Segundo holandeses, pedidos da França para frear importações de lácteos são anti-UE

Os pedidos feitos pela Federação Nacional de Cooperativas de Lácteos Francesas (FNCL) para parar com as importações de produtos lácteos estrangeiros são contrários aos princípios de mercado único da União Europeia (UE), queixaram-se grupos holandeses à Comissão Europeia. Essa foi a queixa da Associação Holandesa de Lácteos (NZO) e da Federação Holandesa de Agricultura e Horticultura (LTO), apoiada na semana passada pela Federação da Indústria de Alimentos (FNLI) do país.[...]

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Os pedidos feitos pela Federação Nacional de Cooperativas de Lácteos Francesas (FNCL) para parar com as importações de produtos lácteos estrangeiros são contrários aos princípios de mercado único da União Europeia (UE), queixaram-se grupos holandeses à Comissão Europeia. Essa foi a queixa da Associação Holandesa de Lácteos (NZO) e da Federação Holandesa de Agricultura e Horticultura (LTO), apoiada na semana passada pela Federação da Indústria de Alimentos (FNLI) do país.

Os grupos disseram que o movimento livre de bens é um dos principais pilares da prosperidade da UE – maior mercado único do mundo, com 28 países e 503 milhões de pessoas.

O protecionismo pedido pelo grupo de lácteos francês arrisca abrir um precedente perigoso, disse a FNLI. A organização disse que os produtores de alimentos holandeses dependem de seus vizinhos europeus – com mais da metade de seus produtos exportados e a maioria disso dentro da UE – e o bloqueio por parte dos produtores franceses tem causado danos desproporcionais aos fornecedores não franceses de produtos agrícolas.

A organização lembrou ao grupo francês que seus membros e a economia do país como um todo também dependem do comércio com os vizinhos. A NZO e a LTO apoiaram isso, dizendo que um mercado livre saudável na UE era de interesse de todos os relacionados à cadeia, incluindo os produtores rurais franceses.

Os produtores rurais franceses vêm protestando no país nas últimas semanas com bloqueio de rodovias e várias manifestações em supermercados. Eles disseram que a carne e os lácteos franceses não podem competir com os produtos importados mais baratos e que a pressão sobre os preços nos supermercados estava impulsionando-os em direção à falência.

O ministro da Agricultura da França, Stéphane Le Foll, pediu por compras patrióticas no mês passado para ajudar a salvar o sustendo dos 25.000 produtores rurais do país. “Na atual crise, todos são responsáveis, do consumidor ao político local que precisam favorecer os produtos franceses”, disse ele.

A NZO e a LTO disseram que esse tipo de abordagem nacional na UE era inaceitável – e, além disso, não é uma solução para a atual crise do setor de lácteos que está afetando todos os produtores europeus. Um movimento similar em suporte ao leite britânico também tem sido visto, mas um porta-voz da NZO disse: “Não houve pedidos semelhantes para apoiar o leite holandês e eu não acredito que o nacionalismo é a solução”.

A guerra de preço dos lácteos na Europa tem ocorrido em todo o bloco, devido a uma combinação de fatores, incluindo a remoção da cota de produção de leite na UE em março, a mudança nos padrões dos consumidores, a competição internacional e a perda comercial após o embargo da Rússia a produtos da UE.

Haverá uma reunião de ministros agrícolas da UE em Bruxelas em setembro para discutir a crise. A ministra da Agricultura da Irlanda do Norte, Michelle O’Neill, pressionará por uma revisão do atual preço de intervenção – preço usado na política agrícola da UE para criar um “piso” do preço de mercado para commodities como açúcar e cereais.

O European Milk Board (EMB) está planejando protestar no mesmo dia do lado de fora do Conselho da UE em Bruxelas “para evitar que o resultado [da reunião] seja apenas palavras vazias”. “A situação agora é drástica para todos nós. Os preços do leite estão muito baixos; os produtores de leite estão sendo brutalmente privados de seu sustento na Europa”, disse o EMB.

O Departamento de Alimentos e Assuntos Rurais (DEFRA) do Reino Unido estimou em junho que o produtor de leite médio recebia 23,66 centavos de libra (36,98 centavos de dólar) por litro – o menor preço em cinco anos e 25% a menos que no ano anterior. Ao mesmo tempo, os produtores disseram que seus custos são de 30-32 centavos de libra (46,89 - 50,02 centavos de dólar) para produzir um litro de leite – significando que eles estão perdendo dinheiro.

A União Nacional de Produtores Rurais (NFU) do Reino Unido disse que isso é resultado da guerra de preços dos supermercados, que desvalorizou o produto aos olhos do público.

Na semana passada, a rede de supermercados Morrisons lançou sua nova marca de leite, Milk for Farmers, que pagará 10 centavos de libra (15,63 centavos de dólar) por litro extra aos produtores. “Os produtores podem escolher se querem pagar um litro para apoiar os produtores de leite britânicos”, disse o diretor de serviços corporativos do Morrison, Martyn Jones. “Uma pesquisa recente mostrou que mais da metade dos consumidores disseram que estariam dispostos a fazer isso e essa é uma oportunidade para testar isso”.

A reportagem é do Dairy Reporter, traduzida pela Equipe MilkPoint.
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