A Cooperativa do Vale do Rio Doce em Governador Valadares percorreu as fazendas da região para alertar os produtores a não utilizar a água do rio. Os produtores de leite utilizam a água para alimentar o rebanho, irrigar a capineira (pasto de capim) e produzir milho. Segundo Gilmar Oliveira, gerente-geral da cooperativa, a preocupação é com o que pode existir na água. "Estamos ainda aguardando os órgãos competentes nos dizerem quando e se poderemos tratar a água. O que estamos vendo é um rio sem oxigênio, com muito peixe morrendo", disse Oliveira.
Localizada em Resplendor, quase na divisa com o Espírito Santo, a Capel Tradição em Laticínios começa a se preparar para enfrentar a crise. "Fomos informados que a segunda onda de lama chegará aqui amanhã [quarta-feira] e teremos que interromper a captação de água", diz o gestor da área de meio ambiente da empresa, Fabiano Rodrigues dos Santos. A Capel capta do rio Doce uma média de 8 litros por segundo, usados para limpeza de equipamentos e alimentação de caldeiras, além do consumo dos empregados.
Santos explica que a água de poços artesianos vai permitir a manutenção de determinadas atividades, mas as linhas de produção de leite UHT e de queijos, excluindo a muçarela, serão paralisadas. "Sem água não dá para trabalhar", lamenta ele, calculando uma perda de 30% na receita até que a situação se restabeleça.
Produtores de Mariana (MG) já perderam 30 mil litros de leite
Fazendas na cidade de Mariana (MG) atingidas por lama após o rompimento das barragens da mineradora Samarco, na última quinta-feira, dia 5, perderam até agora 30 mil litros de leite. O motivo foi a suspensão das coletas e o corte de energia elétrica na região, o que obrigou os pecuaristas a descartar a bebida.
Na propriedade de Ana Maria Cerceau, a área de milho cultivada para fazer silagem para o gado foi coberta de lama. Alguns animais permanecem presos no barro. A fazenda ficou isolada, e só é possível ter acesso a pé ao local. O fornecimento de energia elétrica foi interrompido e, assim, não é possível manter o leite na temperatura correta, levando-o a ser descartado. O rio não oferece mais água para a criação, que também ficou sem pasto. A família Cerceau, que sempre viveu do leite, será obrigada a vender os animais.
As informações são do jornal Folha de São Paulo e do Canal Rural.
