Resposta ao Ano da Agricultura Familiar

Foi oportuno o ato da ONU de instituir 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar. A decisão faz justiça a uma parcela significativa da produção agropecuária brasileira, à sua relevância social e contribuição para a segurança alimentar, num mundo no qual a fome atinge 900 milhões de pessoas, sendo 50 milhões na América Latina. Também me fez recordar as origens de meus familiares, imigrantes italianos que chegaram ao Brasil em 1887 para trabalhar na Lavoura como colonos.

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Por João Guilherme Sabino Ometto*

Foi oportuno o ato da ONU de instituir 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar. A decisão faz justiça a uma parcela significativa da produção agropecuária brasileira, à sua relevância social e contribuição para a segurança alimentar, num mundo no qual a fome atinge 900 milhões de pessoas, sendo 50 milhões na América Latina. Também me fez recordar as origens de meus familiares, imigrantes italianos que chegaram ao Brasil em 1887 para trabalhar na Lavoura como colonos.

O fato levou-me, ainda, a refletir sobre os desafios que os médios e pequenos produtores enfrentam no País. Exigem-se ganhos de escalas crescentes ante a elevação dos custos e para o atendimento à demanda de alimentos, fibras e energia. Como mecanizar e incorporar tecnologias, se não houver retorno do investimento? Os processos produtivos estão cada dia mais sofisticados, tomando difícil o acompanhamento pelos que têm de cuidar da gestão, compras, plantio e colheita. Além disso, como monitorar as numerosas mudanças trabalhistas e ambientais que ocorrem em âmbito estadual, nacional e internacional? O poder público é parte da resposta, pois falta muito para celebrarmos um seguro Agrícola eficaz ou um qualificado serviço de extensão rural das secretarias de Agricultura. Devemos seguir cobrando os governos federal e estadual, inclusive quanto à busca de seus institutos de pesquisa por alternativas tecnológicas. Contudo, é preciso reconhecer que parte da solução é privada e está na forma de organização do setor.

Estudo do Departamento do agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apontou que, dentre os estabelecimentos Rurais brasileiros mais eficazes, independentemente do porte, a maioria tem relação com o cooperativismo. No Sul, conhecido pela competência Agrícola, 73% dos volumes produzidos são comercializados por meio de cooperativas. Em conjunto, os pequenos ganham poder de barganha na compra de insumos e serviços, acesso à orientação de técnicos especializados e mecanismos de venda.

E um referencial, pois as cooperativas integram as distintas etapas do processo produtivo, oferecendo assistência qualificada. Estão presentes na maioria dos Estados, de modo estruturado, com excelente governança e serviços de qualidade. Porém, é preciso expandir o modelo, com foco na melhoria da gestão, considerando que a capilaridade é o seu ponto forte.

Segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o setor agropecuário representa 24% do total dessas instituições no País. E essas, informa o IBGE, têm alta participação na produção Agrícola nacional: 74% do trigo, 57% da Soja, 48% do café, 44% do algodão, 43% do Milho e 35% do arroz.

Também é crescente o relacionamento de pequenas e médias propriedades com indústrias, como ocorre com a carne de frango, um sucesso nesse modelo, que já representa cerca de 90% da produção nacional. Merece destaque, ainda, a cooperação de companhias sucroenergéticas com assentados da reforma agrária no Estado de São Paulo, bem como a parceria de fábricas de chocolate com produtores de cacau na Bahia, com a participação do Ministério da Agricultura. São três bons exemplos nos quais grandes empresas auxiliam estabelecimentos Rurais na gestão do negócio e acesso a tecnologias.

A melhor resposta do País aos objetivos deste Ano Internacional da Agricultura familiar seria a ampliação dos modelos privados de cooperação e parceria, lembrando que o incentivo do Estado é fundamental para a inclusão tecnológica e a boa gestão. Os benefícios não se restringiriam aos que trabalham no campo, mas contemplariam amplamente a sociedade. E preciso que todos lutem juntos contra a fome!

* É presidente do conselho de administração do grupo São Martinho, vice- presidente da Fiesp e coordenador do comitê de mudanças climáticas da entidade.

Artigo publicado no Jornal O Estado de S. Paulo




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