Nova Zelândia: Embargo russo é "faca de dois gumes" para indústria de lácteos

O embargo de um ano instituído pela Rússia sobre importações de alimentos de países ocidentais poderia prejudicar o comércio de lácteos da Nova Zelândia, mesmo que as exportações do país tenham ficado de fora do embargo, disseram economistas. No começo desse mês [...]

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O embargo de um ano instituído pela Rússia sobre importações de alimentos de países ocidentais poderia prejudicar o comércio de lácteos da Nova Zelândia, mesmo que as exportações do país tenham ficado de fora do embargo, disseram economistas.

No começo desse mês, o presidente russo, Vladimir Putin, implementou um embargo retaliatório sobre países que anteriormente fizeram sanções à Rússia pelo apoio aos separatistas pró-russos combatendo as forças do governo ucraniano na fronteira da Ucrânia com a Rússia. O embargo afeta Canadá, Austrália, União Europeia (UE), Noruega e Estados Unidos e cobre frutas, vegetais, lácteos, peixes, carne e frango.

As importações de lácteos da Nova Zelândia, Brasil e Argentina ficaram de fora do embargo. Economistas disseram que embora o embargo possa oferecer alguma oportunidade, os preços poderiam cair se o produto antes destinado à Rússia passar a encher os mercados mundiais.

A diretora de pesquisas em lácteos para a Nova Zelândia e Ásia do Rabobank, Hayley Moynihan, disse que o embargo era uma “faca de dois gumes”, com as oportunidades sendo mais que compensadas pelos potenciais aspectos negativos de centenas de milhares de toneladas de produtos chegando ao mercado.

Ela disse que os produtores de lácteos da Europa provavelmente se voltariam a outras linhas de produtos, como leite desnatado e manteiga, como resultado do provável corte da demanda russa.

Outras exportações de alimentos da Nova Zelândia, como por exemplo, maçãs, também poderiam ser afetadas. A Rússia compra pouco mais da metade da produção de maçãs da Europa, o que significa que mais produtos provavelmente irão para mercados de exportação de maçã da Nova Zelândia do Oriente Médio e Inglaterra, disse o economista rural do ANZ, Con Williams.

Os economistas disseram que os exportadores de alimentos europeus poderiam mirar regiões atualmente servidas pela Nova Zelândia e Estados Unidos para enviar o excedente esperado por causa do embargo.

Um porta-voz da exportadora de lácteos, Fonterra, disse que ainda era muito cedo para dizer quais ramificações essa barreira teria, mas que a cooperativa estava “avaliando isso de perto”.

A Nova Zelândia não tem uma exposição grande direta à Rússia, com receitas totalizando apenas NZ$ 215 milhões (US$ 182,31 milhões) por ano. Os lácteos representam a maior parte, de NZ$ 112 milhões (US$ 94,97 milhões) ou 48% - a maioria, manteiga -, seguida por carnes, com 22%; frutos do mar, com 8%; horticultura, com 7%; e bens agrícolas processados, com 7%.

“Como a Nova Zelândia não foi proibida, parece que essas exportações estão seguras de forma que o impacto direto é desprezível”, disseram economistas do ANZ. “Entretanto, muitos dos setores primários da Nova Zelândia tiveram grandes exposições indiretas que poderiam se manifestar de várias formas”.

A Rússia é um importante importador global de muitos produtos que foram proibidos e os países que foram receberam o embargo são competidores da Nova Zelândia em outros mercados, bem como são mercados finais. “Um grande volume de alimentos deverá procurar novos mercados”, disse Williams.

No setor de lácteos, a Rússia é o segundo maior importador global de lácteos e representa 12-15% do comércio. A Rússia somente é responsável por pouco mais de 2% das exportações totais de lácteos da Nova Zelândia e o mix de produtos do país não está alinhado com as demandas russas, disse ele.

A reportagem é do http://www.nzherald.co.nz, traduzida pela Equipe MilkPoint Brasil.
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