Embora os órgãos do governo e da indústria tenham tentado reduzir a importância do mercado russo em alguns segmentos importantes, está claro pelos recentes dados comerciais analisados pelo FoodNavigator que as sanções terão um impacto – com alguns países da UE enfrentando previsões de perder centenas de milhões de euros em exportações.
Vale a pena notar que a Rússia é o segundo maior mercado de exportação da UE, com exportações totais de alimentos de €12,2 bilhões (US$ 16,30 bilhões) em 2013. Entretanto, as novas sanções às exportações somente afetarão certas categorias de alimentos, que, de acordo com nossas análises de dados comerciais da Organização das Nações Unidas totalizaram pouco mais de € 5,3 bilhões (US$ 7,08 bilhões) em 2013.
Antes do embargo ser feito, a indústria da UE tinha visto um crescimento forte nas exportações à Rússia nos últimos anos. De fato, as exportações à Rússia aumentaram em mais de € 1 bilhão (US$ 1,33 bilhão) (23,75%) nas categorias proibidas entre 2010 e 2013.
A barreira afeta nove principais áreas de alimentos, com importações restritas em algumas ou todas as categorias em cada área. Dentro dessas nove categorias, as três maiores em termos de valor são “Carnes e Produtos Animais”, “Leite e Lácteos” e “Frutas e Nozes” – que tiveram um valor combinado de € 3,75 bilhões (US$ 5,01 bilhões) à UE em 2013 e foram responsáveis por pouco mais de 70% de todas as exportações à Rússia nas categorias de exportação agora proibidas.
As maiores áreas de crescimento entre 2010 e 2013 em termos de crescimento relativo foram produtos de salsichas (crescimento de 220%) e produtos terminados, incluindo queijos e óleos vegetais (228% de crescimento). Entretanto, essas categorias são muito menores em termos de valor total do que outras e, dessa forma, representam somente pouco mais de 11% - € 116 milhões (US$ 155,02 milhões) – do crescimento total nas exportações de alimentos à Rússia.
O maior crescimento em termos reais foi visto nas exportações de “Frutas e Nozes”, com um aumento de € 291 milhões (US$ 388,89 milhões) nas exportações entre 2010 e 2013 (representando 28,6% de todo o crescimento das exportações no período) – sugerindo que os produtores e exportadores desses produtos possam ser alguns dos mais afetados pelas atuais sanções.
Ao mesmo tempo, as exportações de peixes e frutos do mar para a Rússia caíram em mais de 27% nos últimos anos, representando pouco menos de 5% das exportações totais nas categorias proibidas em 2010, mas apenas 3,8% em 2013.
Análises de dados comerciais por países que fornecem à Rússia produtos dos três principais grupos de alimentos sugerem que Alemanha, Lituânia, Holanda, Polônia e Dinamarca poderiam ser os mais afetados pelas sanções comerciais. De fato, a Polônia está enfrentando a previsão de perder cerca de € 604 milhões (US$ 807,19 milhões) em exportações ao mercado russo apenas nessas três categorias, com Lituânia sendo o segundo maior exportador à Rússia desse grupo de produtos – com exportações no valor de mais de €460 milhões (US$ 614,74 milhões) à sua economia.
Quebrando por categoria, dados comerciais mostram que para Carnes e Produtos Animais, os principais exportadores à Rússia são Alemanha, com € 253 milhões (US$ 338,11 milhões); Dinamarca, com € 204 milhões (US$ 272,62 milhões); e Polônia, com € 131 milhões (US$ 175,07 milhões). Entretanto, as exportações globais à Rússia desse grupo de produtos são dominadas por Brasil, no valor de € 1,2 bilhão (US$ 1,60 bilhão), com Paraguai - € 392 milhões (US$ 523,87 milhões) – e Bielorrússia - € 380 milhões (US$ 507,83 milhões) – completando os três maiores exportadores mundiais. Esses três países, que não foram afetados pelas sanções, fornecem quase 50% da carne e produtos animais importados pela Rússia – com o Brasil somente fornecendo mais de 40%.
Para Leite e Lácteos, os maiores exportadores da UE para a Rússia em 2013 foram Holanda, com € 256 milhões (US$ 342,12 milhões); Finlândia, com € 237 milhões (US$ 316,72 milhões); e Alemanha, com € 157 milhões (US$ 209,81 milhões). Assim como no caso das carnes, as exportações globais à Rússia são dominadas por países não afetados, com Bielorrússia fornecendo € 1,4 bilhão (US$ 1,87 bilhão) de leite e lácteos à Rússia em 2013.
A reportagem é do FoodNavigator, traduzida pela Equipe MilkPoint Brasil.