A gestão do esterco é um grande problema para o setor agrário. Com a intenção de resolver isso, um grupo de estudantes da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, começou um projeto há dez anos que agora está em fase de finalização. Trata-se de um sistema que recolhe esterco e o converte em água suficientemente limpa para que o gado beba. Isso é feito através de um digestor anaeróbico que separa os nutrientes. Além disso, durante o processo, extraem-se nutrientes que podem ser reutilizados como fertilizante.
Pesquisadores mostrando uma fazenda leiteira onde usam a nova tecnologia
De acordo com o Centro Tecnológico Ainia, o sistema está composto por um digestor anaeróbico que utiliza os resíduos, como por exemplo, o esterco, para produzir energia, acoplado a um dispositivo de ultra-filtração (um stripping com ar que recupera o nitrogênio), que mediante a ultra-filtração e a osmose, produzem água limpa.
Dessa forma, no processo, intervêm três tecnologias:
- Digestão anaeróbica: processo biológico pelo qual a matéria orgânica no esterco se transforma em biogás (um gás combustíveis que pode ser utilizado para produzir energia) e um digerido que contém o resto da matéria orgânica, que não se degradou durante o processo, que contém nutrientes que podem ser utilizados na agricultura.
- Stripping: processo no qual se faz passar ar quente em contracorrente no digerido para extrair o nitrogênio amoniacal, que ficaria na corrente de ar e que depois se pode recuperar com uma lavagem ácida. O produto resultante (sais de amônio) é valorizável na agricultura.
- Membranas: o material resultante, ainda que em sua maioria seja água, todavia contém matéria orgânica. A tecnologia de membranas permite obter água limpa, habitualmente combinando etapas de filtração de tamanho de poro decrescente. Por exemplo, uma ultra-filtração seguida de uma osmose inversa.
O Ainia pesquisa digestão anaeróbica de diversos resíduos e subprodutos orgânicos, incluindo estercos. Além disso, também se tem trabalhado na recuperação do nitrogênio mediante stripping com ar a partir de digeridos, de forma que em suas plantas piloto já se podem reproduzir e otimizar ambos os processos.
A reportagem é do http://albeitar.portalveterinaria.com, traduzida pela Equipe MilkPoint Brasil.
