RS: receita das cooperativas deve atingir R$ 21,5 bi este ano
Depois do crescimento ligeiramente abaixo da inflação oficial do país em 2014, as cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul projetam uma alta mais expressiva em 2015, superior aos 9% estimados para a variação do IPCA, graças à maturação de investimentos realizados nos últimos quatro a cinco anos. Ao mesmo tempo, o setor segue demandando crédito para novos projetos e aumentou as contratações de financiamentos no primeiro semestre, com o objetivo de ampliar a capacidade produtiva e a eficiência operacional de olho no esperado período "pós-crise" econômica.[...]
Publicado por: MilkPoint
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"Mais de 90% das cooperativas têm algum programa de investimento em curso", estima o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Paulo Pires. Segundo o engenheiro agrônomo Sérgio Feltraco, diretor da entidade, os projetos incluem desde melhorias como aberturas de novos centros de distribuição e aquisições de equipamentos mais modernos até a construção de novas unidades de industrialização e de beneficiamento de sementes.
No ano passado, conforme a Organização das Cooperativas do Estado (Ocergs), o segmento agropecuário gaúcho apurou receitas de R$ 19,8 bilhões, 6,1% a mais do que em 2013, ante o IPCA de 6,4%. Em 2015, a projeção de maior crescimento feito pela Fecoagro é favorecida pela terceira safra consecutiva de grãos sem problemas climáticos e está em linha com as estimativas das cooperativas do Paraná, segundo maior Estado produtor de grãos do país, à frente do Rio Grande do Sul e atrás de Mato Grosso.
Pires entende que as linhas de financiamento subsidiadas do governo federal, como o Prodecoop, para modernização das cooperativas, e o PCA, para armazenagem, ajudam a sustentar o crescimento do setor apesar da alta dos juros. De 2011 a 2014, Banco do Brasil, Banrisul, BRDE e Badesul, todos públicos, liberaram R$ 1,346 bilhão em créditos para investimentos das cooperativas agropecuárias do Estado. No primeiro semestre de 2015, as operações contratadas, que em geral cobrem entre 70% e 90% dos investimentos, somaram R$ 190,7 milhões, com alta de 11,1% sobre igual período de 2014.
"Temos que estar preparados para quando a economia começar a reagir, em 2016", diz o presidente da cooperativa Santa Clara, Alexandre Guerra. "Se o momento é de dificuldade [na economia], temos que investir para aumentar a produtividade dos nossos associados", reforça Gelson Lima, superintendente de produção agropecuária da Cotrijal, uma das mais importantes cooperativas de grãos do estado.
A Ocergs registra 138 cooperativas agropecuárias com 293 mil associados em operação no Rio Grande do Sul, distribuídas, segundo o presidente da Fecoagro, em três grupos quando o critério é situação financeira. A maioria, de acordo com ele, está capitalizada, tem acesso a crédito e cresce. Outro grupo, em posição mais complicada, reúne dez a 15 organizações e algumas delas, como Cotrijuí e Cotrimaio, estão em liquidação extrajudicial por conta do alto endividamento e de dificuldades operacionais.
Entre os dois extremos estão outras dez a 15 cooperativas, vinculadas à agricultura familiar, que têm os resultados operacionais "consumidos" pelas dívidas de curto prazo, explica Pires, que está negociando com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) um programa especial para alongar estes passivos. Segundo ele, a ideia é levantar R$ 700 milhões, com prazo de 15 anos para pagamento. As conversas iniciaram em 2014, quando o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, era titular do MDA.
Agroindústria reforça os investimentos de olho no pós-crise
Focada na produção de laticínios e carne suína, a cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa, inicia nos próximos meses a construção de uma nova unidade de processamento de leite com capacidade para 800 mil litros por dia. A planta entrará em operação no fim de 2017, "quando a crise [econômica] terá passado", afirma o presidente Alexandre Guerra.
A nova usina vai dobrar a capacidade de beneficiamento da Santa Clara e exigirá aportes de R$ 110 milhões. "Todo momento é favorável para investir, desde que haja planejamento", afirma Guerra. Com 5 mil associados, a cooperativa também abate 320 suínos por dia e prevê um faturamento de R$ 900 milhões neste ano, com alta de 10% ante 2014.
A cooperativa vinícola Nova Aliança finaliza em 2015 a unificação da produção de suco na nova unidade em Flores da Cunha, que nesta safra já recebeu 30 milhões de quilos de uva, mas pode processar até o dobro disto, revela o presidente Alceu Dalle Molle. Com investimentos de R$ 90 milhões em quatro anos, a planta substituirá uma linha antiga com capacidade para 10 milhões de quilos por ano.
Conforme Molle, o suco é o item com maior crescimento de vendas no portfólio da Aliança, que inclui ainda espumantes e vinhos. A cooperativa tem 900 produtores associados e prevê faturar R$ 135 milhões neste ano, ante R$ 105 milhões em 2014. A exportação de suco para o Oriente Médio responde por 2% das receitas, "mas avaliamos outros mercados na América do Sul, na Europa e nos Estados Unidos", diz o presidente.
A Cotrijal, de Não-Me-Toque, inaugura em janeiro de 2016 uma nova unidade de beneficiamento de sementes para garantir "material genético de ponta" para os 5,6 mil associados, diz o superintendente de produção agropecuária Gelson Lima. A unidade custará R$ 39 milhões e poderá beneficiar e armazenar até 600 mil sacas por ano, quatro vezes mais do que a planta atual, que será desativada. A cooperativa projeta crescer 10% em faturamento neste ano ante 2014, que fechou em R$ 1,04 bilhão, com alta de 4,4% sobre 2013.
Com sede em Teutônia e 6 mil associados, a Languiru está "cautelosa" com a marcha da economia, mas prevê expansão de 15% na receita em 2015, para R$ 1,1 bilhão, graças a aportes de R$ 150 milhões de 2010 a 2014, diz o presidente Dirceu Bayer. Para 2015 estão previstos aportes de mais R$ 20 milhões, incluindo um novo centro de distribuição. Em 2012, a Languiru inaugurou seu frigorífico capaz de abater 2,5 mil suínos por dia. O volume atual está em 1,4 mil animais por dia e deve alcançar a plena capacidade em 2018. Diariamente, a cooperativa capta em média 440 mil litros de leite para produção de derivados e abate 110 mil aves. As exportações respondem por 10% a 12% das receitas.
As informações são do Jornal Valor Econômico.
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