Seca e recessão derrubam economia do Nordeste após anos de avanço

Em 2015 e 2016, PIB da região recuou, em média, 4,3% ao ano - o pior resultado no País; dependente de transferências governamentais e programas sociais, que recuaram com a crise, região tem arcado ainda com prejuízos da seca.

Publicado por: MilkPoint

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Uma perversa combinação entre crise econômica e problemas climáticos tem castigado o Nordeste do Brasil. A região, que nos últimos anos teve importantes avanços sociais, agora começa a perder parte dessas conquistas com o enfraquecimento da economia e perda do poder aquisitivo da população.

Levantamento feito pela Tendências Consultoria Integrada mostra que, em 2015 e 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) da região teve recuo médio de 4,3% ao ano – o pior resultado entre todas as regiões do País. Com o desemprego em alta, a renda familiar encolheu 2% ao ano e, num efeito cascata, fez as vendas no comércio despencarem quase 20% nos dois anos.

Parte desse resultado negativo é reflexo da pior seca dos últimos 100 anos. Entre 2012 e 2015, o Nordeste teve prejuízos de R$ 104 bilhões por causa da falta d’água. Desse total, R$ 74,6 bilhões foram na agricultura, R$ 20,6 bilhões na pecuária e R$ 1 bilhão na indústria, além de perdas dos próprios municípios com programas de ajuda.

O fraco desempenho da região também tem origem em questões estruturais. O Nordeste é altamente dependente das transferências governamentais, que recuaram com a crise fiscal brasileira. Com a queda na arrecadação nacional, Estados e municípios passaram a receber menos dinheiro para investir e pagar despesas.

seca no Nordeste

Aposentadoria

Outra característica é que, até 2015, quase 24% da renda familiar vinha de aposentadorias, pensões ou Bolsa Família. “Durante vários anos esses benefícios cresceram mais que a renda do trabalho e foram importantes motores de consumo do Nordeste”, diz o economista da Tendências, Adriano Pitoli.

Essa política – adotada na era Lula e Dilma Rousseff – ajudou a economia local a avançar acima da média nacional. De 2006 a 2014, o PIB da região teve crescimento médio de 3,9% ao ano, enquanto a média nacional foi de 3,5%. A renda familiar subiu 6,9%, impulsionando o comércio a uma taxa anual de 8,8%.

Mas essa fonte de crescimento parece ter se esgotado, e não há perspectiva de que volte no mesmo ritmo e potência dos últimos anos. Entre 2015 e 2016, a renda do Bolsa Família, por exemplo, teve queda média de 5,7% ao ano, segundo a Tendências. No período 2017-2021 deve crescer apenas 0,3% ao ano.

Os avanços fizeram muitos economistas acreditarem que, em 50 anos, o Nordeste conseguiria se aproximar do PIB per capita nacional – o produto das riquezas totais produzidas pela região dividido pela quantidade de habitantes. Hoje essas estimativas não se aplicam mais. Segundo as previsões da Tendências, no ano passado o indicador recuou ao nível de 2009.

“O Nordeste teve ganhos de renda baseados em crédito e em programas sociais. Só que não fizemos nada para promover os avanços na produtividade para que essas conquistas fossem perenes”, afirma o pesquisador José Ronaldo de Castro Souza Júnior, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo ele, não se investiu em educação e saneamento para melhorar e desenvolver a região. “O resultado é que se tem uma convergência no curto prazo, mas depois volta o que era antes.”

O economista Jorge Jatobá, diretor da consultoria Ceplan, de Pernambuco, afirma ainda que a região foi fortemente prejudicada pela paralisia de grandes empreendimentos. “Vivemos uma conjunção de problemas. Além de depender muito das transferências estaduais e federais, projetos que vinham sendo construídos na região tiveram as obras reduzidas, paradas ou canceladas.”

Segundo ele, entre 2007 e 2014, o Nordeste tinha R$ 104 bilhões de investimentos sendo tocados. Isso inclui a ferrovia Transnordestina, a transposição do Rio São Francisco e as refinarias da Petrobrás, atingidas pela Operação Lava Jato. 

As informações são do jornal O Estado de São Paulo. 
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JOSE SIDNEI BEZERRA LIMA
JOSE SIDNEI BEZERRA LIMA

MACAÍBA - RIO GRANDE DO NORTE - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/01/2017

O nosso problema  amigos, Data de séculos,  onde todos os governos  (e não só do PT) se aproveitaram de um fenômeno climático (região semiarida) e construíram aqui a famigerada indústria da seca,  onde nenhum governo até hj quiseram  resolver  (soluções existem) .  "O Nordeste é parte da solução é não do problema " .
Geraldo de Oliveira Tenório
GERALDO DE OLIVEIRA TENÓRIO

ARACAJU - SERGIPE - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/01/2017

Esse artigo mostra infelizmente a realidade do nordeste brasileiro. Dependência total do Governo Federal e falta de políticas para convivência com a seca. No período de 2007 a 2014 se fez com que toda região se tornasse escrava de programas sociais a exemplo do bolsa família. Não houve preocupação com saúde, EDUCAÇÃO e empregos. A seca secular é usada para dependência do povo e com fins corruptos eleitoreiros.
GERALDO CARLOS DA SILVA
GERALDO CARLOS DA SILVA

ÁGUAS FORMOSAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/01/2017

Deram aos nordestinos o peixe e não a vara pra aprenderem a pescar.
Qual a sua dúvida hoje?