Uruguai: O bom momento do setor leiteiro "é conjuntural", diz ex-diretor da Conaprole

O ex-diretor da Cooperativa Nacional de Produtores de Leite do Uruguai (Conaprole), Álvaro Lapido, disse que de uma margem bruta de US$ 500 por hectare, "somente US$ 50 vão para o bolso do produtor de leite" e advertiu que o bom momento do setor leiteiro "é conjuntural", alertando que "não é o momento de se endividar".

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O ex-diretor da Cooperativa Nacional de Produtores de Leite do Uruguai (Conaprole), Álvaro Lapido, disse que de uma margem bruta de US$ 500 por hectare, “somente US$ 50 vão para o bolso do produtor de leite” e advertiu que o bom momento do setor leiteiro “é conjuntural”, alertando que “não é o momento de se endividar”.

Lapido falou sobre “Preços bons e custos altos durante o evento Agro en Foco, organizado pela consultora Blasina y Asociados, o Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA) e o El Observador, na Sociedade de Produtores de Leite da Florida.

“O bom momento do setor leiteiro é conjuntural, não estrutural”, alertando que “os maus momentos virão”. Depois, mostrou que os produtores de leite estão destinando 40% da margem bruta para investimentos, outros 20% para amortizações, 15% para reposição e outra porcentagem para pagamento de impostos e juros. “De uma margem bruta de US$ 500 por hectare, somente US$ 50 vão para o bolso”.

Ele disse que promoveu a economia “sem sorte”, e lamentou que essa medida esteja “fora do esquema dos produtores”. Afirmou ainda que “quando se deve dinheiro, fica-se escravo desse compromisso”, voltando a pedir aos produtores que reservem uma parte do gasto ordinário.

Lapido disse que os mais de 70 produtores que enviam leite à Conaprole deram margens brutas em 2012/13, mas questionou: por que então, há iliquidez no setor leiteiro?

Ele disse que está “preocupado”, porque o país está desacelerando e o crescimento do gasto público é enorme e cai a coleta de fundos. “O Produto Interno Bruto (PIB) cai e o gasto sobre”.

“O preço do leite é bom, mas os custos sobem dia a dia e a margem é cada vez menor”, disse o produtor, o qual complementou que, como o preço da terra sobre, “a gente não pode expandir e opta por colocar um segundo piso no campo”, ou seja, crescer verticalmente. O crescimento vertical tem alguns problemas, levando à mudanças no pessoal, na infraestrutura, equipamento, mão de obra e financiamento, disse Lapido, alertando que, nesse processo, “devemos aos técnicos e à excessiva oferta de pacotes tecnológicos de empresas privadas, em especial, de insumos”. Embora ele tenha dito que não é contra a tecnologia, disse que é necessário saber até onde chegar com o que nos oferecem.

Lapido disse que “há pessoas pensando em confinar gado e isso requer muito investimento” e se perguntou: o que acontecerá se “retrocedermos no preço do leite”, que está em média em US$ 0,40 por litro. Ele também alertou que se os preços dos lácteos sobem muito, há o risco de “aparecerem substitutos mais baratos, assim como pode entrar gente nova no negócio”.

A reportagem é do El Observador, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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Roberto Jank Jr.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/10/2013

O Sr. Lapido tem toda razão. seu depoimento é "pé no chão". As preocupações dele servem de alerta para muita gente.  
Mauricio Amorim
MAURICIO AMORIM

IVAIPORÃ - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 19/10/2013

Boa matéria...

O Sr. Alvaro Lapido me parece uma pessoa bem coerente.

Hoje no Brasil nosso cenário é bem parecido e tenho preocupações idênticas as do nosso hermano Uruguaio.



Mauricio Amorim
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