interno.

Dividindo esse valor pela população brasileira, concluiremos que, nesse primeiro semestre, cada habitante teve à sua disposição o equivalente a 3,1 kg de leite a mais do que em 2007. Para efeito de comparação: de 2006 para 2007 (considerando os 12 meses e não apenas 6 meses, como acima), ano em que a produção cresceu bastante e o consumo também, o consumo aparente, considerando a produção inspecionada, cresceu 3,5 kg por pessoa (ver tabela 2).

Tabela 2. Consumo per capita aparente em 2007, considerando apenas a captação inspecionada.


Nesse cenário, a expectativa de elevação dos preços ao consumidor, permitindo melhor remuneração à cadeia produtiva, acabou não ocorrendo da forma esperada. O gráfico 2 abaixo traz os reajustes mensais no varejo, de acordo com o IBGE (obs: o IBGE engloba o Longa Vida no item Pasteurizado). Percebe-se que, após um início de ano em algum grau promissor, os reajustes perderam força de abril em diante - momento que coincide com o início de certa turbulência na economia.

Gráfico 2. Reajustes mensais no varejo, de acordo com o IBGE.


O panorama desse momento, julho de 2008, mostra continuidade desse processo. O mercado fala em estagnação do leite longa vida no atacado, ficando entre R$ 1,30 e R$1,50/litro, dependendo da região. O produto também está com custos de embalagem e frete mais altos. O valor do kg de queijo, ao contrário do que se esperava para essa época do ano, caiu cerca de R$ 1,00/kg e hoje está entre R$ 7,20 e R$ 8,50/kg. O leite em pó também se retrai, com valores entre R$ 6,50 e R$7,50/kg (saco de 25 kg; o fracionado chega a R$ 9,00/kg) e estoques elevados. O leite spot já caiu R$ 0,10 a 0,13/litro, do pico de final de maio até a segunda quinzena de julho, sendo hoje comercializado entre R$ 0,72 e R$ 0,79/litro, dependendo da região.

O reflexo disso chegou ao produtor, em um momento complicado. Em algumas regiões, a redução de preços nos últimos dois meses gira em torno de R$ 0,10/litro. É a conta que não fecha: ruim para a indústria, ruim para o produtor. Não há, porém, espaço para choques muito grandes sem comprometer a oferta futura. O gráfico 3 mostra relação entre o preço da arroba dividido por 100 litros de leite. Os valores vêm subindo e atingindo patamares que estimularão o abate de matrizes. Se a queda continuar, em 2009, vai faltar leite.

Gráfico 3. Relação entre o preço da arroba do boi por 100 litros de leite.


O que pode mudar esse cenário?

Redução da oferta: alguns agentes consultados falam em queda na venda de ração e menor produção em função da seca que já prolonga. Ainda é cedo para traduzir isso em números, mas sem dúvida se a oferta se reduzir, a conta pode começar a fechar. O aumento de produção no segundo semestre em relação ao mesmo período do ano passado, se houver, tende a ser significativamente menor do que no primeiro semestre. A menor oferta pode permitir uma "aterrissagem suave".

Preços externos, câmbio e aumento das exportações: há quem diga que o dólar subirá ainda este ano. Se isso ocorrer, a competitividade das exportações melhora e o gráfico 1 inverte a tendência. Quanto a aumento de preços externos, não há indicativo de elevação nos próximos meses. Mesmo que as exportações fiquem atrativas, há quem diga que haverá gargalo na quantidade de fábricas habilitadas para exportação. Salvo engano, até agora não exportamos mais do que 10.000 toneladas de leite em pó por mês. Conseguiremos tirar do mercado 20.000 toneladas por mês?

Consumo: prognóstico difícil. Talvez com a volta às aulas, tenhamos algum alívio, mas os fundamentos não indicam grande evolução nos próximos meses.

É provável que o ajuste ocorrerá via menor oferta e retomada da competitividade das exportações, em linhas que em algum momento vão se cruzar. O duro é saber em que patamar de preços.

Fica a sensação de que, após um ano inteiro de euforia, nos deparamos com os velhos problemas. Acabou então o encanto do leite?

