Secretário sai em defesa das cooperativas de leite

O secretário de Estado da Agricultura, Claudio Fioreze, recorreu ao Twitter para opinar sobre a divulgação feita pelo Ministério da Agricultura (Mapa) a respeito da identificação de álcool etílico nas cooperativas lácteas gaúchas Piá e Santa Clara. Fioreze afirmou que o Mapa [...]

Publicado por: MilkPoint

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O secretário de Estado da Agricultura, Claudio Fioreze, recorreu ao Twitter para opinar sobre a divulgação feita pelo Ministério da Agricultura (Mapa) a respeito da identificação de álcool etílico nas cooperativas lácteas gaúchas Piá e Santa Clara. Fioreze afirmou que o Mapa se “precipitou” em relação ao episódio. Em entrevista ao Jornal do Comércio, ele justificou o posicionamento adotado: “Estou saindo em defesa dessas cooperativas porque são empresas sérias, idôneas, têm história. Meu papel, como secretário da Agricultura, é prestar esclarecimentos para a comunidade rio-grandense. Eu estou prestando os meus e o Ministério da Agricultura os deles. As pessoas vão formar seus juízos”.

Jornal do Comércio – Por que a defesa das cooperativas?

Claudio Fioreze – Acho que houve um erro grande de comunicação por parte do Ministério da Agricultura, em Brasília. Gostaria de deixar bem claro isso, porque não existe conflito nosso em relação à Superintendência Regional. O equívoco foi no sentido de que a informação divulgada teria que ter sido trabalhada melhor para que o consumidor fosse corretamente informado sobre os riscos aos quais ele poderia estar submetido, que a rigor não exitem. Não houve nenhum risco no consumo dos produtos industrializados neste episódio. Esse é um ponto importante que não foi dito na divulgação. O que foi falado é que foi encontrado álcool etílico em uma pequena parcela de leite entregue em dois postos de resfriamento localizados na região da Serra: em Veranópolis, o da Santa Clara, e em Vila Flores, o da Piá. A coleta da amostragem oficial ocorreu no mesmo dia pelos técnicos do Ministério da Agricultura, foi feita a análise e só depois de um mês veio a notícia. Mas a ação dos fiscais foi correta. Nós apoiamos esse tipo de ação e fazemos a mesma coisa com a fiscalização estadual. São 11,5 milhões de litros de leite por dia produzidos e industrializados no Estado. Se fizermos uma análise de todo o conjunto, o volume de leite envolvido nas operações Leite Compensado e agora nesse episódio das cooperativas não chega nem a 0,5% desse total. A imensa maioria do leite gaúcho está fora desses episódios. Outra coisa importante de destacar é que as cooperativas não estão na Operação Leite Compensado, elas não foram investigadas, ao contrário das outras fases da ação em que as empresas, e principalmente atravessadores, foram detectados e pegos em escuta telefônica – casos em que fiscais federais e estaduais que já percebiam movimentos suspeitos colaboraram com o Ministério Público para que as operações fossem deflagradas.

JC – Ainda assim, não podemos minimizar que o álcool foi incluído para mascarar uma fraude...

Fioreze – É possível que seja isso, não dá para descartar a possibilidade de o produtor ter agido de má-fé. Talvez ele estivesse com o leite em processo de deterioração ou, por problemas de mastite ou acidez, tivesse adicionando álcool etílico. Cabe à cooperativa identificar a origem da fraude. Agora, também não dá para descartar um risco de contaminação acidental, porque o produtor pode ter comprado álcool, esse álcool gel vendido comercialmente, para fazer a limpeza dos equipamentos e os resquícios do produto terem ficado no leite.

JC – Não causa estranhamento que duas cooperativas, até então ilesas diante das ocorrências de adulteração, tenham apresentado o mesmo problema no mesmo período?

Fioreze – São postos de resfriamento que ficam próximos, 10 quilômetros, e até onde eu sei, são produtores diferentes. Talvez as cooperativas estejam até trabalhando nessa linha de investigação. Precisaria ver com elas.

