O varejo surpreendeu as expectativas de retração em fevereiro e avançou 1,2% sobre janeiro, na série com ajuste sazonal do conceito restrito, e 1,8% no ampliado, que inclui as vendas em volume dos segmentos de carros e motos e de material de construção. A alta, puxada pelos segmentos de móveis e eletrodomésticos (5%) e de supermercados (0,8%), não devolve, entretanto, a contração forte observada no primeiro mês do ano, de 1,9%, e também não muda, na avaliação de economistas, o cenário de deterioração do consumo desenhado para 2016.
A média de 22 projeções colhidas pelo Valor Data projetava queda de 0,2% no indicador restrito da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Apenas 7 estimativas eram positivas. Leopoldo Gutierre, da 4E Consultoria ¬ que previa aumento de 0,8% no dado de fevereiro avalia que parte da alta tem relação com a base de comparação bastante deprimida da PMC. Em janeiro, o varejo restrito acumulava em 12 meses retração de 5,3%, a mais intensa da série, que começa em 2000. Para ele, a reação dos indicadores de confiança no período também ajuda a explicar o movimento, já que parte do incremento das vendas foi puxada por segmentos de bens duráveis, mais dependentes de crédito.
O economista observa que a reação do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Fundação Getulio Vargas (FGV) que subiu em fevereiro 2,1 pontos, pelo segundo mês seguido, atingindo 68,5 pontos, melhor nível desde agosto de 2015, ¬ aconteceu em um período de relativa estabilidade política, entre o fim do recesso parlamentar e o início das manifestações populares a favor e contra o impeachment.
A recuperação da confiança em fevereiro também foi ressaltada pelo economista da Tendências Consultoria João Morais. Antes da condução coercitiva do ex-¬presidente Lula, no dia 4 de março, a conjuntura política menos turbulenta teria levado à alta desses indicadores de confiança e, consequentemente, à maior demanda por produtos que são normalmente adquiridos com financiamento. "Há um problema para quem busca crédito e tem um perfil ruim. Os bancos estão com aversão ao risco, mais seletivos, dificultando o acesso. Isso tem impacto em algumas famílias", diz. "Mas existe crédito para quem tem o perfil que os bancos querem. Essas instituições estão com muita liquidez”, completou.
O aumento de 0,8% nas vendas de super e hipermercados, o primeiro crescimento após três meses seguidos de queda, foi ligeiramente menor do que a apontada pelo indicador antecedente da Abras, entidade que representa o setor, de 1,1%. Na comparação com fevereiro de 2015, o varejo restrito caiu 4,2% e o ampliado, 5,2%. No bimestre, os recuos são de 7,6% e de 10,1%, nessa ordem, na mesma comparação. O efeito pontual da base fraca de comparação dos meses anteriores predomina entre as interpretações do dado de fevereiro, inclusive entre os especialistas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento.
"É natural que em um período longo de queda você volte a consumir", diz a gerente da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Isabella Nunes. Para Jankiel Santos, economista ¬chefe do banco Haitong, a alta do volume de vendas representa "uma flutuação ao redor de uma tendência declinante". Assim, é consenso entre os analistas consultados que os números de fevereiro estão longe de significar fim da crise no varejo. Os dados devem continuar piorando ao longo de 2016, dada a conjuntura macroeconômica, de aumento do desemprego e restrição do crédito.
Instituições como MCM Consultores, GO Associados, Parallaxis, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e Associação Comercial de São Paulo (ACSP) fizeram avaliações semelhantes.
As informações são do Valor Econômico, resumidas pela Equipe MilkPoint.
Varejo surpreende com avanço em fevereiro, mas alta não significa fim da crise
O varejo surpreendeu as expectativas de retração em fevereiro e avançou 1,2% sobre janeiro, na série com ajuste sazonal do conceito restrito, e 1,8% no ampliado, que inclui as vendas em volume dos segmentos de carros e motos e de material de construção. A alta, puxada pelos segmentos de móveis e eletrodomésticos (5%) e de supermercados (0,8%), não devolve, entretanto, a [...]
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