Superintendente diz que Mapa não tem como fiscalizar transporte de leite

Após a denúncia de nova fraude no leite no Rio Grande do Sul, o superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no estado, Francisco Signor, afirmou que o trabalho dos transportadores é impossível de ser fiscalizado.

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Após a denúncia de nova fraude no leite no Rio Grande do Sul, o superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no estado, Francisco Signor, afirmou que o trabalho dos transportadores é impossível de ser fiscalizado. O Ministério Público cumpriu mandados de busca e prendeu uma pessoa nesta quinta-feira (7), em Três de Maio e Nova Candelária, no Noroeste.

O novo caso de adulteração envolve o uso de água oxigenada no leite com validade vencida. Como ocorreu das duas outras fases da Operação Leite Compensado, a fraude acontecia no momento do transporte.

Signor revelou que a fiscalização do Ministério é concentrada nas 12 indústrias que recepcionam o leite no estado antes do repasse para a indústria.

"O Ministério da Agricultura não tem como fiscalizar e interceptar os caminhões que transitam com o leite pelas rodovias do Rio Grande do Sul. São mais de 120 mil estabelecimentos que produzem leite no estado. Mesmo que houvesse regulamentação e mão de obra para toda esta fiscalização, não seria o suficiente. Quem frauda o leite é criminoso e o criminoso não avisa quando vai agir", disse ao G1 o superintendente do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul.

Foram apreendidos também documentos e notas fiscais. O grupo, que era liderado por um empresário de 31 anos, comprava leite prestes a vencer por preço até 50% inferior ao do mercado e, após a manipulação com água oxigenada, repassava para a indústria. O produto elimina as vitaminas A e E e, em altas concentrações, prejudica a flora intestinal.

Signor reiterou que a forma mais eficiente de fiscalização é a atuação nas indústrias onde converge o leite, oriundo de todos os cantos do estado. O trabalho do Ministério da Agricultura assim que identifica a fraude é acionar o Ministério Público, que fica responsável pela investigação.

"Intensificamos as coletas de leite em todas as agroindústrias, que são as que vendem leites de caixinha, que vão para a mesa do consumidor. Isto tem dado resultado. O que se chegou hoje foi ao causador, ao fraudador. Estamos contribuindo fazendo as análises necessárias. Isto já tinha sido detectado pelo Ministério da Agricultura, que foi avisado pela indústria e repassou as informações ao Ministério Público", disse Signor.

Segundo o Ministério Público, três relatórios de um laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura apontaram presença de água oxigenada, o que é proibido pelas normas da Anvisa. De acordo com os laudos de carga de leite da Laticínios Bom Gosto, duas delas, transportadas pelo Transportes Reidel & Dias Ltda, foram rejeitadas em 12 e 15 de outubro devido à presença de peróxido de hidrogênio.

A Comércio de Laticínios Mallmann Ltda rejeitou uma carga em 14 de outubro. No laudo, a empresa afirma: “lembramos que análise positiva para peróxido de hidrogênio é fraude. Por meio da adição de peróxido de hidrogênio (Água Oxigenada), uma ação fraudulenta ao leite, busca conservar suas propriedades físico-químicas, inibindo o desenvolvimento de microrganismos contaminantes. Esse tipo de fraude mascara deficiências da higiene nas etapas de ordenha, acondicionamento e transporte”.

O superintendente do Ministério da Agricultura no estado garante que a carga fraudada não chegou até os consumidores, no entanto, ele não tem como garantir que todo o leite adulterado foi identificado antes de ser disponibilizado para consumo.

"Esta carga não chegou. Foram encontradas na indústria que embala o leite. Mas como eu posso garantir que todo leite adulterado não chega ao consumidor? Estamos nas plataformas do leite de caixinha. O leite UHT. Todo o leite que chega na plataforma é analisado. As empresas têm condições de rastreabilidade, por isso denunciam", disse ele. 

As informações são do G1 RS.
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Rogerio Dias
ROGERIO DIAS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 27/10/2014

Quem tem que fiscalizar é a indústria, nao pode deixar entrar leite contaminado dentro de sua casa, bateu leite na porta com adulteração devolve, o problema é que este leite que é devolvido vai parar aonde ?
renato borges
RENATO BORGES

MOCOCA - SÃO PAULO

EM 12/11/2013

Não mesmo, as verbas destinadas ao setor competente todo ano são desviadas, e como sempre 2014 será mais um ano em que o setor ficará abandonado e jogado as traças.
Everton Gonçalves Borges
EVERTON GONÇALVES BORGES

IBIÁ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/11/2013

Discordo do Superintendente do MAPA, pois todo leite ao chegar em uma plataforma de uma Usina/Cooperativa são analisados antes do descarregamento dos caminhões. Só não analisam se  for empresas fajutas, de fundo de quintal. A existência da prática de ajuntadores de leite deve ser abolida, pois é uma válvula para não melhorar os níveis dos produtores, continuando os latões, favorecendo preços irrisórios e comprando matéria prima de péssima qualidade, que vão competir com matéria prima de ótima qualidade. Na industrialização não há possibilidade de produtos de  boa qualidade  se a matéria não for de boa qualidade. Só podem comprar matérias primas de qualidade duvidosa empresas de fundo de quintal sem SIF.
Denize Silva Brazil
DENIZE SILVA BRAZIL

GOIÂNIA - GOIÁS

EM 11/11/2013

Para reforçar a fiscalização, basta aumentar o numero de fiscais estaduais agropecuários. Para tanto, concursos com grande quantidades de vagas seriam necessários.
João Marcos Guimarães
JOÃO MARCOS GUIMARÃES

CARRANCAS - MINAS GERAIS

EM 11/11/2013

Não concordo com o Superintendente. Para tudo se encontra um jeito. Sua declaração deixará os fraudadores ainda mais tranquilos. Deveria ter ficado calado, agora todos sabem que 'não tem jeito de fiscalizar'.
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