Na comparação com o terceiro trimestre de 2016, o PIB avançou 1,4% no terceiro trimestre deste ano. O resultado ficou dentro do intervalo das estimavas dos analistas, que previam uma expansão de 0,70% a 1,85%, mas abaixo da mediana positiva de 1,25% que era esperada pelo mercado. "O resultado do terceiro trimestre confirma uma recuperação lenta da economia. As projeções para o trimestre foram muito atrapalhadas pela alta das importações no período, que não eram esperadas nessa proporção", explicou o economista chefe da Nova Futura Corretora, Pedro Paulo Silveira.
De acordo com o IBGE, as importações contabilizadas no PIB tiveram alta de 6,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano. Já na comparação com o terceiro trimestre de 2016, as importações subiram 5,7%. "Uma parte do crescimento da economia no trimestre foi (anulado) de forma inequívoca pela alta das importações. Porque o resultado do consumo das famílias e do investimento veio positivo", acrescentou Silveira. Para o quarto trimestre, o economista acredita que as importações continuem em alta.
Revisões
Como esperado, o IBGE revisou a variação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre ante o primeiro deste ano. A taxa passou de 0,2% para 0,7%. O órgão ainda revisou o resultado do PIB do primeiro trimestre de 2017 ante o quarto trimestre de 2016, que passou de 1,0% para 1,3%.
A taxa do quarto trimestre do ano passado ante o terceiro trimestre saiu de -0,5% para -0,7%; o resultado do terceiro trimestre de 2016 ante o segundo trimestre de 2016 passou de -0,6% para -0,5%; e a taxa do segundo trimestre de 2016 ante o primeiro trimestre daquele ano saiu de -0,4% para -0,6%. O PIB do primeiro trimestre de 2016 ante o quarto trimestre de 2015 passou de -1,0% para -0,7%. O PIB do ano de 2016 foi revisto de uma queda de 3,6% para recuo de 3,5%.
O IBGE divulgou também as revisões na comparação com igual trimestre do ano anterior. O PIB do segundo trimestre de 2017 ante o mesmo trimestre do ano anterior foi revisto de 0,3% para 0,4%; o resultado do primeiro trimestre de 2017 saiu de -0,4% para 0,0%; a taxa do quarto trimestre de 2016 manteve-se em -2,5%; o PIB do terceiro trimestre do ano passado passou de -2,9% para -2,7%; o resultado do segundo trimestre de 2016 saiu de -3,6% para -3,4%; enquanto o PIB do primeiro trimestre de 2016 saiu de -5,4% para -5,2%.
Silveira, da Nova Futura, destacou que as revisões terão impacto no resultado do ano, mas ainda é difícil projetar qual será o efeito. "Ainda temos que avaliar o resultado do trimestre", disse ele.
Avaliação
O crescimento de 0,1% do PIB no terceiro trimestre corrobora a expectativa de que a reversão do ciclo de recessão seria de forma vagarosa, avalia o economista e professor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti. "O número reforça mais um trimestre de recuperação que está acontecendo, mas muito lenta", diz.
O economista ressalta que comparado a outros momentos, o padrão de retomada está muito mais demorado. Nesse cenário, algumas incertezas tendem a deixar a recuperação ainda mais demorada, caso de não avanço na reforma da Previdência. "Sem dúvida, é um grande risco para o crescimento que não só pode ficar ainda mais lento como pode ficar comprometido", afirma. "Não se pode subestimar o impacto do lado fiscal sobre o crescimento, se a reforma não for feita ou se for feita de forma muito diluída", completa Picchetti.
De acordo com o economista, o avanço da reforma não só pode afetar a perspectiva de retomada como também o cenário para Selic em queda e de dólar contido. "As estimativas de juro baixo e de câmbio podem mudar, e a expectativa de uma recuperação ser afastada", avalia.
Setor
O PIB da indústria subiu 0,8% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano. Na comparação com o terceiro trimestre de 2016, o PIB da indústria mostrou alta de 0,4%. Os técnicos do IBGE vão conceder entrevista dentro de instantes para comentar os resultados.
Já o PIB da atividade de serviços subiu 0,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano. No confronto com o terceiro trimestre de 2016, o PIB de serviços mostrou alta de 1,0%. Os técnicos do IBGE vão conceder entrevista dentro de instantes para comentar os resultados.
Já a atividade da agropecuária caiu 3,0% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano. Frente ao terceiro trimestre de 2016, o PIB da agropecuária mostrou alta de 9,1%.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) subiu 1,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano. Na comparação com o terceiro trimestre de 2016, a FBCF mostrou queda de 0,5%. Ainda segundo o instituto, a taxa de investimento (FBCF/PIB) ficou em 16,1% no terceiro trimestre de 2017.
O consumo das famílias subiu 1,2% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano. Na comparação com o terceiro trimestre de 2016, o consumo das famílias mostrou alta de 2,2%.
O consumo do governo, por sua vez, caiu 0,2% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano. Já na comparação com o terceiro trimestre de 2016, o consumo do governo mostrou queda de 0,6%.
A taxa de poupança da economia brasileira ficou em 15,2% no terceiro trimestre de 2017, informou o IBGE. Já a taxa de investimento ficou em 16,1% no período, segundo o IBGE.
Comércio exterior
As exportações contabilizadas no PIB cresceram 4,1% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano. Na comparação com o terceiro trimestre de 2016, as exportações mostraram alta de 7,6%.
As importações contabilizadas no PIB, por sua vez, avançaram 6,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano. Já na comparação com o terceiro trimestre de 2016, as importações subiram 5,7%.
A contabilidade das exportações e importações no PIB é diferente da realizada para a elaboração da balança comercial. No PIB, entram bens e serviços, e as variações porcentuais divulgadas dizem respeito ao volume. Já na balança comercial, entram somente bens, e o registro é feito em valores, com grande influência dos preços.
Série histórica
O PIB registrou a primeira alta depois de um ciclo de oito quedas trimestrais consecutivas em no primeiro trimestre deste ano, quando avançou 1,0% em relação ao quarto trimestre de 2016. O resultado foi comemorado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB) na época da divulgação dos números. Logo após o resultado, Meirelles afirmou que o País "saiu da maior recessão do século". No Twitter, o presidente disse que a alta foi resultado das medidas que estão sendo tomadas.
As informações são do jornal Estado de São Paulo.