Rede varejista australiana recorre ao Facebook para defender críticas ao leite barato

A rede de supermercados Coles, da Austrália, recorreu ao Facebook para dar explicações a respeito das críticas públicas que diziam que o preço de A$ 1 (US$ 1,02) por litro de leite estava forçando os produtores de leite a deixar a atividade. Assista ao vídeo animado!

Publicado por: MilkPoint

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A rede de supermercados Coles, da Austrália, recorreu ao Facebook para dar explicações a respeito das críticas públicas que diziam que o preço de A$ 1 (US$ 1,02) por litro de leite estava forçando os produtores de leite a deixar a atividade.

Dois anos após seu primeiro corte em 20% no preço de seu leite da marca Coles, para apenas A$ 2 (US$ 2,05) por dois litros, a rede divulgou um vídeo de três minutos em sua página do Facebook que mostra os argumentos da companhia na forma de desenho animado.



O vídeo afirma que os processadores de leite pagam aos produtores o mesmo valor por seu leite, independente se esse será vendido como marca privada de supermercados ou como produtos de marca, e que a Coles absorveu o impacto do corte de preços.

“Se você observar o preço varejista do leite da marca Coles de dois litros, em média, a participação da Coles caiu de cerca de 55 centavos ( 56,46 centavos de dólar) antes do corte de preços para apenas 10 centavos (10,26 centavos de dólar) depois – o processador continua ficando com cerca de A$ 1 (US$ 1,02) e a participação do produtor aumentou um pouco, de 86 centavos (88,28 centavos de dólar) para 90 centavos (92,39 centavos de dólar)”, diz o vídeo. “Porém, ao reduzir o preço do leite, a Coles já economizou das famílias australianas mais de A$ 100 milhões (US$ 102,65 milhões) de seus gastos com compras”.


Imagem postada no Facebook (clique na imagem para ampliá-la)

Entretanto, os usuários do Facebook criticaram a Coles pelo vídeo. O usuário Gigi Robertson perguntou: “Então, como vocês explicam porque os produtores de leite estão deixando a indústria em massa? Estão quebrando devido à guerra do preço do leite que a Coles causou!”. Um porta-voz da Coles respondeu: “Os maiores custos dos insumos, o alto dólar e os mercados de exportação mais fracos estão causando os problemas para alguns na indústria, mas é errado culpar a Coles por isso”.

O porta-voz da Dairy Farmers Austrália, Nick Greene, disse que a campanha tratou de forma superficial o impacto que esse forte desconto tem em outras partes da cadeia de fornecimento, fazendo com que as pessoas comprem menos leite com marca própria, que fornece maiores margens aos processadores e produtores. “Isso pode gerar benefícios aos consumidores, mas é necessário haver um equilíbrio entre o que os consumidores pagam e a saúde da indústria primária”.

O chefe da matriz da Coles, a Wesfarmers, Richard Goyder, disse que era “absolutamente sem sentido” culpar a Coles pelos problemas dos produtores de leite, dizendo que seus problemas são resultado da reestruturação e da desregulamentação do setor.

O presidente da União de Produtores de Leite de Victoria, Kerry Callow, disse que a informação de que os produtores de leite recebem 90 centavos (92,39 centavos de dólar) é imprecisa. “Francamente, eu não conheço nenhum produtor na Austrália que esteja recebendo esse preço”.

O porta-voz da Coles, Jim Cooper, disse que a companhia usou dados do Dairy Austrália para fazer o vídeo.

A reportagem é do The Australian e do ABC Rural, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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Marcello de Moura Campos Filho
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/02/2013

Na Australia parece que o varejo, alegando contribuir para a economia dos consumidores, cortou 20% no preço do leite impondo um  preço baixo e, face as reclamações dos produtores, dizem que o preço ao produtor é determinado pela indústria, que o varejo reduziu sua margem e manteve a margem da indústria, e que o produtor até aumentou de A$ 0,86 para S$ 0,90 por litro.



O presidente da União de Produtores de Victória diz que não conhece nenhum produtor que esteja recebendo A$ 0,90 por litro, e usuários do facebook dizem que a situação está levando produtores deixarem a indústria em massa.



Mesmo que a indústria pagasse mesmo A$ 0,90 aos produtores, o elevado aumento dos custos de produção poderiam exigir um preço maior, que teria que ser repassado ao consumidor para manter a sustentabilidade econômica da pecuária leiteira Australiana.



A situação aqui é um pouco pior. O preço do leite UHT, que representa 82% do consumo de leite fluido e é determinante do preço ao produtor, não acompanhou o crescimento da renda familiar no País, a indústria perdeu significativa margem para o varejo e pressiona para reduzir os preços ao varejo na tentativa de recuperar margem que não consegue através do preço final, e o produtor ainda é pressionado pela elevação do custo de produção, afetado por significativo aumento no custo da mão de obra  e dos insumos para produção. Isso significa crise. Muita indústria e cooperativa já quebrou,  e muitos produtores estão na perspectiva de parar por falta de sustentabilidade econômica para produzir leite. Se não forem equacionados a curto prazo a crise será de grande intensidade e com consequências a longo prazo.



Por isso a Leite São Paulo propos à Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados a criação de um Grupo de Trabalho, com representantes do Governo, do varejo, da indústria e dos produtores, para analisar e discutir a situação e propor as medidas necessárias para assegurar a sustentabilidade econômica da indústria e da pecuária leiteira brasileira.



Marcello de Moura Campos Filho






Felipe de Medeiros Rimkus
FELIPE DE MEDEIROS RIMKUS

GARÇA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/02/2013

Interessante quando existe no mercado um questionamento a respeito do produtor rural, de seu negócio. Na matéria podemos notar que o processador tenta criar ao público a imagem que o produtor tem certa vantagem em sua estratégia, pois o consumidor está questionando sobre o equilibrio que seus "patricios" tem para trabalhar, para produzir o leite.

Tenho certeza que o caminho é esse, o consumidor procurar entender e se solidarizar com o produtor. Não conheço a fundo as práticas de marketing dos produtores rurais australianos, mas sempre que aparecem noticias seja sobre o leite ou carne; os cidadãos "urbanos" parecem se solidarizar com os "rurais". Aqui o produtor rural ainda é estereotipado como retrógrado, explorador ou desmatador.....entre outros.

Ainda bem que aos poucos estamos começando a aprender o caminho.

Parabéns a vocês por contribuirem com reportagens que mostram o comportamento dos consumidores e dos setores produtivos e industriais ao redor do mundo. As comparações com nossas realidades, passam a ser bem mais abrangentes.
Qual a sua dúvida hoje?