JC – Causa constrangimento o fato de um produto do Estado ganhar visibilidade pelas fraudes praticadas há tanto tempo?

Fioreze – Nesse sentido sim, porque é o leite gaúcho exposto na mídia. Esse tipo de operação é necessária e revela que a fiscalização existe e detecta os problemas. O que tem causado um certo desgaste é que parece que é só no Rio Grande do Sul, quando na verdade essa operação é realizada aqui porque houve uma iniciativa do Ministério Público com base em informações do Mapa e da Secretaria de Agricultura. Então, existe uma vontade dos poderes públicos de extirpar da cadeia aqueles que agem notoriamente de má-fé, o que não é o caso das cooperativas, que não foram e não estão sendo investigadas pela operação Leite Compensado. Essa visibilidade negativa causa prejuízos à imagem porque nós também exportamos muito do nosso leite produzido para outros estados e outros países até. Temos que deixar muito claro e podemos afirmar que o leite produzido hoje pelos gaúchos é um leite muito melhor do que há décadas, e não deixa nada a dever para os dos demais estados. Se essa fiscalização toda fosse tão intensa em outros estados como é no Rio Grande do Sul, certamente apareceriam problemas muito mais graves do que os que têm aparecido aqui. Nós estamos fazendo a nossa parte. O processo é doloroso porque está vindo todos os casos, desde os de má-fé até esses últimos episódios que eu reputo como um problema de comunicação muito sério que houve.

A notícia é do Jornal do Comércio RS
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jaksson a klin
JAKSSON A KLIN

SANTO EXPEDITO DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/08/2014

Respondendo Ao Sr . Celso Fagundes, sou produtor de leite da regiao nordeste do estado , e a cooperativa para a qual entrego minha produção orienta os produtores a passar apos a limpeza normal, alcool etilico  no tanque de resfriamento, e por isso acredito que sim é possivel que esta contaminação tenha se originado no processo de limpeza dos equipamentos. Ate o momento nao recebemos nenhuma orientação para cessar o uso de alcool no processo de limpeza e portanto a grande maioria dos produtores segue este roteiro de limpeza.
Fernando Melgaço
FERNANDO MELGAÇO

GOIÂNIA - GOIÁS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 11/08/2014

Estou de pleno acordo com  o secretário de agricultura, senhor Fioreze, quando disse que é necessário que se faça fiscalizações em outros Estados.As fraudes em leites eram muito comuns no meu tempo de ativa, isto há dezessete anos atrás,quando exercia a função de técnico do LANAGRO de Goiás. Naquela época as fraudes mais comuns eram praticadas pelas indústrias e cooperativas. Acredito que o produtor é o que menos frauda.

As grandes fraudes são praticadas, usando-se fórmulas químicas bem feitas. Estas geralmente são preparados por alguns técnicos de laticínios que não prezam pela ética profissional. Acredito, no entanto, que são uma minoria. A grande maioria é de pessoas sérias, incapazes de praticar atos tão maléficos para a saúde dos consumidores.

Leite é um alimento muito nobre, usado na sua maioria, na alimentação infantil e que jamais poderá ser fraudado.

Hoje os laboratórios da Rede LANAGRO estão muito bem equipados e com um corpo técnico altamente qualificado para encontrar qualquer tipo de fraude, por mais sofisticada que seja.

Atenciosamente,

Fernando Melgaço,

Fiscal Federal Agropecuário, aposentado.

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Kassiano Andre Trezzi
KASSIANO ANDRE TREZZI

TEUTÔNIA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/08/2014

me espanto, o secretario expor-se deste jeito em defesa das Cooperativas, e ainda mais desta forma, sem embasamento e sem conhecimento da atividade, deveria ter buscado maiores informações sobre o assunto...
Celso Medina Fagundes
CELSO MEDINA FAGUNDES

PELOTAS - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 11/08/2014

O secretário da Agricultura do RS, desconhece o tema, no que tange a fundamentação científica, pois leite ácido e leite mamítico, jamais será mascarado pela presença da alcool. E o produtor não utiliza álcool para higienização de equipamentos e sim detergentese sanitizantes.
Qual a sua dúvida hoje?