Resumo minha visão nas seguintes colocações: 1) O cenário continua favorável para a atividade no mundo, com demanda crescente e espaço para países como o Brasil ocuparem seu espaço; 2) É preciso pensar na agenda de longo prazo, que irá sustentar esse crescimento independentemente dos picos. Marketing institucional, melhoria dos custos de produção, maior poder de barganha da indústria (menos empresas, empresas maiores), maior representatividade do produtor, são temas que precisam ser trabalhados; 3) É preciso melhorar a transparência das informações na cadeia, melhorar a coordenação entre produtor e indústria e, com isso, criar as bases para um crescimento mais sustentado; 4) Uma atividade com poucas barreiras de entrada dificilmente será altamente rentável para todos o tempo todo, pois essa condição estimula o aumento da produção e o reequilíbrio da oferta e demanda. Ou seja, nessa condição, vai ganhar, na média, o produtor eficiente.

Enfim, o cenário de médio/longo prazo é favorável, mas só de panorama favorável o setor não vive - é preciso trabalhar as questões recorrentes e que, em meio a euforia de 2007, parecem ter sido deixadas de lado, como se não mais existissem. É hora de retomar essa agenda.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

MARLIZI M. MORUZZI

Médica Veterinária pela FCAV/UNESP-Jaboticabal.

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RODRIGO AKIO YAMAKI

FERNANDÓPOLIS - SÃO PAULO

EM 03/09/2008

Como em todos os setores, leite será bom somente para os grandes produtores. Ao pequeno restará as dividas e o exodo, pois esta politica de pagamento dos laticineos não valoriza o produtor "profissional". O excesso de produto se deu devido à entrada de produtores especulativos que nunca viram uma teta na frente e aumentaram a produção achando que leite pode ser conduzido de qualquer jeito.

Sobra pra nós, que ficamos e vivemos disso, a "terra devastada".
LUCAS ANTONIO DO AMARAL SPADANO

GOUVÊA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/09/2008

Obrigado pelo parabéns, Antonio Patrus, você carrega um dos sobrenomes mais importantes de nossa Minas Gerais. A idéia da CNPL (Central Nacional dos Produtores de Leite) é ótima. Temos que cultivá-la, desenvolvê-la. Podemos fazê-lo inicialmente de forma virtual, partindo de um ponto central, necessariamente não precisa ser Minas, não é Marcelo? Lembra de uma outra carta escrita por mim? E depois estabelece-la fisicamente em centrais estaduais, municipais e mini centrais distritais, abrangendo com isto os pequenos produtores.

Parece que já temos o embrião, vamos lá, tratemos de desenvolvê-lo, afinal já fazemos isto com as vacas, temos experiência, vamos lá gente, vem aí, com certeza, a CNPL (vide as Centrais Sindicais, bom exemplo a ser seguido?)
MOYSES CALIXTO JUNIOR

PRESIDENTE PRUDENTE - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/09/2008

Nós, pequenos produtores não temos uma política favorável para o setor. O produtor nunca tem reconhecimento, pois na maioria das vezes o lucro fica com o intermediário e isso é muito preocupante. Pois ocorrerá um grande êxodo rural por aqueles produtores que conseguem outra atividade mais atrativas, ou seja, muda de time, de produtor para intermediário.

Produzir nesse pais é muito dificil, pois o produtor não tem valor e se quer algum reconhecimento. Trabalha sem saber se vai ganhar ou perder. Cadê uma politica que garantisse o lucro??
HEITOR ALMEIDA VALENTIM

MUTUM - MINAS GERAIS

EM 22/08/2008

Bom dia Marcelo, apesar das ameaças de queda no valor do leite, o valor de um quilo do queijo mussarela, no varejo (observados em supermercados dos municipios de Mutum, Aímores, Manhuaçu, entre outros) em varias regiões, se mantém em torno de 18 reais para o consumidor.

Em contrapartida, as industrias de laticínios locais vendem este produto para o varejo entre 8 a 8,50 reais o quilo. Pensamos ser este o maior gargalo no consumo. Tendo em vista estes fatos, acreditamos que o setor varejista no Brasil está dizimando a pecuaria de leite e as industrias laticinistas. Gostaríamos de saber se realmente esta disparidade está ocorrendo em todas as regiões do Brasil.
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 22/08/2008

Parabéns aos autores, como sempre perfeitos.

Na maioria das vezes o portador de más notícias é taxado de pessimista ou tendencioso. A mais ou menos dois meses comentei em uma análise muito pertinente do Marcelo, que o cenário era de um mercado frio e que os preços praticados pelos novos "gigantes" do setor não eram condizentes com a realidade.

Eu temia o pior: que a bolha especulativa estourasse, e que mais uma vez o produtor iludido pelas perspectivas de leite "lá em cima ou leite a R$ 1,00" fosse engolido por uma crise de proporções destruidoras.

