Outra forma que as companhias podem lidar com as questões de mercado, disse Moreau, é focando em mais produtos lácteos com valor agregado, como o A2 Milk ou as bebidas de leite com sabor. “Focar em derivados lácteos com valor agregado, como soro do leite em pó, pode também ajudar os produtores de leite, à medida que o uso do soro do leite em pó em suplementos nutricionais aumentou nos últimos anos”. Ele disse que as companhias focadas nos lácteos podem ainda ter um desempenho relativamente forte comparado com outras companhias do setor de alimentos, graças ao potencial de crescimento em categorias importantes, como alimentos para bebês e iogurte.
Durante o período de 2010-2015, disse ele, as estatísticas do Euromonitor International mostraram que as taxas de crescimento dessas categorias foram maiores do que as taxas da categoria de alimentos totais a nível mundial. Alimentos para bebês, por exemplo, mostraram taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 7,9% de 2010 a 2015. Embora mais modesto, o CAGR dos lácteos no mesmo período foi de 2,7% comparado com o crescimento de alimentos embalados, de 1,8%. Na categoria de iogurtes e leites fermentados, o crescimento foi de 3,1%.
Entre as cooperativas, a “FrieslandCampina registrou um desempenho particularmente forte, graças às suas marcas de alimentos para bebês presentes na China e na Indonésia (Friso Gold e Frisian Flag, respectivamente) e também teve importantes perspectivas de crescimento através de sua joint venture com a Huishan Dairy, na China”. A venda recente da maior fazenda leiteira da Austrália, a Van Diemen’s Land Company, da Tasmânia, a interesses chineses, disseminou alguns medos na Austrália de que não somente as exportações sofrerão, mas também, que as ofertas domésticas sofrerão.
Moreau alertou que a tendência de um importante crescimento nos mercados da Ásia não pode continuar aumentando exponencialmente. “As fórmulas lácteas importadas na China deverão ver um declínio em longo prazo, à medida que as companhias melhorem os padrões de qualidade, com o governo encorajando a consolidação na indústria visando criar uma indústria doméstica mais competitiva, e com joint ventures entre as companhias locais e globais. Entretanto, os produtos importados premium continuam competitivos, à medida que os consumidores chineses ainda estão preparados para pagar um premium pelas marcas importadas, como o Nutrilon, da Danone”.
Moreau disse que os recentes resultados financeiros da Danone mostraram que o crescimento nas vendas permaneceu sólido em 2015, em 4%, direcionado pelo desempenho sólido na água engarrafada. “A companhia viu um forte aumento no lucro operacional, graças aos preços historicamente baixos do leite. As vendas de alimentos para bebês permaneceram direcionadas pela forte demanda por marcas internacionais premium, como Nutrilon na China, mas também sustentadas pelo crescimento na América Latina e na África. Entretanto, as vendas em lácteos declinaram durante o ano. A Danone foi particularmente ativa na África em 2015, notavelmente com a aquisição da fabricante de queijos, Halayeb. Assim como sua rival, Nestlé, a Danone está cautelosa em sua previsão de crescimento para 2016, notando contínuo enfraquecimento na demanda no Brasil e na Rússia e menor crescimento na China, enquanto antecipa que os maiores preços do leite prejudicarão os lucros. Dessa forma, priorizar a expansão em novos mercados emergentes e a redução de custos pode não ser suficiente para manter sua margem de lucro em 2016”.
As informações são do Dairy Reporter