Desde então, Barros manteve a cooperação com o órgão situado em Brasília sem deixar de lado a pesquisa e a sala de aula na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde se graduou em 1969 e se aposentou no ano passado. Nascido no município de Júlio de Castilhos, região central do Estado, Barros teve certeza da profissão muito cedo. "Tive contato com a terra desde pequeno. O meu pai tinha uma propriedade rural e eu sempre gostei dessa vida no campo", lembra.
Após um doutorado nos Estados Unidos (na Colorado State University) focado em análise da causa e sintomas de males do sistema nervoso, o interesse pela BSE também foi natural. "Em 1991, os casos de vaca louca começavam a aparecer e, como eu já tinha experiência nesse tipo de patologia, o ministério me procurou a fim de firmar um acordo de cooperação", conta.
Em 2013, após anos estudando a doença e seguindo o rastro do primeiro caso de vaca louca no País, Claudio viajou a Paris, até a sede da OIE para submeter ao organismo internacional o estudo que evidenciou a existência de contágio atípico da doença no Brasil. "Foi descoberto que a transformação da proteína do primeiro caso brasileiro ocorreu dentro do animal", explica. A descoberta do "animal número um" contribuiu para que fosse comprovado o avanço em pesquisa e o Brasil conquistasse o status de risco controlado do mal.
Encarar a epidemia foi fundamental para que as estratégias de prevenção evoluíssem. A BSE, adverte Barros, pode ser produzida por uma proteína infectante muito resistente, inclusive ao calor, e se tornou problema de saúde pública devido a uma prática comum até então de utilização de restos de animais para produção de farinha de carne e de osso.
"Se os animais fossem criados mais a pasto, como é o normal para bovino, a epidemia não teria ocorrido. A doença poderia ocorrer esporadicamente, mas não na proporção que verificamos", alerta. Contudo, foi devido ao seu alastramento que muitos países, dentre eles o Brasil, proibiram o uso de ração de origem animal na dieta alimentar do gado e investiram em programas de controle e fiscalização e em pesquisas acadêmicas voltadas ao setor a partir dos anos 1990.
Atualmente, o foco dos estudos no Brasil não está em progredir sobre o entendimento da doença em si, "mas a respeito dos seus mecanismos de contágio, a fim de desenvolver um programa de vigilância que impeça a doença de entrar em território nacional". Além disso, caso haja contágio, o Brasil está preparado para realizar o diagnóstico e controle.
As informações são do Jornal do Comércio/RS.