A ressaca, muito bem mencionada pelo Sr Carlos Zaniboni, deve ser ainda bem pior que os prognósticos dessa matéria. Tenho impressão que passaremos pela pior crise de safra dos últimos cinco anos. Para justificar mais uma vez meus "palpites" pessimistas, seguem alguns números de 22/08/2008: Leite em Pó saco 25 kg - entre R$ 5,30 e 6,00 / Leite Longa Vida RJ Entre - 1,10 à 1,25 / Spot RJ e MG Entre 0,65 a 0,68 (preço agosto).

Agora segue um dado quentinho e completamente absurdo que deve ser repudiado por todos em uma ação conjunta do setor produtivo: Três gigantes do setor anunciaram e estão anunciando aos seus produtores e vendedores de leite spot a nova data de pagamentos: fornece o mês inteiro e recebe no dia 30 do mês seguinte.

Amigos, na Grécia a palavra crise era definida como: risco e oportunidade, teremos que ter muita união, mas uma união inteligente e construtiva para passarmos por esse terremoto que se aproxima.

Perdão pelo pessimismo ou realismo mais uma vez.

Um abraço a todos.

Sávio Santiago
ANTONIO PATRUS DE SOUSA FILHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/08/2008

Parabens Lucas! É necessario, urgentemente, criarmos CNPL [Central Nacional dos Produtores de Leite] para obtermos melhores preços em nosso produto. Afinal de contas sabemos que o mercado dita o preço pela lei da oferta e procura, mas se conseguirmos impor todos meses 0,01 a 0,05 centavos ou mais em nossas negociacoes, fatalmente estaremos tirando dos laticinios o que eles tiram de nós, sem afetar a lei da oferta e procura.

Seria apenas um ajuste de margem entre produtores e laticinios. E todos nós sabemos o que significa 0,05 centavos a mais doze vezes ao ano, sobre o volume de leite entregue. É hora de mudar e só conseguiremos se nos unirmos. Como criar essa central? Mandem sugestoes. Abraços a todos e união!
LUCAS ANTONIO DO AMARAL SPADANO

GOUVÊA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/08/2008

Infelizmente a situção do produtor de leite vem se deteriorando. Muita gente já está se desfazendo de gado, fazendas e tratando de achar outra atividade.

A maioria dos compradores de leite, são meros captadores, pouco se importando com o que acontece com o produtor. A conversa mansa, de que estou fazendo isto é só para ajudar, nem dinheiro estou ganhando, é papo para boi dormir.
Muita gente anda tendo sonhos, mas, a relidade é outra; o produtor de leite, na sua maioria, pequeno produtor, não tem como negociar, entender-se, conversar ou qualquer coisa semelhante com os laticínios, especialmente os pequenos laticínios, os que "ajudam" magnanimamente os produtores de leite.

O que existe é o que sempre existiu e só vai mudar quando houver união da nossa cadeia produtiva e, aí sim, conseguirmos conversar de igual para igual com os donos da indústria do leite, principalmente no que diz respeito ao flgelo do preço e à estabilidade do mesmo.

O lucro da indústria do leite anda beirando o absurdo, são bilhões de reais, e o nosso? Alguém sabe ou se preocupa? Já disse em outras cartas, que a lei da oferta e da procura é inexorável, e no nosso caso, arrebenta do nosso lado.

Estamos produzindo leite em excesso, as indústrias estão com os estoques no alto, por volta de 27% a mais do que no ano passado. De quem é a culpa? Momento de refletirmos bem: se produzirmos menos, diminuiremos nossos custos, mas, acabaremos ganhando mais, pois o preço pago ao produtor terá que ser aumentado, é a leizinha citada acima. Se diminuirmos o consumo de suplementos, rações etc, o preço vai cair, os fabricantes não vão ficar estocados com produto perecível por meses a fio.

Em outra área, a da indústria automobilística, basta haver pequena redução na compra que logo surgem as ofertas e redução de preços para enxugar o estoque e note-se, carro não é perecível.

Acontece que, não existe união entre os produtores de leite, como existe com a turma da carne, que amargou um período ruim mas descobriu que a união faz a força, é só olhar o precinho da arroba. Se os frigoríficos não pagarem, ninguém entrega o boi. Antes tinha muito, mataram uma enormidade de matrizes e agora falta boi. Quem entregou a preço baixo, perdeu.

