A empresa produz suínos, frangos e processa leite. O transporte de matérias-primas - leite cru, aves, suínos e rações - utilizadas pela companhia ficou comprometido. Ao todo, a agroindústria tem 23 mil funcionários. As unidades de Abelardo Luz, Joaçaba, São Miguel do Oeste e Xaxim, todas no Oeste do estado, vão ter o funcionamento interrompido.
Conforme as informações do mapa da Polícia Rodoviária Federal (PRF), até segunda (23), caminhoneiros bloqueavam 14 pontos em rodovias federais em Santa Catarina. Trechos da BR-470, BR-282, BR-163, BR-158, BR-153 e BR-116 foram fechados.
De acordo com a companhia, "faltam insumos e embalagens nas Indústrias, combustíveis para a frota, espaço para armazenagem". A partir de terça, a Aurora deve deixar de produzir por dia 900 mil frangos, 18 mil suínos e processar 1,5 milhão de litros de leite. "No geral das carretas frigoríficas, temos 170 cargas que não conseguimos seguir viagem contando as que estão nas estradas mais o carregamento de segunda. A alimentação de suínos e aves começa a ser prejudicada e animais já estão sem ração", informou a empresa.
A Aurora comunicou ainda que há 100 contêineres para exportação parados nas estradas que seriam enviados para os portos do estado. Caso o bloqueio continue durante a terça, todo o complexo agroindustrial da empresa deve parar na quarta (25), informou a assessoria da empresa.
Coleta de leite foi interrompida
O presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindileite), Valter Antonio Brandalise, informou nesta segunda que 100% na coleta de leite no estado está interrompida por falta de transporte devido à greve de caminhoneiros.
Segundo o presidente do Sindileite, faltam caminhões para coletar os produtos nas produções rurais, nos postos de resfriamento e também para levar da indústria para os mercados. O presidente ainda calcula que o setor leiteiro já amargue um prejuízo de R$ 1 milhão.
"Esta decisão foi tomada em virtude dos bloqueios das estradas, a impossibilidade de coletar o leite e levá-lo até as indústrias, falta de caminhões, caminhões presos em bloqueios, produto final impossibilitado de chegar ao mercado, alto custo da operação, perda de matéria-prima e a insegurança estabelecida em praticamente todas as regiões produtoras do estado", detalha a nota do Sindicato.
Confira as notas do Sindileite no MilkPoint:
Sindileite/SC teme colapso com crise nos transportes
Sindilat/RS acusa prejuízo com protesto dos caminhoneiros e defende solução rápida para o problema
Produtor rural descarta cerca de 350 litros de leite na BR-282 em Nova Erechim-SC
Foto: Imprensa do povo
O secretário de Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies, disse que o governo estadual deve tentar todas possibilidades de conversações. "Esgotada as conversações, o Estado tem obrigação de manter a ordem no território, temos que garantir o direito de ir e vir, vai ser cumprida a lei", afirmou.
Reivindicações
O protesto começou na última quarta (18) e não há previsão de término. Os manifestantes reivindicam melhores condições nas rodovias da região e protestam contra o aumento no valor de combustíveis.
Há centenas de caminhões de carga parados em rodovias catarinenses. O abastecimento de combustível foi afetado e a paralisação de caminhões começa a afetar também a agroindústria.
Consumidor afetado
Além da possível falta de leite ao consumidor, a Associação Catarinense de Supermercados (ACATS) realizava, até a tarde desta segunda (23), um levantamento para saber os prejuízos no abastecimento de alimentos em Santa Catarina. Segundo nota da entidade, há sinais pontuais de desabastecimento. "O caso mais sério é no Extremo Oeste, onde se concentra o movimento dos caminhoneiros. Na maioria das regiões do Estado a situação é normal, mas ela tende a se complicar caso os bloqueios atuais permaneçam ou sejam ampliados", disse o diretor executivo da entidade, Antonio Carlos Poletini.
Alimentos perecíveis, frutas e legumes são os produtos com problema de abastecimento. Há problemas considerados ainda "bem pontuais" na Serra. Nas demais regiões a situação é considerada normal.
Trechos
A PRF divulgou os trechos onde ocorrem as manifestações nesta segunda. Segundo a polícia, veículos de passeio, ônibus e caminhões com carga perecível passam normalmente.
São abordados os caminhoneiros que levam carga seca. Não há previsão para o fim das manifestações, informou a PRF.
Confira os trechos na lista abaixo:
BR-116 - km 54, em Papanduvas
BR-153 - km 64 em Irani e km 97 em Concórdia
BR-158 - Cunha Porã, km 109, e em Palmitos no km 139
BR-163 - Guaraciaba (km 87, trevo de Anchieta. Máquinas agrícolas na pista e canteiros) e São José do Cedro (km 101)
BR-282 - Campos Novos (km 317), Xanxerê (km 504,4), Nova Erechim (km 571,3), Maravilha(trevo, km 605), São Miguel do Oeste (trevo, km 645,6)
BR-470 - Campos Novos (km 339,6) e em Pouso Redondo (km 174)
Por causa dos caminhões parados, alguns postos de combustível do Oeste do estado apresentam falta do produto.
As informações são do G1.
