Apelidado de “úbere fora do corpo”, esse sistema é designado a produzir leite que retém o sabor e os benefícios para a saúde do leite real, distanciando-se de substitutos do leite como leite de soja, arroz e amêndoa. Justamente devido à limitação de um produto como o sorvete à base de soja em termos de sabor, esse nunca alcançará a popularidade do sorvete com leite comum, mas e se o sorvete Muufri puder ter exatamente o mesmo sabor?
“Se queremos que o mundo mude sua dieta de um produto que não é sustentável para algo que é, esse tem que ser idêntico, ou, melhor que o produto original”, disse Gandhi. “O mundo não mudará do leite de vaca para leites de origem vegetal, mas se nosso leite produzido sem vaca é idêntico e tem o preço certo, eles poderão mudar”.
A dupla vegana Gandhi e Pandya foi inspirada a inventar o leite para reduzir a necessidade de galpões lotados de vacas leiteiras, onde eles consideram que os animais não são tratados como gostariam. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a produção de lácteos é responsável por 3% das emissões anuais de gases de efeito estufa.
Felizmente para eles, sintetizar leite de vaca é um processo relativamente simples. Precisa de menos de 20 componentes e consiste de cerca de 87% de água. De acordo com John Anderson, da Gizmag, o leite Muufri conterá seis proteínas para ajudar a formar sua estrutura e oito diferentes ácidos graxos para dar a ele um sabor rico.
O leite é feito usando o mesmo processo que companhias farmacêuticas usam para produzir insulina. O DNA é extraído de vacas leiteiras e certas sequencias são inseridas nas células da levedura. A cultura de levedura é, então, colocada para crescer em placas de petri de tamanho industrial na temperatura e concentrações certas e, dentro de poucos dias, a levedura terá produzido leite suficiente para coletar.
“Apesar de as proteínas do leite Muufri virem de leveduras, as gorduras vêm de vegetais e são alteradas a nível molecular para se parecer com a estrutura e o sabor das gorduras do leite”, disse Qui da National Geographic. “Os minerais, como cálcio e potássio, e os açúcares, são comprados separadamente e adicionados à mistura. Uma vez que a composição está finamente ajustada, os ingredientes se transformam naturalmente em leite”. Isso é claro significa que todos os valores nutricionais podem ser ajustados por Gandhi e Pandya, de forma que o leite artificial poderia potencialmente ser até melhor para o consumidor do que o leite comum.
Embora inicialmente o leite Muufri seja mais caro do que o leite comum, Gandhi e Pandya esperam que ele eventualmente fique mais barato à medida que sua produção aumente. Porém, o produto não contém bactéria como o leite regular, de forma que o prazo de validade é mais longo. A dupla espera ter seu leite no mercado no meio do ano que vem.
Os dados são do National Geographic e Gizmag, publicado em http://www.sciencealert.com.