Nós produtores de leite temos que ter a consciência de que, do jeito que está, muita gente vai quebrar e sair da atividade.

Alguns já opinaram que em 2009 vai faltar leite, tem que faltar, a produção tem que ser reduzida, é a única forma de se fazer valer a lei do mercado. Não adianta produzir mil litros e receber o mesmo que se estaria recebendo por 600/700 litros ou até menos.

A situação é grave, não se iludam, muita gente colocou muito dinheiro em vacas e equipamentos, a vaca virou artigo de luxo, para que? Para viver em dificuldades? A situação é óbvia, é a lei do mercado.

Temos que nos unir ou o mercado acaba conosco.

Lucas Spadano
Fazendas Reunidas Nova Vida.
L. AGUIAR

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/08/2008

Diante do cenário atual, o produtor de leite que é leigo em economia e mercado externo, só consegue colocar a culpa da situação do setor nos órgãos do governo. A gente não consegue entender como num cenário mundial de alta nos preços dos lácteos e até queda de produção nos países grande produtores mundiais, os preços no Brasil estejam em queda. E mesmo com o aumento da produção e das exportações continuem importando volume tão grande de leite.

Enquanto, no Brasil, não houver uma política para o setor, que inclua a criação de cotas para o produtor, para que tirem do mercado aqueles aventureiros que somente tiram leite quando os preços estão altos. E uma política de crédito com juros acessíveis para o setor, o sentimento que teremos é de que somos vitimas de nossa competência, pois em pouco mais de dez anos aumentamos muito nossa produção - a média por vaca que era de três litros de leite hoje é mais de vinte.

Isso foi feito com melhoramento da genética, da alimentação e do manejo, e a granalização que melhorou muito a qualidade do leite que entregamos a indústria, o que nos colocou no nível de países do primeiro mundo. A entre safra não existe mais, pois hoje a maioria dos produtores melhorou muito a alimentação de seus rebanhos nos meses da seca, com o uso de silagem, de polpa cítrica, casca de soja e caroço de algodão, hoje a produção nos meses secos é muito maior que na época das chuvas, quando o gado é criado a pasto. E nesses anos só tivemos a ajuda na área governamental das pesquisas da Embrapa, só espero que esta não seja vitima da ignorância de nossos governantes atuais, que conseguem ver muita coisa lá fora, e deixam e economia interna a mercê de índices oficiais mentirosos e uma política cambial irresponsável.

Que no futuro tenhamos tempo para cuidar mais de nossos negócios e não tenhamos que nos preocupar em como sobreviver nessa atividade, e nem com a incompetência de nossos governantes. A situação do produtor tradicional de leite, que faz seleção de seu rebanho e investe há décadas nessa atividade é muito complicada, pois se este a abandonar pela situação atual do mercado estará jogando fora décadas de trabalho sério, apaixonante e árduo. Só nos resta esperar e torcer para que nos meses seguintes a situação melhore.

Lucas Aguiar.
LÚCIA ALVARENGA

PERDÕES - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 31/07/2008

Caro(a) Marcelo e Marlizi!

Parabéns pela análise!

Como indústria e produtor de leite, gostaria de salientar alguns pontos que me intrigam ao longo da cadeia produtiva.

Situações do passado, que insistem em repetir no presente, a relação imediatista e egoísta entre produtores e industrias, onde cada um insiste em ter uma visão egocêntrica e míope da realidade, é uma ofensa à racionalidade e ao bom andamento de toda cadeia produtiva. Não é mais aceitável muito menos compreensivo a queda de braço entre o produtores de leite e indústrias. Pode parecer uma utopia, no entanto, sonho e trabalho para que exista uma relação mais coerente entre estes dois setores estratégicos.

Porque não podemos analisar de forma conjunta as dificuldades impostas pelo mercado?

Este é o ponto! O mercado é que dita a regra!

Não devemos nos atrever a sonhar com leites acima de R$1,0 / Litro e Mussarela acima de R$11,00 / quilo, o mercado não absorve, nossa renda per capita não nos dá este privilégio. E pior, somos anestesiados pelo ópio desta bolha especulativa, e produtores compram vaca por R$5.000,00 e empresas adquirem outras empresas a preços irreais e no final, como sempre acontece, começam a procurar culpados pela própria inoperância, vaidade e incompetência.

Gostaria de reforçar que devemos ser mais coerentes e transparentes em nossas atitudes para não influenciarmos irresponsavelmente nenhum elo da cadeia produtiva. Para isso devemos trabalhar de forma mais inteligente para procurar soluções que atendam às necessidades conjuntas sem prejudicar nenhum elo da cadeia de produção e comercialização, senão o que vai continuar acontecendo é perder, reclamar, não agir, perder, reclamar, não crescer, perder, reclamar, até nos tornarmos inoperantes e chegarmos a seguinte conclusão: por que não fomos menos egoístas, menos ignorantes, menos gananciosos, mais humildes, mais compreensivos e empaticos.

Rodrigo Couto
Produtor - Fazenda Santa Cruz
e Diretor Laticínios Lulitati Ltda.

JULIANO BAIOCCHI VILLA-VERDE DE CARVALHO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 30/07/2008

E agora, José (Marcelo)? Continuaremos vendo a produção nacional crescer? Não acredito. Custo alto / preço baixo = queda de produção.
JOSÉ MARCOS UNES TICLE

LAVRAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/07/2008

Marcelo, sou cooperativista convicto, mais uma vez vejo a ação das cooperativas, desde a orientação ao produtor, passando pela distribuição de insumos, até a comercialização, é a melhor ou mesmo única forma de aliviar o impacto negativo que está por vir, tão bem apresentado nesta matéria.

Parabéns.
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 29/07/2008

Prezado(a) Marcelo e Marlizi,

Nós produtores somos sonhadores e muitas vezes colocamos a paixão pela pecuária de leite em primeiro lugar; entretanto, estamos em um mercado globalizado em que o capitalismos dita as normas, ou seja, a antiga lei da oferta e procura.

O que é necessário para nós, produtores, é saber trabalhar bem com estes dados de mercado e estabelecer uma produção para as nossas propriedades, que sejam satisfatória para as mesmas e para nós. Isto quer dizer que, se houver outro ponto favorável ao preço do leite e com custos menores, nós não procuremos aumentar a nossa produção; consequentemente, o mercado sempre estará ávido por mais matéria- prima e os preços se manterão ´´estáveis".

Grato,
Sidney
ANDRÉ GAMA RAMALHO

BATALHA - ALAGOAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/07/2008

Marcelo,

Como de costume, o profissionalismo do Milkpoit nos proporciona uma matéria desta qualidade.

Durante as 2 próximas semanas teremos reuniões com o Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Secretaria Estadual de Desenvolvimento, APL de laticínio e assembléia da câmara setorial. Estas informações serão de grande valor.

André Gama Ramalho
Câmara Setorial - Alagoas
CARLOS HUMBERTO MENDES DE CARVALHO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 28/07/2008

Parabéns pela análise do mercado brasileiro de lácteos.
HELOISIO AMORIM MACHADO JUNIOR

MIRACEMA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/07/2008

O marketing institucional é uma saida, a união da classe é primordial, que o digam nossos irmãos sul-americanos argentinos.

Parabéns a todos os produtores, mas no entanto, se continuarmos com nossos custos de produção altos não conseguiremos emergir deste mar tenebroso. Nós não conseguimos alterar o câmbio, preço de ração e comercialização do leite para a industria.

A FAERJ , SEBRAE e a EMBRAPA Sudeste, com acompanhamento do Arthur e Andre Novo, dois excelentes precusores do que pode ser um bom negocio, produzir leite a pasto rotacionado.
Estou convicto que so assim poderemos recuperar nossa estima.
MARCELO DE FIGUEIREDO E SILVA

FRANCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/07/2008

Parabéns Marcelo e Marlizi, ótima análise e com muita clareza. É hora de partir para a ação: cooperativas, produtores, enfim toda a cadeia...o marketing institucional é primordial para abrandarmos essas oscilações via aumento do consumo interno. Vamos ver!

Abraços.
JOSÉ HUMBERTO ALVES DOS SANTOS

AREIÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/07/2008

Sr Marcelo / Srta.Marlizi

A conta não fecha mesmo!
No nosso caso houve uma redução de 5 centavos para a segunda quinzena de julho e nenhuma reduçao na ponta do consumo. Argumento: recomposição de margem por parte da indústria. É por isso que vejo como demagógica qualquer atitude assistencialista por parte da indústria (integração/ ensinar a pescar/ fornecer matrizes, etc). O foco é o preço; o preço, o preço... qualquer outra atitude, nos soa demagogia pura.

Por exemplo, a Parmalat (sua holding) deveria se preocupar com o IPO e a preservação de sua imagem e qualidade de seus produtos. As promessas de assistencialismo de suas subsidiárias soam vazias; os produtores deveriam se preocupar com o risco que representam indústrias que recebem seus produtos e no mercado financeiro apresentam performances muito aquém do desejado. O preço, Srs, o preço da matéria prima é o que importa.

Parabéns aos exportadores de lácteos; esta é uma atitude positiva. Parabéns aos consumidores de lácteos que mostram índices de consumo com recordes históricos! O resto é conversa mole.
CARLOS ALBERTO T. ZAMBONI

MOCOCA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 25/07/2008

Marcelo e Marlizi: Perfeitas as análises.

Gostaria de fazer um aparte no parágrafo em que vocês falam das sensação de euforia e do encanto:
eu particularmente, e foi motivo de trocas de ideias com você Marcelo e com colegas; estava muito preocupado com o comportamento da cadeia a partir de Março/Abril, com volumes aumentado, preços em patamares acima, o consumo já dando sinais de retração e o dolar em queda, tudo em relação a 2007.

Mas tinhamos um agravante: as vaidades afloradas para ver quem era o melhor no ranking de volumes recebidos, nº de produtores, melhor market-share etc. Quem valia mais. Quem comprava quem. E aí estávamos levando o produtor a acreditar que as leis de mercado estavam sendo cumpridas, isto é, não tínhamos problemas. E não era a realidade.

A festa acabou e veio a ressaca e normalmente para esse mal os remédios são amargos; mais uma vez algumas empresas levaram uma mensagem distorcida para o produtor, e aí a dose é maior. Acredito que a euforia passou, mas o encanto não passará. O produtor brasileiro é um otimista por natureza. Irão saber digerir o remédio.

Forte abraço.
Zamboni

<b>Resposta do autor</b>

Zamboni,

É isso aí, obrigado mais uma vez.

Grande abraço,

Marcelo
FERNANDO FIGUEREDO

CENTRAL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/07/2008

Excelente artículo, felicitaciones!

Pienso que el productor lechero debe tener siempre presente que el precio que recibe por su producto no está en función de sus costos de producción, sino de las condiciones del mercado. Es así que el costo de producción debe estar ajustado al precio de la leche, y me refiero a precios promedio, no a picos de precios en determinados momentos, que como vemos, generalmente son de corta duración. Debemos tener en cuenta siempre los precios promedio, y estar muy atentos a las tendencias en los precios.

En conclusión, debemos desarrollar sistemas de producción sustentables, eficientes y de bajos costos, que sean a prueba de precios bajos y que al mismo tiempo puedan aprovechar coyunturas de precios favorables. Pienso que la ventaja competitiva del sector lácteo brasilero está en la tecnología que ha desarrollado a nivel de la producción primaria, que consiste en la producción de grandes volúmenes de pasturas tropicales, que son convertidos eficientemente en leche por el biotipo desarrollado en Brasil, el Girolando.

Y recuerden siempre que la productividad no es sinónimo de altas producciones, sino en la eficiencia económica en el uso de los insumos.
EDUARDO AMORIM

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/07/2008

Marcelo e Marlizi,

Em nossa região (Alto Paranaíba) a situação está alcançando níveis preocupantes com os custos nas nuvens e o preço do leite desabando, com perspectivas por parte das indústrias de captação de mais quedas no horizonte, o que recoloca mais uma vez a corda no pescoço do produtor, principalmente dos pequenos e médios produtores.

O maior sinal disto é que o preço médio de gado de leite em nossa região já está caindo e em nossa fazenda já diminuímos a oferta de ração ao gado, substituindo por subprodutos mais baratos, porque do contrário, a conta não fecha. Com milho, soja, sal mineral, e outros produtos nas alturas, e o preço do leite em queda, a única previsão a curto prazo é de que haverá diminuição na produção e Deus queira que a lei da oferta e da procura venha em nosso socorro se isto ocorrer.

Concordo com vocês de que é preciso haver mais transparência na cadeia do leite, principalmente entre o produtor e a indústria. Não é justo que paguemos a conta pelo fato da indústria não repassar aos compradores a realidade de nossos elevados custos, mantendo o preço do leite ao produtor defasado e achatando ainda mais nossa já acanhada margem de lucro. O grande problema é que a nossa classe, ao contrário de outras, não tem uma entidade que nos represente em nível nacional e ainda somos bastante desunidos, infelizmente. Grande abraço a todos.

Att.
Eduardo Amorim

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